segunda-feira, dezembro 29, 2008

RAPIDINHAS

A senhora ministra rejeita – Pelos vistos a ministra da Saúde rejeitou, esta segunda-feira, a ideia de «caos» nos serviços de urgência da Grande Lisboa nos 3 últimos dias. Claro que a senhora esteve de perfeita saúde e não teve tempo para se deslocar ao Amadora – Sintra no último fim-de-semana, porque se lá tivesse ido, ou se a tivessem informado convenientemente, saberia que houve esperas de mais de 24 horas num dia e mais de 12 horas no outro. Doutora Ana Jorge, se isto não é um «caos», sugira lá um outro nome só para nós a podermos entender.

Filhos e Enteados – Os bancos, mesmo aqueles em que as irregularidades são evidentes, e aqueles que apostaram em produtos de risco, não podem ir à falência, por intervenção de um governo socialista, defensor da iniciativa privada. O mesmo acontece com umas quantas empresas, que eram grandes sucessos ainda há pouco, mas que agora estão com a corda na garganta e ameaçam com despedimentos ou encerramento. O Zé, esse está mesmo condenado ao esquecimento, e olhem que não falo em mim, ou em muitos outros Zés, que labutam e lutam pelo salário. As Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, e que existem desde o século XIX, podem encerrar definitivamente no final do ano, e não me consta que os nossos governantes, nem sequer o ministro da Cultura tenham dito uma palavra sequer sobre o assunto.



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CERÂMICAS DE BORDALO PINHEIRO



sábado, dezembro 27, 2008

É NATAL, NÃO LEVEM A MAL…

Sinceramente, ontem nem era suposto “aterrar” no trabalho, porque como acontece com muitos mortais, foi-me concedida uma tolerância de ponto, que a besta da chefia que me calhou na rifa recusou dar-me, reservando para ela e comandita o privilégio de só aparecer no dia 5 de Janeiro. Democracia lusa, no expoente máximo da excelência que sossega os defensores da avaliação do desempenho tal e qual está concebida.

Enfim, ontem o meu trabalho saiu mais caro do que a dispensa, mas, para compensar, o trânsito foi uma beleza à entrada e à saída. Pego na maquineta e deparo com uma curiosa notícia distribuída pela Lusa: “Investigação criminal não faz distinção entre políticos e não políticos – garante PGR”.

"As investigações fazem-se independentemente da condição social, poder económico ou cargo ocupado. Não há distinção entre políticos ou não políticos, mas tão só entre ilícitos e não ilícitos. A lei é igual para todos", assegurou.

Eu gosto de gente optimista, acreditei no Pai Natal quando era criança, e também cheguei a acreditar que o Elvis andava por aí, disfarçado. Hoje sou um céptico, mais do tipo S. Tomé, e dou-me ao luxo de acreditar naquilo que me apetece, e não no que me dizem.

Fica-lhe bem senhor Pinto Monteiro dizer o que disse, precisamente no Natal, porque assim também eu finjo que acredito, e ninguém leva a mal, porque a época é festiva, e alguns excessos são desculpáveis, desde que a partir de Janeiro voltemos à dieta imposta e à realidade incontornável.

O senhor é um humorista de mão cheia, pena que não tenha um programa só seu!

juliemelissa

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CARICATURA
Lula por Dálcio
Madonna por Fraga
730

terça-feira, dezembro 23, 2008

FELIZ NATAL, AMIGOS!

O Zé deseja-vos tudo de melhor nesta quadra natalícia.

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FOTOGRAFIA
from garden of the Queen ... by *grandma-S

Winter in other colors by *grandma-S

domingo, dezembro 21, 2008

CURIOSIDADES EM INVESTIGAÇÃO

Finalmente ouvimos pela voz do Procurador-geral da República que “o Ministério Público não está preparado para lidar com crimes económicos e financeiros”. Já o tínhamos concluído pela ausência de resultados, apesar dos mais variados escândalos noticiados nos últimos tempos.


Pinto Monteiro admitiu que o Ministério Público “precisa de ter a humildade de reconhecer que precisa de ajuda”, mas ao falar em “cooperação mais estreita” com o Banco de Portugal, talvez não tenha acertado na ajuda exacta, mas isso é apenas uma opinião.


Os grandes processos, e não era preciso ouvir da boca do PGR, acabam em grandes absolvições, e se o Ministério Público e os Tribunais não saem dignificados com tanta impunidade, o BdP também fica mal no retrato, porque chega sempre tarde, e como entidade fiscalizadora falha sistematicamente.


A impunidade em processos como o BPN ou a operação Furacão, pode vir a ser fatal para a credibilidade da Justiça, porque o Zé Povinho retiraria como conclusão lógica que “os grandes escapam sempre, e que aos pobres cabe só a factura”.



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FOTOGRAFIA
Gitte L S Landbo

Øyvind Reigstad

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CARTOON

quinta-feira, dezembro 18, 2008

RAPIDINHAS

Hotéis de charme – Não sei se por fuga de informação ou intencionalmente, o projecto de entregar parte do Mosteiro de Alcobaça a um privado foi anunciado na SIC com todas as letras, antes mesmo da lei que eventualmente o podia permitir, estar publicada. Não sei se a indiscrição saiu do executivo do senhor Sapinho, ou do gabinete de Pinto Ribeiro, mas foi um acto muito infeliz. Sabe-se, e a televisão voltou a fazer eco disso, que o que não faltam são palácios e quintas senhoriais por esse Portugal fora, a bons preços, e que podem ser utilizadas para esse fim, o que não há é empresários dispostos a investir.

Crise especulativa – Parece que as instituições financeiras portuguesas são das que mais apostam em produtos de qualidade duvidosa, apesar das nossas reduzidas dimensões. Existem maus produtos por aí? Portugal primeiro diz que não tem, ou não sabe, depois lá aparecem uns quantos, depois é um grande buraco. A propósito de buraco, o aumento de capital anunciado para CGD, pelo seu montante, cobre apenas as perdas resultantes da “nacionalização” do BPN.



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FOTOGRAFIA
Гиппеаструм

Front and Back by *Marsille

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CARTOON
Por aqui tudo porreiro, pá! Por Henrique Monteiro

O opositor por Henrique Monteiro

terça-feira, dezembro 16, 2008

PODIAM EXPLICAR MELHOR?

As tarifas da electricidade vão subir 4,9% em 2009, segundo a proposta aprovada pelo Conselho Tarifário da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

Quando os factores de produção, nomeadamente os combustíveis fósseis, baixam de preço, e o ano hídrico tem sido bastante favorável, especialmente a partir de Novembro, o anúncio parece algo estranho. Devo dizer que Vítor Santos, presidente da ERSE, já tinha anunciado os aumentos em 22 de Outubro.

Pelos vistos, e basta ler a notícia, os aumentos estavam decididos há muito tempo, e a ERSE, pelas palavras do seu presidente, Vítor Santos, questionou na altura a necessidade de regulação no mercado de combustíveis em Portugal. Diz este dirigente que, a manter-se a garantia de que não há cartelização entre as petrolíferas, não é necessário um regulador. Eu julguei que Vítor Santos se tinha demitido, mas afinal não!



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FOTOGRAFIA
zwaan by *catygraf

Lone Goose by *mammothhunter

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CARTOON
Cal Grondahl

Bob Englehart

domingo, dezembro 14, 2008

INQUIETAÇÃO SOCIAL

Tenho assistido com alguma preocupação ao pouco interesse dos políticos e analistas perante a situação preocupante que se tem verificado na Grécia. A grande maioria dos políticos tem desvalorizado a situação e as únicas abordagens ao tema, com alguma profundidade, limitam-se a tentar fazer comparações estranhas com o Maio de 68.

Eu acho que esta leveza com que se aborda o caso, é grave, porque se trata de um protesto (?) desorganizado, sem nenhum controlo, e não enquadrado por instituições que tenham alguma exigência concreta ou algum ideário reivindicativo, claro.

Este tipo de manifestações que acabam por descambar em actos de violência gratuita, não são acontecimentos novos, basta lembrar o que se passou em França ainda há pouco tempo, mas são potencialmente perigosos, nomeadamente quando, como agora, começam a tornar-se evidentes problemas sociais graves decorrentes da crise económica que abala quase todo o mundo.

O que é preocupante, é que os cidadãos cada vez menos acreditam nos seus políticos e nas instituições, e estou a falar nos partidos, e sindicatos, que tradicionalmente esgrimem as suas diferenças com regras mais ou menos definidas. Estes incidentes que geralmente despontam por algum acontecimento grave mas fortuito, podem despoletar por arrasto muitos outros descontentamentos, e tornarem-se completamente incontroláveis, transformando-se num verdadeiro caos social, impossível de controlar sem o recurso à força pura e dura, o que se tornará um descalabro.

Não deviam perder tempo a desvalorizar estes incidentes, nem a teorizar sobre as diferenças com o Maio de 68, podiam isso sim, tentar evitar que o desemprego e a exclusão aumentassem, e deviam reflectir sobre os erros que nos conduziram à grave situação em que nos encontramos.



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IMAGENS IMPROVÁVEIS
Rado
Rado

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BONECOS ALUSIVOS À ÉPOCA

Gary Varvel

sábado, dezembro 13, 2008

MARAVILHAS DE ORIGEM PORTUGUESA NO MUNDO

A lista de 27 monumentos representativos do património português no mundo foi apresentada para votação pública, a partir de sábado. Os monumentos escolhidos, onde constam bens classificados pela UNESCO e outros ainda não classificados, abrangem 16 países, nos continentes, africano, americano e asiático.

O Brasil está representado com sete monumentos, e a Índia “concorre” com cinco monumentos e locais históricos da presença portuguesa no país.

A lista foi divulgada ontem, em Coimbra, e a votação tem início hoje, sábado, podendo cada pessoa votar em sete dos 27 monumentos a concurso, através da Internet, por telefone ou sms. O resultado do concurso será divulgado a 10 de Junho de 2009.

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FOTOGRAFIA
FREEONE

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CARICATURA
Ronaldo por Luciano Mello

Gilberto Gil por Luciano Mello

quarta-feira, dezembro 10, 2008

terça-feira, dezembro 09, 2008

MUSEUS – MODELOS DE GESTÃO

Não passaram despercebidas as declarações de Pinto Ribeiro ao Público quando disse que os museus precisam de gestores. É evidente que qualquer organização onde se investe dinheiro e que por sua vez gera também verbas, tem obrigatoriamente de ser bem gerida, e os museus, palácios e monumentos não são excepção. O que está em causa é precisamente o modelo de gestão que se pretende para o Património nacional classificado.

A reacção do ministro da Cultura ao desafio lançado pelo director do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), através de um texto na revista Museologias.pt, é que nos deixa com algumas apreensões e dúvidas.

Para começo de conversa, «o Ministério da Cultura está aberto à discussão de todo o tipo de gestão dos museus nacionais, seja público, privado ou misto… o importante é que haja uma gestão competente e rigorosa». Ora vejamos então, estaremos dispostos a entregar os museus, palácios e monumentos nacionais à iniciativa privada, ou queremos que estes equipamentos culturais continuem na esfera pública, evidentemente bem geridos? Todos julgava-mos que o Ministério da Cultura estava a gerir bem os serviços tutelados, mas Pinto Ribeiro não está crente disso.

O acordo que o MC estabeleceu com o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), e as oito pessoas indicadas para frequentar um curso de pós-graduação para gestão de equipamentos culturais e criativos, com o intuito de formar gestores, também não convence, porque ficámos sem saber quem são os escolhidos, e qual a sua formação de base, ou o conhecimento real que têm da realidade dos museus nacionais.

Se bem me recordo, já com este Governo de José Sócrates, uma directora do maior museu nacional, o de Arte Antiga, foi afastada por preconizar uma gestão mais racional e descentralizada dos museus, focada nas realidades de cada serviço, o que não agradou mesmo nada à tutela, apesar dos bons resultados apresentados por essa directora. Também está bem presente na memória a entrega da gestão do Palácio Nacional da Pena a uma sociedade anónima de capitais públicos, que levou ao inflacionamento dos preços de entrada, que são neste momento o dobro dos praticados nos restantes palácios e monumentos, e que para 2009 deverão aumentar para 15 euros por pessoa, segundo consta.

Não é aceitável que a gestão privada tenha que ser melhor do que a pública, desde que os instrumentos e os meios sejam os mesmos, e aqui entra um outro factor que depende da política e dos políticos, que se prende com os orçamentos consignados, com os objectivos estabelecidos para cada serviço e com as pessoas a quem é entregue a direcção dos mesmos.

Com a gestão dos museus, palácios e monumentos centralizada nos institutos que os tutelam, como se verifica actualmente, não se vai a parte nenhuma. Sem o investimento necessário na conservação dos edifícios e das colecções, nunca alcançaremos patamares de qualidade aceitáveis. Sem pessoal suficiente, devidamente formado e integrado, não se pode atender devidamente o público nem garantir a integridade do Património.



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ARTE DIGITAL
New skull by Flatau

Crossroads by anandgandhi

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CARTOON

domingo, dezembro 07, 2008

OPORTUNISMO

Depois de alguns meses de subidas de preço, e de forte especulação, eis-nos perante uma descida do preço das matérias-primas, motivado pela diminuição da procura. Isto podia ser uma boa notícia para todos nós, que agradecíamos uma descida proporcional nos produtos que consumimos.

A economia e alguns dos seus agentes porém, não partilham destes nossos justos anseios, e pretendem aumentar significativamente os seus proventos beneficiando ao máximo deste grande diferencial de preços, verificado em apenas poucos meses.

Todos sentimos a lentidão com que os combustíveis vão baixando nas bombas onde abastecemos, e mesmo assim porque existe muita pressão pública e muita contestação. Outros sectores, talvez porque a pressão pública e dos média não se verifica, continuam sem registar baixas de preços que reflictam a baixa das matérias-primas, e aqui temos produtos tão variados como o pão, as massas alimentares ou o gás que consumimos nas nossas casas.

Existe muito oportunismo em situações desta natureza, e muitos dos que não hesitaram em pedir o aumento das indemnizações compensatórias, quando os preços subiram em flecha, que justamente receberam, agora pretendem ignorar que os preços desceram e ainda pretendem aumentar os preços como se os seus custos não tivessem diminuído.

A Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Passageiros (ANTROP), recusa descer as tarifas dos transportes públicos, na sequência das baixas de preços dos combustíveis, exigindo mesmo que os aumentos do próximo ano sejam muito superiores à inflação. Se isto não é oportunismo e uma grande falta de consciência social, então não sei o que lhe possa chamar.

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FOTOGRAFIA
Artphoto

Artphoto

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CARTOON

sexta-feira, dezembro 05, 2008

CRISE DOS RICOS

Recebi um amável mail de um economista, que se debruçou sobre os meus textos e procurou rebater algumas das minhas ideias. Eu não sou economista de formação, nem tenho qualquer pretensão nessa área, mas como qualquer outro cidadão, governo a minha casa e tenho o direito de exprimir opiniões.

Não desprezo a importância das instituições bancárias, e antes desta crise só me lembro de criticar a nossa banca pelo grande diferencial entre os juros pagos aos depositantes e os juros cobrados pelos empréstimos, e isso era um facto bem comprovado, bastando ir aqui ao país vizinho para o poder constatar.

A minha discordância absoluta com o leitor em causa, é precisamente sobre o caso BPP, e deve-se à natureza do seu negócio principal, que não é o que se tipifica como de banco comercial. A gestão de carteiras e de fortunas enquadra-se numa actividade de maior risco, e baseia-se sobretudo naquilo que é corrente chamar-se o jogo da bolsa.

Como a razão maior aduzida pelo senhor economista, era a do risco sistémico e a imagem do país, devo dizer que nem o BPP tinha dimensão relevante para ser um problema, nem a sua falência afectaria a imagem de Portugal. Começando pela imagem de Portugal, então afirmo com toda a certeza e fundamento, que as falhas do regulador são mais danosas para o país do que a dita falência.

Para além desta discordância de fundo, que traduzida em números é uma relação de 3.000 clientes para um aval do Estado no valor de 450 milhões de euros, temos ainda um facto que tem passado ao largo de todas as análises, que é o aumento do défice externo, que todos evitam abordar por algum obscuro motivo.



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FOTOGRAFIA
Dark Miss

Олег В

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CARTOON ECONÓMICO

quarta-feira, dezembro 03, 2008

FALHAS DO SISTEMA

Enquanto se discute se o sistema capitalista prevalecente está moribundo ou não, ou se ainda se pode regenerar por falta de alternativas, o que é uma discussão infindável e improfícua, eu julgo ser mais coerente analisar algumas das falhas mais clamorosas da ordem económica actual.

O sistema financeiro actual, o tal que está a atravessar uma profunda crise que ameaça todos os outros sectores, pagou em 2007, em benefícios a administradores executivos que cessaram funções, 45,1 milhões de euros, quase 10 vezes mais do que o valor pago em salários aos administradores executivos em funções. Sabendo nós todos que estes não ganham pouco, como é que se assumiram encargos desta natureza?

Enquanto se esbanjam estas quantias fabulosas com os antigos gestores destas instituições, constata-se que no mercado do trabalho os contratos precários aumentaram 83% nesta década. Traduzindo em linguagem corrente, criam-se garantias milionárias para quem nos conduziu a este verdadeiro buraco, e por outro lado precariza-se a vida de grande parte da força de trabalho.

Um sistema económico baseado apenas no maior lucro possível, sem uma gota sequer de preocupação social, está profundamente errado, e é terrivelmente injusto por defender apenas o capital, aprofundando a má distribuição da riqueza e desequilibrando perigosamente as relações entre empregadores e empregados, o que trará a prazo, mais e maior insegurança social.

O sistema estará esgotado, ou ainda haverá margem para inverter a sua marcha fúnebre e restabelecer alguma justiça social e mais equidade nas relações entre o capital e o trabalho?



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FOTOGRAFIA
Autumn Glow by *32tsunami

Hidden by *32tsunami

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CARICATURA
O mundo espera que Obama seja mesmo iluminado por Baptistão

Jackson Obama por Carlinhos Muller

Bob Marley por Paffaro