domingo, agosto 26, 2007

SOBRE A HISTÓRIA

Não tenho formação específica na matéria, nutro simplesmente alguma curiosidade sobre o assunto limitando-me a ler sobre o assunto e por vezes discuto alguns temas com amigos cuja actividade está directamente ligada à História.
Ontem à tarde a discussão versou sobre a História recente de Portugal, e foi absolutamente consensual que ainda não passou o tempo necessário para a escrever, nem as provas documentais estão reunidas de modo a, ser possível confrontar as teorias prevalecentes, com os factos registados e comprovados na época.
Invariavelmente vem-me à memória a frase dum professor de história do liceu que frequentei, o Dr. P. Dias, afirmando que “a História não é como as ciências exactas, reescreve-se sempre que as evidências contrariam o que era até então tido como verdadeiro”. Este “simples” professor de História dos liceus, tinha sido um promissor catedrático, que se atreveu a contrariar o mito do Infante D. Henrique e da Escola Náutica de Sagres, tão cara ao regime, pelo que se viu obrigado a rumar a Moçambique, onde lhe foi permitido leccionar a disciplina de História a aluno liceais.
A sua teoria, baseada em profusa documentação, que na altura lhe foi apreendida, viria mais tarde a ser reconhecida e apoiada por outros historiadores como o professor A. H. de Oliveira Marques.
Na História recente também há muita coisa que se difunde como verdades históricas, mas que apenas se baseiam na “verdade oficial”, que importa cruzar com os arquivos de outras fontes de informação externas ao poder e outras constantes de arquivos de países estrangeiros com quem tivemos à época boas ou más relações.
O meu fascínio pela História, deriva em parte dos bons professores que tive, embora não fosse um aluno brilhante, mas sobretudo pelas surpresas que vão surgindo e nos obrigam a repensar o que tínhamos como certo.

*** * ***
FOTOGRAFIA
Petter Schou

Seigman

*** * ***

CARTOON
Bob Englehart

8 comentários:

quintarantino disse...

É pena que a História ande tão mal tratada nas nossas escolas. O que elas nos podia ensinar... e mais não digo.

Al Cardoso disse...

Tenho precisamente a mesma opiniao sobre o assunto, embora tambem sem muitos conhecimentos, tento descobrir historias desconhecidas da minha regiao.
Quem sabe o amigo ate gosta de passar pelo meu sitio.
http://dalgodres.blogspot.com

Um abraco d'Algodres.

Tiago R Cardoso disse...

Sempre adorei história, ainda hoje gosto de ler tudo o que me aparece sobre ela, já aprendi muito, infelizmente não se pode dizer o mesmos de muitos com responsabilidades.

Zé Povinho disse...

Caros amigos
A História como eu disse, vai-se escrevendo à medida que as suas fontes vão surgindo, nunca é um assunto fechado. Na busca da verdade, e por vezes por serem colocadas questões para as quais não se encontram respostas, é que muitos curiosos como eu, e outros, vamos pressionando os estudiosos no sentido de pesquisar e/ou publicar o que é do conhecimento apenas de alguns.
Abraços do Zé

Jorge P. Guedes disse...

Entendo que tinha toa arazão esse teu "simples" professo de Liceu.

A História escreve-se em livro aberto e capaz de ser actualizado á mdida que o tempo avança.
É fundamental também perceber-se qiue qualquer acontecimento tem obrigatoriamente de ser analisado à luz da época em que se produziu. Só assim se podem entender quer a sua génese, quer as suas consequências.

Bom domino e um abraço.

Archeogamer disse...

Creio de 75% da história que nos ensina é errada e manipulada para acreditarmos em certos dogmas, termos certos medos e vivermos determinadas fobias.Quando começamos a entrar a fundo no que não nos é ensinado na escola, na história oculta, nos historiadores que o mundo sempre tentou desacreditar sem negarem as provas dos factos apresentados, começamos a perceber que há muito mistério neste mundo que não nos interessa ensinar.

paginadora disse...


Fiquei admirada pelo seu fascínio pela História. Concordo com o seu antigo professor e concordo com os comentários que aqui li.
Eu sempre me senti fascinada pela História,quando era mais pequena ficava maravilhada com as aventuras
dos reis,príncipes e guerreiros em batalhas pela conquista e defesa das terras portuguesas. História factual, ainda hoje não é possível
conferir todos os feitos épicos, descritos à época pelos cronistas do reino e pelos religiosos nos conventos.Eles relatavam os factos à luz da sua realidade imediata, das suas crenças e tinham obviamente que enaltecer as virtudes, a honra e obedecer aos desejos dos seus soberanos.Hoje já vejo a História por um prisma diferente.Fui crescendo com a mesma paixão,tanto que já adulta e a trabalhar consegui licenciar-me em História.Mesmo assim o curso não me satisfez como eu inicialmente pensara. A partir daí
decidi enveredar por outros caminhos, li outros autores, pesquisei (pouco) diversos temas, abri a minha cabeça para outras maneiras de ver a História. De facto ela não é linear,muito menos uma ciência exacta e é sempre escrita segundo as crenças de quem a escreve e a época em que os acontecimentos ocorrem. Assim existe a necessidade de ser reescrita sempre, tanto hoje como no futuro há que confrontar os acontecimentos e as personagens que dela fazem parte. Penso que actualmente será mais difícil a História oficial ter o predomínio sobre a verdadeira História. E desenganem-se aqueles que julgam que os seus actos actuais ficarão para a posteridade, os seus nomes provávelmente não aparecerão em nenhum manual escolar. A História é sempre feita pelos povos nas suas lutas pelos seus direitos, pelo progresso conseguido e pelo conhecimento que deixará às gerações vindouras. Todos devemos lutar por isto.Zé peço desculpa por tão longo comentário e envio-lhe um abraço

Meg disse...

Depois de te ler, hoje, e ter lembrado os nossos professores, dei comigo a pensar que o História, às vezes é como a Verdade. Cada um tem a sua. Às vezes, Zé!
Um abraço