Não passaram despercebidas as declarações de Pinto Ribeiro ao Público quando disse que os museus precisam de gestores. É evidente que qualquer organização onde se investe dinheiro e que por sua vez gera também verbas, tem obrigatoriamente de ser bem gerida, e os museus, palácios e monumentos não são excepção. O que está em causa é precisamente o modelo de gestão que se pretende para o Património nacional classificado.
A reacção do ministro da Cultura ao desafio lançado pelo director do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), através de um texto na revista Museologias.pt, é que nos deixa com algumas apreensões e dúvidas.
Para começo de conversa, «o Ministério da Cultura está aberto à discussão de todo o tipo de gestão dos museus nacionais, seja público, privado ou misto… o importante é que haja uma gestão competente e rigorosa». Ora vejamos então, estaremos dispostos a entregar os museus, palácios e monumentos nacionais à iniciativa privada, ou queremos que estes equipamentos culturais continuem na esfera pública, evidentemente bem geridos? Todos julgava-mos que o Ministério da Cultura estava a gerir bem os serviços tutelados, mas Pinto Ribeiro não está crente disso.
O acordo que o MC estabeleceu com o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), e as oito pessoas indicadas para frequentar um curso de pós-graduação para gestão de equipamentos culturais e criativos, com o intuito de formar gestores, também não convence, porque ficámos sem saber quem são os escolhidos, e qual a sua formação de base, ou o conhecimento real que têm da realidade dos museus nacionais.
Se bem me recordo, já com este Governo de José Sócrates, uma directora do maior museu nacional, o de Arte Antiga, foi afastada por preconizar uma gestão mais racional e descentralizada dos museus, focada nas realidades de cada serviço, o que não agradou mesmo nada à tutela, apesar dos bons resultados apresentados por essa directora. Também está bem presente na memória a entrega da gestão do Palácio Nacional da Pena a uma sociedade anónima de capitais públicos, que levou ao inflacionamento dos preços de entrada, que são neste momento o dobro dos praticados nos restantes palácios e monumentos, e que para 2009 deverão aumentar para 15 euros por pessoa, segundo consta.
Não é aceitável que a gestão privada tenha que ser melhor do que a pública, desde que os instrumentos e os meios sejam os mesmos, e aqui entra um outro factor que depende da política e dos políticos, que se prende com os orçamentos consignados, com os objectivos estabelecidos para cada serviço e com as pessoas a quem é entregue a direcção dos mesmos.
Com a gestão dos museus, palácios e monumentos centralizada nos institutos que os tutelam, como se verifica actualmente, não se vai a parte nenhuma. Sem o investimento necessário na conservação dos edifícios e das colecções, nunca alcançaremos patamares de qualidade aceitáveis. Sem pessoal suficiente, devidamente formado e integrado, não se pode atender devidamente o público nem garantir a integridade do Património.
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