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domingo, novembro 19, 2017

CULTURA - PALAVRAS DA SEMANA



“Eles (os museus) existem para guardar, preservar obras de arte, para desenvolver um conhecimento e uma investigação sobre elas. E depois para partilhar esse conhecimento com uma sociedade. Mas hoje invertem-se as coisas e pensa-se que os museus existem para haver público. Há uma lógica de consumo e do mercado que leva a que os museus passem a ser instrumentos de um turismo cultural e de uma industrialização da cultura que está em curso no nosso mundo, facilitada pelas viagens, cada vez mais possíveis. Isto leva a que o público dos museus seja o turista, que muitas vezes está mais interessado em fazer uma selfie e em dizer que esteve no museu do que em ver aquilo que ele exibe ou em confrontar-se com aquilo que ele apresenta.”

João Fernandes, antigo director do Museu de Arte Moderna de Serralves e actual subdirector do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia de Madrid (Expresso 18/11/2017).



quinta-feira, maio 04, 2017

quinta-feira, março 10, 2016

O PODER E A BARAFUNDA CULTURAL



O caso da demissão do antigo presidente do CCB continua na ordem do dia, porque o autarca de Lisboa resolveu vir clarificar a sua posição, numa intervenção televisiva.


Resumindo o que já se conhecia e o que agora foi dito por Fernando Medina, temos que o plano até nem merece grande discordância nas medidas em si mesmas, e o que de facto estava em causa era o poder dado ao então presidente do CCB, que para alguns "não fazia sentido".




Uma coisa importante o autarca de Lisboa não explicou no seu comentário, e prende-se precisamente com o Plano Estratégico de Turismo da Região de Lisboa, que terá mais de 10 anos, e que previa algo similar, que afinal nunca foi para a frente, penso eu que por falta de cooperação estratégica dos parceiros, que nunca concretizaram nada em 10 anos, e que Medina e Summavielle não se atrevem a comandar, pelo que se percebe.


Quem conhece o funcionamento do Estado sabe bem que a cooperação entre diversos ministérios, autarquias e outras entidades é uma miragem, mas quem criou esta situação que poderia ter um desfecho similar ao de Sintra, tem agora a obrigação de mostrar que pode fazer melhor e de outra maneira, por isso cheguem-se à frente e deixem-se de retórica.



quinta-feira, outubro 22, 2015

A CENSURA E BOCAGE



Está na ordem do dia falar-se de censura e de liberdade de expressão, o que nunca é demais, mas este é um problema antigo, que afecta os espíritos livres de qualquer povo.

Um poeta muito conhecido, mas não muito divulgado, talvez por se ter atrevido a ousadia de se comparar a Camões, foi também ele censurado.

“Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co'o sacrílego gigante.

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo.
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és, mas... oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.”

Censurado e desprezado por uma sociedade que frequentemente criticava, escreveu poesia satírica, em que se nota o seu desprezo por uma sociedade em que se não revia.

"Casou-se um bonzo da China
Com uma mulher feiticeira
Nasceram três filhos gêmeos
Um burro, um frade e uma freira."


Com a devida vénia

sábado, junho 28, 2014

OS NOSSOS MUSEUS E A SOCIEDADE CIVIL

Testemunhei há poucos dias uma polémica em torno do abate duma árvore centenária situada à frente dum palácio, em que uns atacavam pura e simplesmente o abate, e outros tentavam explicar que o seu estado já era uma ameaça à segurança de quem passava por perto da mesma.

Os portugueses podem ser persistentes na defesa do que julgam ser parte do seu património e da sua identidade, mas poucas vezes são chamados a colaborar, ou se voluntariam para ajudar a preservar o que temos.

É de louvar a iniciativa de que levou a que todos pudessem ver 22 propostas de alunos de arquitectura do Instituto Superior Técnico para a ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga, situado nas Janelas Verdes, em Lisboa.

Todas as instituições onde se guarda e preserva parte do nosso património têm que ultrapassar inúmeros problemas, que passam pelas dificuldades no investimento, problemas de optimização de espaços expositivos, acessibilidades, circulação de visitantes, conservação de estruturas, e muitos outros de natureza técnica. Os meios nem sempre acompanham as necessidades e há que ter prioridades, o que é sempre controverso.


O envolvimento da sociedade civil na salvaguarda do património é necessária e até indispensável, o que se deseja é que seja construtiva, porque é muito fácil criticar, o que é difícil é fazer algo ou arregaçar as mangas e colaborar ajudando a melhorar o que achamos que é de todos nós.  


terça-feira, setembro 15, 2009

O ZÉ ESMIÚÇA A POLÍTICA

A minha estima pelos políticos portugueses da actualidade é reconhecidamente baixa e isso não é novidade para quem me conhece.

Tenho razões muito minhas para desconfiar dos discursos políticos, e naturalmente dos seus protagonistas. Hoje foi anunciada, mais uma vez, uma medida no mínimo discutível que se pretende implementar nas escolas portuguesas, que é a de se pretenderem dar aulas com as portas e janelas abertas. Olhei de soslaio para a janela e verifiquei que soprava um ventinho que arrastava umas nuvens bastante cinzentas. Estamos à beira do mês de Outubro, se é que alguém deu por isso!

Outra curiosidade foi a menção de “independência económica” e da alusão ao passado referindo o isolamento económico. Não falo do TGV e da antipatia de uma senhora para com os nossos vizinhos espanhóis, mas de economia e de agricultura. Estamos isolados, ou quase, na economia e na agricultura, onde somos (quase) os piores e os mais dependentes.

Considerando apenas esta duas esmiuçadelas, fiquei certo de que os nossos estudantes vão ficar todos engripados com este “planeamento”, com a gripe normal ou com a temida gripe A, tal a validade das medidas anunciadas. Também fiquei a saber que ainda penso “à antiga”, por que acho que estamos demasiado dependentes, a nível alimentar, do exterior, e que os preços dos bens alimentares, com a concentração em grandes grupos de distribuição alimentar, estão à mercê destes grupos que ditam as regras deste mercado.

Será que isto interessa aos nossos políticos? Perguntem-lhes, e logo verá!



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FOTOGRAFIA
Over the Rainbow. by Kelly63


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CARICATURA
MADONNA por Quinho

sexta-feira, agosto 31, 2007

A CRÍTICA DE PACHECO PEREIRA

Sou leitor intermitente de Pacheco Pereira no Abrupto, e não pude deixar de ler o artigo “ Diário da crise no PSD escrito em rongorongo (31)”, onde o militante do PSD critica as posições do Presidente Cavaco Silva e do presidente do seu próprio partido, Marques Mendes, sobre o caso da directora do Museu Nacional de Arte Antiga.
Confesso que me surpreendeu um pouco a sua posição, ainda que do ponto de vista formal esteja correcta. O autor do Abrupto critica o apoio dado tanto por Marques Mendes como por Cavaco Silva, por este caucionar um acto inadmissível numa funcionária pública no exercício das suas funções, terminando por afirmar que o assunto “é uma questão de Estado”.
Claro que a sua opinião é legítima, como qualquer outra, e que tem fundamento legal, mas mesmo assim algo estranha para quem o conhece como livre pensador e como um político que mesmo sendo militante dum partido, nunca se eximiu de manifestar a sua opinião, muitas vezes discordantes, em relação a diversas matérias apresentadas pelo PSD.
O que me confunde ainda mais, é que fiquei com a sensação de que PP desconhece os antecedentes desta embrulhada toda e o que realmente está em causa. O modelo de gestão actual dos museus, palácios e monumentos tem sido motivo de contestação, cá dentro e lá fora, e o nosso é dos poucos, para não dizer o único, porque não conheço a maioria dos países que entraram recentemente para a UE, em que nem os museus e monumentos com maior projecção e geradores de maiores receitas, têm alguma autonomia de gestão.
O centralismo de todas as decisões de gestão num só instituto, é um erro crasso e origina a quase paralisia dos serviços que tutela. Claro que há quem conviva bem com a situação, é mais cómodo, dá menos trabalho e não responsabiliza quem está dependente da tutela, mas isso não são virtudes do sistema, muito pelo contrário.
A discussão foi relançada já há algum tempo por Dalila Rodrigues e até vieram ao nosso país individualidades estrangeiras que falaram sobre outros tipos de gestão possíveis e até já testados, mas nem o Ministério da Cultura, nem alguns directores de museus gostaram muito das ideias nem sequer foi aberta uma discussão alargada sobre o assunto, pois já estava em marcha uma nova lei orgânica que mantinha o status quo vigente.
Pacheco Pereira condena a atitude da directora do Museu de Arte Antiga por enfrentar a tutela com a sua opinião, baseando-se na quebra do dever de lealdade, eu questiono-me se dessa atitude de Dalila Rodrigues, a tutela não tira nenhum ensinamento útil para revitalizar os museus, dando-lhes maior visibilidade, porque cá estaremos para ver se com a gestão centralizada, alguém consegue dar a volta ao marasmo em que vivemos.

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FOTOGRAFIA
Erlend Hansen

Limet

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CARTOON

Delestre
Ranson

sábado, agosto 04, 2007

AINDA A CULTURA

Recebi dois mails críticos sobre o artigo referente ao caso do afastamento da directora do Museu Nacional de Arte Antiga, a que decidi responder publicamente neste espaço.
No primeiro, pude constatar que o autor considera que “o simples facto de a directora contestar o modelo de gestão apontado pelo governo” é determinante para ditar a sua demissão ou a não renovação da comissão de serviço. Mais à frente salienta ainda que “o modelo que ela tanto criticou na praça pública” é o mesmo que lhe permitiu fazer “o trabalho que agora alguns elogiam”.
Pois bem, discordo das nomeações políticas que reduzem a avaliação do mérito apenas à obediência e não ao trabalho desenvolvido. Quanto ao tipo de gestão em vigor nos museus e nos monumentos, estão por provar as suas virtualidades bastando para tal visitá-los com assiduidade e reparar nas suas carências, deficiências e estado de conservação, para não ir mais longe.
O segundo leitor, alude à possibilidade de ser uma preferência minha, pessoal, já que o nome apontado é igualmente competente e o seu trabalho é patente no Museu do Azulejo. Também alude ao meu desconhecimento sobre a verdadeira autonomia de gestão dos directores de museu.
Quanto ao director nomeado não me vou pronunciar, porque não tenho por costume reduzir a minha opinião sobre os assuntos que comento, a pessoas, muito menos quando não as conheço pessoalmente, o que é o caso. Quanto ao Museu do Azulejo, que conheço muito bem, devo dizer-lhe que já conheceu melhores dias e maior dinâmica, facto que não atribuo à competência, ou falta dela, do director actual. Sobre a autonomia dos directores de museus, posso aconselhar este leitor a ler o Diário da República e consultar os diplomas referentes ao IMC, que foi o que eu fiz.
Sobre este caso gostava de acrescentar que os partidos políticos, que têm passado ao lado dos assuntos referentes ao Património e as suas instituições, se inteirassem e tornassem público o assunto da gestão do Palácio Nacional da Pena, que na lei orgânica do IMC lhe está afecto, mas que na realidade está já sob a alçada da sociedade anónima Parques de Sintra – Monte da Lua. Talvez por aqui se possa começar a entender alguma coisa desta imensa confusão que é o Ministério da Cultura.

Publicado aqui em Agosto de 2006 (hoje é mais caro)

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FOTOGRAFIA É ARTE

Сергей Лавров

NikAlex(2)

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CARTOON