Depois de muito se ouvir falar no
plano para o Eixo Belém/Ajuda, que para João Soares era um “perfeito
disparate”, e que resultou em demissões, indemnizações e novas nomeações,
ficámos todos sem saber quais os capítulos seguintes desta novela, porque
nenhum dos protagonistas, ministério da Cultura, Centro Cultural de Belém,
Direcção Geral do Património Cultural ou Câmara Municipal de Lisboa, parece com
vontade, ou coragem, para dizer qual o futuro para esta zona nobre da cidade.
Esta quinta-feira estive na zona
e pude constatar os contrastes que preocupam muita gente, e que são um
constrangimento para o crescimento do turismo na zona, o aumento da actividade
económica e a melhor fruição dos monumentos, jardins, museus e paisagens da
zona.
O Mosteiro dos Jerónimos estava à
cunha e as filas para os bilhetes eram enormes, e na Torre de Belém o panorama
não era muito diferente. A zona compreendida entre os pastéis de Belém, o
Centro Cultural de Belém e o rio Tejo estavam cheios de gente, bem como os
restaurantes e cafés da zona,
O contraste começava a partir do
Palácio de Belém e da Praça Afonso de Albuquerque, onde se viam muitos carros,
mas muitíssimo menos pessoas. O Picadeiro Real (antigo Museu dos Coches) estava
às moscas, o novo Museu dos Coches estava como é habitual, com poucas pessoas,
e apenas os restaurantes estavam bem compostos à hora do almoço, que foi quando
lá passei. Depois passei pelo Palácio da Ajuda e era um local desértico, onde
existem obras numa das fachadas.
Grandes concentrações de turistas
em dois locais, ausência dos mesmos em locais com características ideais para
receber muito mais gente, a menos de 1 quilómetro de distância, isso sim é um
disparate! Porque é que isso acontece, perguntam-me vocês? É simples, é tudo
uma questão de promoção de todos os pontos de interesse cultural e turístico,
dentro e fora de fronteiras, acção intensa junto dos editores de livros e guias
turísticos, promoção mais agressiva junto de agentes de viagens cá dentro e lá
fora, melhor sinalização nas imediações da zona, e diversificação da oferta
expositiva e dos serviços à disposição dos visitantes, com lojas e cafetarias
de qualidade.
Qual o plano ideal para a zona?
Que o diga o senhor ministro, já que foi tão lesto em deitar abaixo o único que
estava sobre a mesa, ou então continuaremos a ter este panorama pouco ideal
para uma cidade que pretende ter mais procura e maior oferta, para maximizar o
fenómeno do turismo, numa altura em temos tudo para ser bem sucedidos, menos
ideias consequentes.
A escolha de fotos do Mosteiro dos Jerónimos, como estava em finais do século XIX não tem nada que ver com o texto, mas não deixa de ser interessante.