sábado, dezembro 31, 2011
BOM ANO DE 2012
quinta-feira, dezembro 29, 2011
RETRATO
O Engraxanço e o Culambismo Português
Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.
Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores, os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso.
Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas. Ninguém gostava de um engraxador.
Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu. Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing.Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.
(...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional. O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'
quarta-feira, dezembro 28, 2011
SOBERANOS MAS ESCRAVOS
Os homens que estão em altos lugares são escravos de três modos: escravos do soberano ou do Estado; escravos da reputação; e escravos dos negócios. Não gozam de liberdade, nem nas suas pessoas, nem nas suas acções, nem no seu tempo. Estranho desejo é o de ganhar o poder e perder a liberdade, ou de buscar o poder sobre os outros para perder o poder sobre si-próprio. A ascensão às altas funções é laboriosa; através de canseiras chega o homem a maiores canseiras; a ascensão é por vezes humilhante, e por meio de indignidades é que o homem chega às dignidades. Manter-se à altura é difícil, e a descida é uma queda vertical; ou pelo menos um eclipse, coisa melancólica.
Francis Bacon
terça-feira, dezembro 27, 2011
UNS TÊM ZONA DE CONFORTO
Há pouco tempo ouvimos um secretário de Estado dizer que há muitos desempregados que não querem sair da sua zona de conforto, e ir trabalhar, apesar de estarmos numa situação de alto desemprego. Claro que se tratava de uma desculpa para mais uns cortes na protecção social, e não uma verdadeira preocupação com a situação real dos desempregados.
As zonas de conforto na realidade existem, para os bancos que em caso de dificuldade têm dinheiro à sua disposição, para as transportadoras privadas que são prontamente compensadas por não entrarem em vigor os aumentos em Janeiro, ou para os concessionários das estradas que têm garantidos os proventos calculados na altura dos contratos.
Percebe-se que afinal há quem tenha as suas zonas de conforto, que estão sempre garantidas mesmo que os cidadãos que trabalham não tenham garantias de aumentos que cubram a inflação, ou garantias de virem a ser compensados pelo confisco dos subsídios a que tinham direito, tirados a pretexto da emergência nacional.
A zona de conforto quando nasceu não foi para todos, mesmo considerando que somos todos iguais, ainda que com a ressalva de que há uns mais iguais do que outros.
É por causa desta e doutras que não tenho confiança em Passos Coelho e companhia!
segunda-feira, dezembro 26, 2011
MORALIDADE E EQUIDADE
Moralidade e equidade são dois conceitos que não são apanágio da política, ou melhor, da maioria dos nossos políticos.
Com a mania de obrigar os outros trabalharem mais dias, cortando nos feriados, nas férias, e nas pontes, e acrescentando ainda meia hora de trabalho sem remuneração, os nossos governantes entraram numa espiral inebriante de conquista de produtividade, que veio a culminar na ausência de tolerâncias de ponto de Natal e de Ano Novo.
Ufanos com as suas decisões perfeitamente inúteis, até se esqueceram do facto de existir muito boa gente, mesmo na Administração Pública, central e regional, que trabalha aos sábados e domingos.
Os génios que imaginaram um fabuloso aumento de produtividade com o corte das tolerâncias de Natal e de Ano Novo, são os mesmos que abandonaram S. Bento ainda na quinta-feira e só pensam voltar no próximo dia 3 de Janeiro de 2013.
No conforto das suas casas ou em paragens agradáveis para passar uns dias de descanso, ou em companhia das suas famílias, deputados, ministros, gestores e altas chefias, deixaram a máquina do Estado entregue aos subalternos até ao próximo ano, cientes de que a sua falta em nada comprometerá o andamento dos serviços. Este ritual é verdadeiro nesta quadra e também no mês de Agosto, e o país sobrevive perfeitamente, podem crer.
FOTOGRAFIA
sexta-feira, dezembro 23, 2011
FELIZ NATAL
quinta-feira, dezembro 22, 2011
ESTRATÉGIAS ERRADAS, MAUS RESULTADOS
De há bastante tempo a esta parte, a estratégia seguida por uma elite liberal tem sido a de precarizar o trabalho, diminuir os direitos laborais, diminuir os salários, aumentar os horários de trabalho e enfraquecer a segurança social.
A combinação de todos estes ingredientes é sempre justificada por imperativos económicos, de competitividade e de aumento de produção com a diminuição dos custos do trabalho.
Esta estratégia resulta da abertura dos mercados e da deslocalizações dos últimos 10 ou 15 anos, que propiciaram o crescimento de outras economias até então incipientes, e onde os direitos laborais e segurança social não existem ainda.
Será que o liberalismo destes senhores governantes leva as economias ocidentais a algum lado, continuando a querer esmagar os direitos dos trabalhadores e destruindo a segurança social que caracterizava a Europa?
Não creio que esta estratégia leve a bom porto, porque a partir dum determinado patamar de esforço exigido, em que os trabalhadores deixam de ter esperança num futuro melhor, acontece a desmoralização e a produtividade não recupera de modo nenhum.
quarta-feira, dezembro 21, 2011
FALTA DE LEGITIMIDADE
Passos Coelho apresentou-se perante os portugueses com um discurso que não corresponde em nada com o que o seu governo está a fazer. Teriam os portugueses votado nele se tivesse dito que mal chegasse ao governo iria aumentar os impostos, ou que se apressaria a cortar subsídios de férias e de Natal?
O argumento mais recente para tentar encontrar justificações para todas as promessas por cumprir é o acordo com a troika. O maldito acordo começou por ter umas quantas exigências e já vai pelo menos na sua terceira versão, numa sucessão de transformações absolutamente disparatadas.
A teoria de que os credores é que ditam as leis, não resiste perante a lógica mais simples: será que um contrato de empréstimo é alterado unilateralmente a cada dois ou três meses? Terá um contrato com uma entidade emprestadora um valor superior à Constituição?
Ninguém consegue explicar-me como é que um governo que se diz eleito democraticamente, respeita mais as indicações de um conjunto de agiotas do que a vontade do povo que o elegeu. Os portugueses não podem continuar a ser governados por quem não cumpre as suas promessas.
terça-feira, dezembro 20, 2011
O GOVERNO, SA
Deixo-vos aqui uma explicação bem plausível, e também uma visão bem cinzenta do futuro que estes senhores estão a "construir". Vale a pena ouvir tudo até ao fim.
segunda-feira, dezembro 19, 2011
O GUARDADOR DE REBANHOS
Os Meus Pensamentos são Todos Sensações
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema IX"
domingo, dezembro 18, 2011
INEVITÁVEL SÓ A MORTE
É revoltante ouvir pela voz do primeiro-ministro que é inevitável ver baixar as reformas em cerca de metade nos próximos 20 anos, acrescentando mesmo que se os portugueses quiserem aumentar esses montantes, então devem recorrer a fundos privados ou até estatais.
Passos Coelho tem tentado fazer passar a ideia de que o Estado social é insustentável e que os portugueses vão ter de se habituar a pagar mais pela saúde, pela educação, pela justiça, pela cultura, e receber cada vez menos pelo seu contributo por via dos impostos, que por seu lado também aumentam.
É uma absoluta mentira que tenha que ser assim, até porque há países dos mais ricos e felizes do mundo, como a Noruega, a Dinamarca, a Suécia e a Finlândia, para citar apenas 4, que Passos Coelho decididamente não quer imitar.
Porque não é inevitável que Portugal enverede pelo caminho que o 1º ministro indica, só posso interpretar o seu desejo ou como incapacidade para governar melhor o país, como o fazem os políticos dos países mencionados, ou porque tem uma agenda em que os cidadãos não são uma prioridade.
É impossível não pensar deste modo, porque de um eleito espera-se que deseje o melhor para o seu povo, e não o que Passos Coelho nos quer impor, alegando uma inevitabilidade que não é real.
sábado, dezembro 17, 2011
HIPOCRISIA
Uma das exigências que os nossos credores, em especial a Alemanha, fizeram ao governo português terá sido o da nacionalização da EDP, entre outras.
É sabido que a EDP tem em mãos um monopólio natural, que é o da produção e fornecimento de electricidade em Portugal, que sendo um país de pequena dimensão, não justifica a existência de concorrência real de outros possíveis operadores.
O que se torna complicado explicar é que os dois concorrentes mais bem colocados no negócio da privatização são precisamente duas companhias estatais, uma chinesa e outra alemã.
Passos Coelho já veio a público dizer que não terá preferências, ainda que pareça ter uma ligeira queda para preferir a E. ON (alemã). O que ainda não se ouviu da boca do 1º ministro foi uma explicação para a vantagem da privatização da EDP, passando para a dependência de uma companhia estatal estrangeira.
sexta-feira, dezembro 16, 2011
ALBERTO CAEIRO
Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos
quarta-feira, dezembro 14, 2011
A HORA DA DECISÃO
Houve quem recebesse a notícia de que a “Irlanda admite referendo à permanência na zona euro” com algum espanto e até indignação.
Não há nesta notícia nada que me espante, pelo contrário há coisas na actuação e no discurso do nosso governo que me espantam e até causam indignação, e prendem-se com um optimismo injustificado e despropositado.
A nossa economia afunda-se a cada dia que passa, o desemprego aumenta para níveis incomportáveis, a miséria começa a ser visível até para os que andam distraídos, e a criminalidade começa a tornar-se insustentável.
A falta de protecção social é uma verdadeira ameaça, e o desvio de verbas para a capitalização da banca privada, que é uma opção do governo, não vem aliviar a falta de financiamento da economia, antes satisfaz os accionista da banca, que souberam recolher dividendos até há pouco tempo, mas não estão dispostos a investir.
A saída do euro devia ser uma hipótese que devia estar sobre a mesa do governo, enquanto ainda a podemos negociar, porque por este andar vamos ficar ainda em pior situação, e nessa altura seremos atirados fora, como está prestes a acontecer à Grécia.
É útil recordar que os portugueses nunca foram chamados a pronunciar-se sobre a moeda única ou sobre esta “integração” europeia, pelo que a legitimidade dos governos nestas matérias é mais do que questionável. Dar a oportunidade aos cidadãos de se pronunciarem sobre esta Europa que agora temos, é um dever, porque não foi isto que os políticos nos “venderam”.
DO DISCURSO À REALIDADE
Tive a oportunidade de ouvir a entrevista de Francisco José Viegas à Antena 1 fiquei com a impressão reforçada de que o secretário de Estado da Cultura não domina bem o que se passa na área do Património.
O que ele diz quanto à autonomia dos museus, que diz ser uma situação ideal para aqueles que geram receitas substanciais que lhes permitem ser auto-sustentáveis, ou perto disso, não se traduz de modo nenhum no que anunciou para os próximos anos.
Foi curioso que ele tenha falado de dois serviços que bem podiam ser autónomos como sejam o Palácio Nacional de Sintra e o Museu Nacional dos Coches, e se tenha percebido pelas suas próprias palavras, que não vão ser autónomos, sendo pelo contrário inseridos em outras estruturas.
Também registei que sobre o Palácio da Vila de Sintra, Francisco José Viegas disse que as obras (?) de jardim são feitas pela Câmara de Sintra, e que as chaminés foram pintadas pela mesma Câmara, o que não é nada rigoroso, porque o Jardim da Preta não está devidamente cuidado e as chaminés também não foram pintadas.
Não sei se é o senhor secretário de Estado da Cultura é quem decide sobre os serviços que tutela, mas não estou em crer que tenha sido por sua vontade que os Palácios de Queluz e de Sintra vão passar para a tutela da empresa Parques de Sintra – Monte da Lua, a acreditar no que disse nesta entrevista à jornalista Rosário Lira.
Texto e fotografia by Palaciano
terça-feira, dezembro 13, 2011
INDIGNAÇÃO
Só pode ser com uma profunda indignação que seja recebida a mensagem do primeiro-ministro de que o governo está “muito longe de esgotar o plafond de crescimento das taxas moderadoras”.
Um 1º ministro que admite como justo pagar tanto pelos cuidados de saúde como eu, não merece qualquer respeito, pois é hipócrita, injusto e demagogo. Não existe qualquer proporcionalidade entre os rendimentos e as taxas a cobrar, o que é uma perfeita indignidade.
Não é minimamente aceitável que os aumentos das taxas, que nada têm já de moderadoras, sejam superiores a 1oo% e que os salários reais baixem durante pelo menos 3 anos.
Este governo já perdeu a perspectiva da realidade. Os dados estão aí para quem quiser ver, quer no que toca ao desemprego galopante, à miséria que já não encontra resposta adequada nas instituições que estão no terreno, e passando mesmo pelas inúmeras dificuldades que enfrentam muitos dos que ainda têm trabalho, que depois de perderem as suas casas e os seus carros, já começaram a diminuir no volume de bens alimentares consumidos.
Não há maior cego do que aquele que não quer ver, senhor Passos Coelho. Da indignação à revolta vai um pequeno passo.
NOTA
Como estamos na quadra do Natal, e porque a crise custa a quase todos, o Zé decidiu deixar na coluna da direita um filme completo que todos podem ver nos seus computadores. A escolha foi para o Pinóquio em desenhos animados, quem sabe se a pensar nos nossos políticos.
Pinóquio (no original em inglês: Pinocchio) é um filme norte-americano do gênero fantasia, sendo o segundo longa-metragem de animação produzido pelos estúdios Disney no ano de 1940. O filme é baseado em As aventuras de Pinóquio de Carlo Collodi.
segunda-feira, dezembro 12, 2011
RAPIDINHAS DE NATAL
- Olha filho, desta vez ele vai ter que pagar portagens para cá chegar.
- Pois é filho, o Gaspar anda a portar-se mal, por isso está de castigo...
sábado, dezembro 10, 2011
QUE ACORDO?
Fiquei algo perplexo com o agrado com que alguns políticos e comentadores receberam o “acordo” conseguido nesta Cimeira Europeia.
Os dados são ainda limitados mas gostaria que alguém me explicasse em que é que Portugal vai beneficiar com este reforço da disciplina orçamental e com a chamada governação económica.
Pelo que entendi haverão penalizações para quem não cumpra um determinado défice, que pelos vistos querem ver plasmados na Constituição de cada país, e os orçamentos nacionais terão de passar pelo crivo europeu antes de serem aprovados nos parlamentos nacionais.
Estas matérias são intrusivas, na linguagem da Cimeira, ainda que a mim me pareçam abusivas para não ser indelicado. Não vejo como é que um Estado soberano se pode sujeitar a estas exigências e à menorização dos parlamentos nacionais.
Se a forma me parece inaceitável, o conteúdo também não me parece nada favorável a Portugal, pois não vejo em lado nenhum qualquer abertura para ajudar ao crescimento de que necessitamos como de pão para a boca. Vejo apenas defendidos os interesses imediatos das grandes economias, e nada mais.
Não sei o que é que passos Coelho traz desta Cimeira, mas para mim fica a sensação de que será uma mão cheia de nada, e a vontade de mudar a Constituição a troco de outra mão também sem nada.
quinta-feira, dezembro 08, 2011
DIFERENÇAS NO DISCURSO
A caminho de mais uma cimeira europeia, penso que a oitava deste ano, Passos Coelho disse que Portugal tem de “ter flexibilidade e mostrar abertura para ver todas as propostas” que forem apresentadas, apesar de já se saber que o que está sobre a mesa é a proposta da senhora Merkel e do senhor Sarkozy.
O 1º ministro inglês, Cameron, por sua vez, veio dizer que não irá dar o seu apoio a nenhuma proposta que não favoreça os interesses do Reino Unido, e que se baterá por salvaguardas que protejam os seus interesses.
As diferenças são bem claras, enquanto David Cameron coloca os interesses do Reino Unido em 1º lugar, Passos Coelho está mais preocupado em ficar bem com a dupla Merkel/Sarkozy, mostrando toda a flexibilidade para lhes agradar, sem nunca mencionar os interesses nacionais, que deviam ser a sua grande prioridade.
Não me consta que seja necessária tanta submissão para defender os interesses nacionais, nem penso que a atitude certa seja a de deixar nas mãos de outrem os nossos destinos enquanto nação, mas isso sou eu a dizer…
quarta-feira, dezembro 07, 2011
TRATAM-NOS DA SAÚDE
Quando a condução da saúde é entregue a um “contabilista”, os resultados para a saúde dos utentes são péssimos, pois o que está sobre a mesa são apenas os critérios económicos e não os critérios de saúde pública e os critérios sociais.
Paulo Macedo disse que a alteração nas taxas moderadoras aumentam o acesso à saúde, o que exemplifica bem a falta de sensibilidade social do ministro. Os aumentos superiores a 100% das taxas moderadoras são “colossais”, para usar a linguagem do próprio governo, e não respeitam qualquer tipo de proporcionalidade com os rendimentos auferidos pelos utentes.
Basear as isenções às taxas moderadoras num patamar salarial não chega, porque na prática leva a que quer se ganhe 700 euros ou 5.000 euros, o valor é exactamente igual. A juntar a esta absoluta injustiça, temos os critérios fiscais, que como todos sabemos não são fiáveis, pois há muita gente que simplesmente não declara boa parte dos rendimentos, conseguindo isenções, sem que a máquina fiscal o consiga evitar.
O Serviço Nacional de Saúde começa a ficar reduzido a um serviço assistencial, e a redução do leque de exames e a falta de comparticipação de certos exames e de medicamentos é o passo seguinte, e já a partir de Janeiro.
terça-feira, dezembro 06, 2011
A TEORIA DO BOM ALUNO
Este país começa a ficar “inundado” de “jovens turcos”, que saíram das faculdades transformados em “especialistas” em todo o tipo de matérias, sem nunca terem “metido a mão na massa”.
Nos corredores do poder encontram-se muitos “meninos” desses, que emitem opiniões sobre saúde, sobre finanças, sobre educação e sobre agricultura, como se por lá tivessem andado uma vida inteira e conhecessem bem as matérias.
Quem não se lembra de João Duque a perorar sobre televisão? Pois agora falou sobre política e economia, dizendo concordar “com o destino que o governo vai dar aos dois mil milhões de euros de excedente deste ano”.
Também temos o deputado João Almeida a garantir que “não havia margem para abdicar de corte no subsídio de Natal”, porque a troika só dava luz verde à transferência do fundo pensões da banca se fosse tomada esta medida.
O que dizer de António Galamba quando diz que suscitar constitucionalidade do OE seria factor negativo de perturbação”? Como é que um político nacional pode considerar que invocar a Lei fundamental deste país pode ser um factor negativo de perturbação, ou uma falta de responsabilidade?
Em Portugal tem prevalecido a teoria do bom aluno, que é como quem diz, do seguidor do chefe que nunca se interroga sobre a bondade do que lhe é colocado à frente. Há gente que se limita a ser uma câmara de eco do poder, sem que se lhe seja conhecida qualquer ideia própria.
Abomino seres rastejantes, e não me refiro apenas aos répteis. Há características importantes dos seres humanos, como a capacidade de pensar pela própria cabeça e saber defender as suas opiniões batendo-se por elas com convicção. A escola dá-nos muitas ferramentas, mas é a experiência que nos prepara para as usar para atingir os resultados que pretendemos.
domingo, dezembro 04, 2011
NO REINO DA HIPOCRISIA
É com a nossa habitual bonomia que ouvimos alguém da política tentar desvalorizar o caso do Audi que substituiu a Vespa do senhor ministro. Afinal o popó até foi encomendado por um secretário de Estado do governo anterior e o contrato até nem podia ser anulado.
Seja quem for que encomendou a bomba, fez asneira, tal como quem o usa também fica muito mal na fotografia.
Vendo bem, tanto este governo como o anterior, usaram e abusaram das medidas especiais, dos cortes e dos aumentos de impostos, o que em nada condiz com trapalhadas de carripanas para os membros do executivo.
Temos foguetórios porque se dispensou o uso de gravatas, poupando-se assim energia, ou porque o ministério nem sequer paga o telemóvel da senhora ministra, mas muito alegremente senta-se o traseiro num carro de luxo pago pelos contribuintes.
São políticos deste calibre que decidem que cortando uns feriados a produtividade aumenta, e que carregando um pouco mais nos impostos se protege a economia nacional. São os mesmos que diziam que o aumento de impostos era um disparate e que o mérito devia ser premiado.
Não há dinheiro, dizia o ministro das Finanças, mas continua a haver demasiado luxo à disposição dos nossos governantes, que ainda não perceberam que estão completamente desacreditados, e que grande parte do povo já lhes retirou a sua confiança.
sexta-feira, dezembro 02, 2011
OS TEMPLÁRIOS (O FINAL)
O crescimento da Ordem e a sua riqueza e poder, fez com que fossem admitidas pessoas que não atendiam aos critérios que eram seguidos no início, sem o fervor cristão, a vida austera e a vontade de proteger os cristãos peregrinos.
O poder dos Templários não agradava a alguns monarcas e Filipe IV de França acabou por ser o rei que deu o golpe decisivo no seu descrédito, acusando-os de heresia. Filipe IV pegou exactamente nas cerimónias de iniciação, conseguindo que sob tortura vários cavaleiros confessassem crimes graves, como renegar Cristo, cuspir sobre a cruz, ou praticar a homossexualidade ou o culto do Diabo.
A igreja católica e o rei de França acabaram por beneficiar materialmente com a extinção da Ordem dos Templários, e é curioso que o Papa Clemente V tenha absolvido os Templários das acusações de heresia, devido à forma como foram conseguidas as confissões, (Pergaminho de Chinon), levando a que se tenha concluído que a queda da Ordem se deveu à perda da sua missão e algum oportunismo político.
Um detalhe interessante relacionado com a execução do grão-mestre, De Moley, foi a maldição que este teria lançado sobre o Papa e Filipe IV, anunciando que se reuniriam diante do Criador antes do final do ano. Na realidade Clemente V morreu apenas um mês depois e o monarca francês morreu, ainda bastante novo, em Novembro desse ano devido a um acidente de caça.
Os outros dois artigos sobre o mesmo tema AQUI e AQUI
quinta-feira, dezembro 01, 2011
O ÚLTIMO FERIADO NO 1º DE DEZEMBRO
Já foi dito por muita gente que Portugal não tem muitos feriados nacionais, e os que tem são referentes a datas com muita simbologia e significado histórico. Que me recorde apenas o 1º de Janeiro não reunirá estas características.
Este governo vem demagogicamente cortar dois feriados nacionais com o pretexto de se aumentar a produtividade, o que é ridículo porque ninguém acredita que seja por isso que nós iremos ter algum aumento de produtividade que nos venha a tirar da crise, onde sucessivos governos nos enfiaram.
O que importa registar é que temos agora uma geração de políticos para quem a História não tem qualquer significado, ou pior, que não quer que a simbologia de certos dias possa perdurar no espírito dos cidadãos.
O 1º de Dezembro, como “quase” todos sabem, é o dia em que se comemora a Restauração da Independência Nacional, relembrando os acontecimentos do 1º de Dezembro de 1640, em que os portugueses reconquistaram a sua independência depois de quase 40 anos de dominação espanhola.
Eu que até nem sou monárquico, fico com a vaga impressão que o governo PSD/CDS parece temer que os cidadãos deste país sejam contagiados pelo desejo de independência e castiguem algum Miguel de Vasconcelos, numa altura em há quem pretenda “vender” este país a retalho, não se importando de hipotecar a nação a interesses estrangeiros.
Será que o corte dos feriados do 5 de Outubro e do 1º de Dezembro tem alguma outra explicação? Estou aberto a sugestões.