Depois do artigo de Manuel Alegre e da entrevista de Sócrates, eis que nos chega a crónica de Baptista-Bastos sobre o assunto. Como seria de esperar, o primeiro-ministro não é poupado por ter tentado minimizar e, até, minimizar o artigo do poeta.
Há frases que por serem muito elucidativas e absolutamente pertinentes me limito a transcrever da crónica publicada:
« Está à vista desarmada que a sociedade portuguesa vive numa atmosfera de temor, caucionada pelo desemprego, pelo trabalho precário, pelo custo da vida, pelo incentivo à delação, pelo desprezo com que se trata os nossos velhos, pela recusa da esperança, pelo sombrio horizonte do futuro, pelo ataque indiscriminado ao Serviço Nacional de Saúde, pelas obscenas desigualdades sociais não só traduzidas no desespero e na angústia quotidianas como pelas afrontosas reformas auferidas por "gestores" públicos - e mesmo privados. O medo cobre as situações que acabo de evocar. E esta "cultura" do PS não provém de linguagens intraduzíveis umas das outras: resulta de um conflito generalizado, aberto ou latente, mais ou menos violento nascido na década de 80, com o "cavaquismo". O artigo de Manuel Alegre falava da necessidade de uma visão social que rejeite as humanidades separadas. Essa civilização do universal, de que tem sido paladino, apela no sentido dos valores e dos territórios transculturais. Não creio que José Sócrates tenha conhecimentos suficientes para entender o que, depreciativamente, designa de um "clássico" periódico. Não é tão-só problema dele. É a nossa tragédia.»
Os medos que Baptista-Bastos tão bem identifica também merecem a concordância do cidadão comum, não sendo porém notados por quem definitivamente se afastou da realidade, preferindo refugiar-se nos números das estatísticas, que valem o que valem, mas não servem para ocultar as dificuldades que muitos portugueses atravessam e que se acentuaram nos últimos anos.
Há frases que por serem muito elucidativas e absolutamente pertinentes me limito a transcrever da crónica publicada:
« Está à vista desarmada que a sociedade portuguesa vive numa atmosfera de temor, caucionada pelo desemprego, pelo trabalho precário, pelo custo da vida, pelo incentivo à delação, pelo desprezo com que se trata os nossos velhos, pela recusa da esperança, pelo sombrio horizonte do futuro, pelo ataque indiscriminado ao Serviço Nacional de Saúde, pelas obscenas desigualdades sociais não só traduzidas no desespero e na angústia quotidianas como pelas afrontosas reformas auferidas por "gestores" públicos - e mesmo privados. O medo cobre as situações que acabo de evocar. E esta "cultura" do PS não provém de linguagens intraduzíveis umas das outras: resulta de um conflito generalizado, aberto ou latente, mais ou menos violento nascido na década de 80, com o "cavaquismo". O artigo de Manuel Alegre falava da necessidade de uma visão social que rejeite as humanidades separadas. Essa civilização do universal, de que tem sido paladino, apela no sentido dos valores e dos territórios transculturais. Não creio que José Sócrates tenha conhecimentos suficientes para entender o que, depreciativamente, designa de um "clássico" periódico. Não é tão-só problema dele. É a nossa tragédia.»
Os medos que Baptista-Bastos tão bem identifica também merecem a concordância do cidadão comum, não sendo porém notados por quem definitivamente se afastou da realidade, preferindo refugiar-se nos números das estatísticas, que valem o que valem, mas não servem para ocultar as dificuldades que muitos portugueses atravessam e que se acentuaram nos últimos anos.
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FOTOS MOTORIZADAS
11 comentários:
Ó Zé, o compadrio não mete medo, até porque basta consultar o DR que até electrónico para constatar a evidência. Eu acho é que o puto vai ser um grande engenheiro...
Boa música e outra vez dos Credence
Bjos
De facto o medo esta instalado e nada há a fazer. veja-se os jornais e faça-se uma estatistica da violencia e verificar que parte dela funda-se em medos. Parece que estamos a retroceder ao medieval e a todos os messianismos modernos, como os economicos, os tecnologicos ou ecologicos com que o capitalismo selvagem adorna e sacia as novas necessidade que cria de forma sustentada nas almas de todos nós
um abraço
António
Apesar das grandes dificuldades muitos ainda conseguíam ter um pouco de humor com isto tudo, mas hoje antes de contar uma piada,dizer umas asneiras ou chamar uns nomes menos apropriados, muitas vezes para descomprimir, olha-se para o lado, não vá estar uma orelha na esquina.
Já estou a pensar em dedicar-me à venda de cãezinhos, pois como se diz, quem tem medo compra um cão. É visível que já há medo, que há bufos por aí e que a impunudade dos poderosos é bem real. Isto já não vai lá com falinhas mansas, ou se faz pela surra ou então à martelada.
Fui
Eu sou por norma pacifista e pretendo continuar a ser, mas também já tenho idade para ter juízo já que sou do tempo das reguadas na escola. O que eu me recuso é a voltar ao antigamente, por muito que isso possa convir a uns quantos oportunistas que elegem o povo como inimigo a abater.
Hoje estou fulo, como se compreende, devido ao calor.
Abraço a todos
E o medo está bem presente. Quem se atreve a criticar o sistema leva! Foi o que aconteceu à antiga directora do MNAA. Concorde-se ou não com ela, o facto é que conseguiu dinamizar o museu e o afastamento dela é apenas explicado porque se atreveu a criticar o sistema.
Mas como já comentei noutro blogue não é dela que tenho pena. Sinto apreensão é pelos trabalhadores do antigo IPPAR que com estas alterações vêm o seu futuro com muitas incertezas.
Um abraço.
Essa da Dalila ainda me está atravessada na garganta. Não a conheço pessoalmenet mas conheço o seu trabalho no Grão Vasco e agora também no MNAA, por isso não terá sido por incompetência, mas talvez por incomodidade.
Abraço
Neste momento não se vive só de medo, mas de angustia,e temos um 1º ministro e um PR, que parece terem andado a ler a mesma cartilha.Quando temos um PR que diz ao povo, se as instituições não cumprirem a lei, vão para tribunal, é o cumulo do cinismo ou não sabe como funciona a justiça.
Quando um 1º M , não sabe interpretar (ou talvez saiba) mas como só olha para o seu umbigo,
Vemos que os bem situados na politica PS esse, vivem felizes e contentes, os restantes, tem angustias de perder o seu emprego, a reforma é o que se ouve todos os dias "falencia" mas os Espertos da situação (termo empregado noutros tempos dizem que está tudo bem.
O caso da justiça é outra anedota
Saudações amigas
Enfim, completamente o oposto do que se deveria esperar de um governo socialista, que neste caso não o é na realidade, antes pelo contrário...
E pior ainda é que no horizonte não se vislumbram melhorias ou mudanças acentuadas.
Abraço.
Medo ou Morte
Novos políticos nasceram
De Salazar descendentes
Dão vivas os companheiros
Estremecem os votantes.
Mas que achado!os velhos pensantes
Vêem o passado com mágoa
Estes,do novo sistema
Aquecem água com água.
O fogo apagam com fogo
Dão vista aos cegos,cegando
E até para coroar a obra
Curam da morte...matando.
Dizem fazer o possível
Com saber irrefutável
Se a justiça é o que é
O assassino... não é o culpado.
Cuide de boca fechada
As incongruências da vida
Mais vale poleiro dourado
Que obra feita... á medida.
E se criticar o mar
Por descontente com o peixe
Trate do barco amarrar
Faça-se á vida...invente.
Um pouco do que me vai na alma..
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