Passos Coelho apresentou-se perante os portugueses com um discurso que não corresponde em nada com o que o seu governo está a fazer. Teriam os portugueses votado nele se tivesse dito que mal chegasse ao governo iria aumentar os impostos, ou que se apressaria a cortar subsídios de férias e de Natal?
O argumento mais recente para tentar encontrar justificações para todas as promessas por cumprir é o acordo com a troika. O maldito acordo começou por ter umas quantas exigências e já vai pelo menos na sua terceira versão, numa sucessão de transformações absolutamente disparatadas.
A teoria de que os credores é que ditam as leis, não resiste perante a lógica mais simples: será que um contrato de empréstimo é alterado unilateralmente a cada dois ou três meses? Terá um contrato com uma entidade emprestadora um valor superior à Constituição?
Ninguém consegue explicar-me como é que um governo que se diz eleito democraticamente, respeita mais as indicações de um conjunto de agiotas do que a vontade do povo que o elegeu. Os portugueses não podem continuar a ser governados por quem não cumpre as suas promessas.