Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...
Uma vila encardida - ruas desertas - pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva - o castelo - restos intactos de muralha que não têm serventia. Uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira-brava conseguiu meter-se nos interstícios das pedras e delas extrai suco e vida. (... ) Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. (... )
Silêncio. (...) Ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas.
Húmus
Uma vila encardida - ruas desertas - pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva - o castelo - restos intactos de muralha que não têm serventia. Uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira-brava conseguiu meter-se nos interstícios das pedras e delas extrai suco e vida. (... ) Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. (... )
Silêncio. (...) Ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas.
Húmus
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SAUDADE
SAUDADE
Hoje peço desculpa aos meus leitores por vos deixar apenas este apontamento sobre Raul Brandão, que estive a ler, mas estive ocupado a ver um programa da RTP sobre a minha terra – a Beira.
Não sou saudosista, sempre achei que devemos caminhar na vida, apenas num sentido, para a frente, mas confesso que a saudade me tocou.
As imagens que vi da cidade da Beira, deixaram-me triste pela decadência patenteada pelos seus edifícios e ruas, que contrastavam com o sorriso e bonomia dos seus habitantes, que continuam iguais há imagem que ficou na minha mente desde que de lá parti. A terra em que nasci, brinquei, cresci e me fiz homem, onde casei e onde nasceram dois dos meus filhos, é hoje uma sombra do que foi.
Tenho pena pelas suas gentes, que mereciam um futuro melhor.
Tencionava escrever sobre outras coisas neste meu post nº 400, mas acabei por falar de algo de que não falo há muito tempo, a minha terra.
*** * ***
FOTOS DE CÃES
9 comentários:
Caro Zé, ainda bem que lembrou a sua terra com saudades. Sinal que lá foi feliz. Às vezes, sentimos saudades de nós... Mas isso não é saudosismo, só um repensar de caminhos e projectos misturados num embrulho de memórias e de esperanças em novos caminhos a percorrer...
Um beijinho
Maria
Olá Zé,boa noite
Obrigada pelo "arriba",de facto ultimamente tenho andado emocionalmente em baixo e um tanto á deriva.
O passado aconteceu mesmo, e recordá-lo com saudade é sinónimo de que foi feliz, e ter saudades dos locais onde o sol aqueceu e iluminou o nosso lar e o nosso coração,que nunca mais os
esqueceremos,isso não é saudosismo no sentido perjurativo, mas sim próprio do ser humano racional e emocional ou seja:normal
Parece que o meu blog foi objecto de algo que não sei dar-lhe continuidade.Sou muito caloira nesta temática"blogosfera",e como só há pouco tive a oportunidade de constactar esse facto, prometo que vou saber como retribuir.Muito obrigada pela atenção e consideração.
Óptima semana
Um abraço
Acredito que seja penoso ver a terra em que se nasceu, brincou e começou a ser gente num estado que agride as nossas memórias.
um abraço.
E fez muito bem, apesar do passar do tempo e da "evolução", a nossa terra é a nossa terra.
Bom dia
Quero agradecer os comentários com que tem presenteado a suas visitas ao meu blog.
Só por manifesta falta de tempo, agora me é possível retribuir.
Hoje procedi ao "roubo" do seu Cartoon.
Um abraço e os meus agradecimentos apesar de tardios.
Vc não é saudosista?
Pois eu sou!
Não têm coisa melhor do que lembrar-mos certas coisas que já passaram em nossas vidas.
Uma abraçinho
Gostei muito do teu apontamento sobre Raul Brandão.
E... Viva a tua Saudade!
Um abraço anarquista
P.S. Convido-te a visitares o meu novo fórum do meu site Contracorrente.
Caros amigos (as)
Tenho saudades, tenho boas recordações mas passado é passado, e o que importa mesmo é o futuro. As memórias não se apagam, mas a vida continua.
Quando disse que não era saudosista estava a pensar naqueles que vivem de e para o passado, algo que espero nunca me aconteça.
Abraços do Zé
Li e sonhei.
Deixo-te beijinhos embrulhados em abraços
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