sexta-feira, agosto 31, 2007

A CRÍTICA DE PACHECO PEREIRA

Sou leitor intermitente de Pacheco Pereira no Abrupto, e não pude deixar de ler o artigo “ Diário da crise no PSD escrito em rongorongo (31)”, onde o militante do PSD critica as posições do Presidente Cavaco Silva e do presidente do seu próprio partido, Marques Mendes, sobre o caso da directora do Museu Nacional de Arte Antiga.
Confesso que me surpreendeu um pouco a sua posição, ainda que do ponto de vista formal esteja correcta. O autor do Abrupto critica o apoio dado tanto por Marques Mendes como por Cavaco Silva, por este caucionar um acto inadmissível numa funcionária pública no exercício das suas funções, terminando por afirmar que o assunto “é uma questão de Estado”.
Claro que a sua opinião é legítima, como qualquer outra, e que tem fundamento legal, mas mesmo assim algo estranha para quem o conhece como livre pensador e como um político que mesmo sendo militante dum partido, nunca se eximiu de manifestar a sua opinião, muitas vezes discordantes, em relação a diversas matérias apresentadas pelo PSD.
O que me confunde ainda mais, é que fiquei com a sensação de que PP desconhece os antecedentes desta embrulhada toda e o que realmente está em causa. O modelo de gestão actual dos museus, palácios e monumentos tem sido motivo de contestação, cá dentro e lá fora, e o nosso é dos poucos, para não dizer o único, porque não conheço a maioria dos países que entraram recentemente para a UE, em que nem os museus e monumentos com maior projecção e geradores de maiores receitas, têm alguma autonomia de gestão.
O centralismo de todas as decisões de gestão num só instituto, é um erro crasso e origina a quase paralisia dos serviços que tutela. Claro que há quem conviva bem com a situação, é mais cómodo, dá menos trabalho e não responsabiliza quem está dependente da tutela, mas isso não são virtudes do sistema, muito pelo contrário.
A discussão foi relançada já há algum tempo por Dalila Rodrigues e até vieram ao nosso país individualidades estrangeiras que falaram sobre outros tipos de gestão possíveis e até já testados, mas nem o Ministério da Cultura, nem alguns directores de museus gostaram muito das ideias nem sequer foi aberta uma discussão alargada sobre o assunto, pois já estava em marcha uma nova lei orgânica que mantinha o status quo vigente.
Pacheco Pereira condena a atitude da directora do Museu de Arte Antiga por enfrentar a tutela com a sua opinião, baseando-se na quebra do dever de lealdade, eu questiono-me se dessa atitude de Dalila Rodrigues, a tutela não tira nenhum ensinamento útil para revitalizar os museus, dando-lhes maior visibilidade, porque cá estaremos para ver se com a gestão centralizada, alguém consegue dar a volta ao marasmo em que vivemos.

*** * ***
FOTOGRAFIA
Erlend Hansen

Limet

*** * ***

CARTOON

Delestre
Ranson

11 comentários:

Anónimo disse...

O Pacheco Pereira pode, a Dalila não. O formalismo dele é contra natura e agora até já é a favor do centralismo decisório.
Longe vão os tempos ...
Lol

quintarantino disse...

O Pacheco Pereira pode e a Dalila Rodrigues também.
Há é que ler bem aquilo que o homem escreve...
De qualquer modo, meu caro amigo Zé Povinho, permita que o felicite. Pode não concordar, mas aborda a questão.

Zé Povinho disse...

Caro Quintino
Como afirmei, formalmente o PP está correcto, mas a experiência mostra que o sistema não funciona como está e há que equacionar alterações. É pena que para evoluir seja necessário efectuar rupturas e desobedecer. Até para isso é preciso ter coragem e convicções.
Abraço do Zé

Tiago R Cardoso disse...

Infelizmente não se pode discutir o sistema e evoluir, quando as opiniões não agradam calam-se ou são despejadas borda-fora. Pessoalmente eu não gosto do Sr. Pacheco Pereira, sempre o vi como alguém que se coloca acima de todos, porque é que com tanta critica ao "seu" partido, não avança e candidata-se a presidente, resolvendo o que segundo ele está errado, fácil criticar mas acção pouca.

adrianeites disse...

de quando em vez também lá dou uma saltada... não sou admirador do PP... para mim ele como Marcelo, como Vitorino e outros denominados opinians makers falam muito e fazem muito pouco...

porque não se candidata ele a lider do seu partido??? teria a oportunidade de fazer melhor ...

não estou com isto a defender Marques Mendes...

Fui aluno do pai e da Irmã de Marques Mendes (docentes de elevada qualidade e pessoas de um trato fantástico) mas nem por isso simpatizo com o presidente do Psd..

cp's

Cadeirão disse...

As fotos dos insectos dizem tudo. Haja mel ou "merda" eles estão sempre la.

Abraço

Pata Negra disse...

Abrupto!? Ouvi dizer que é o blog do Pacheco Pereira! Nunca li lá uma linha nem tenciono ler!
Enjoei definitivamente as opiniões dos pachecos, marcelos, tavares, rogeiros, vitorinos e outros que mais! Não chega os tempos de antena que têm na TV ainda andam por aqui a poluir a blogsfera!....

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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Anónimo disse...

[quote]Sou leitor intermitente de Pacheco Pereira no Abrupto, e nao pude deixar de ler o artigo “ Diario da crise no PSD escrito em rongorongo (31)”, onde o militante do PSD critica as posicoes do Presidente Cavaco Silva e do presidente do seu proprio partido, Marques Mendes, sobre o caso da directora do Museu Nacional de Arte Antiga.Confesso que me surpreendeu um pouco a sua posicao, ainda que do ponto de vista formal esteja correcta. O autor do Abrupto critica o apoio dado tanto por Marques Mendes como por Cavaco Silva, por este caucionar um acto inadmissivel numa funcionaria publica no exercicio das suas funcoes, terminando por afirmar que o assunto “e uma questao de Estado”.Claro que a sua opiniao e legitima, como qualquer outra, e que tem fundamento legal, mas mesmo assim algo estranha para quem o conhece como livre pensador e como um politico que mesmo sendo militante dum partido, nunca se eximiu de manifestar a sua opiniao, muitas vezes discordantes, em relacao a diversas materias apresentadas pelo PSD.O que me confunde ainda mais, e que fiquei com a sensacao de que PP desconhece os antecedentes desta embrulhada toda e o que realmente esta em causa. O modelo de gestao actual dos museus, palacios e monumentos tem sido motivo de contestacao, ca dentro e la fora, e o nosso e dos poucos, para nao dizer o unico, porque nao conheco a maioria dos paises que entraram recentemente para a UE, em que nem os museus e monumentos com maior projeccao e geradores de maiores receitas, tem alguma autonomia de gestao.O centralismo de todas as decisoes de gestao num so instituto, e um erro crasso e origina a quase paralisia dos servicos que tutela. Claro que ha quem conviva bem com a situacao, e mais comodo, da menos trabalho e nao responsabiliza quem esta dependente da tutela, mas isso nao sao virtudes do sistema, muito pelo contrario.A discussao foi relancada ja ha algum tempo por Dalila Rodrigues e ate vieram ao nosso pais individualidades estrangeiras que falaram sobre outros tipos de gestao possiveis e ate ja testados, mas nem o Ministerio da Cultura, nem alguns directores de museus gostaram muito das ideias nem sequer foi aberta uma discussao alargada sobre o assunto, pois ja estava em marcha uma nova lei organica que mantinha o status quo vigente.Pacheco Pereira condena a atitude da directora do Museu de Arte Antiga por enfrentar a tutela com a sua opiniao, baseando-se na quebra do dever de lealdade, eu questiono-me se dessa atitude de Dalila Rodrigues, a tutela nao tira nenhum ensinamento util para revitalizar os museus, dando-lhes maior visibilidade, porque ca estaremos para ver se com a gestao centralizada, alguem consegue dar a volta ao marasmo em que vivemos.*** * ***FOTOGRAFIA[Image] Erlend Hansen [Image]Limet*** * ***CARTOON[Image]Delestre[Image]Ranson[/quote]

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