segunda-feira, março 26, 2018

OS SALÁRIOS DO ESTADO

Por vezes cansa continuar-se a ouvir e ler comentários sobre os “altos salários dos funcionários públicos”, dos “privilégios”, e do “peso” que representam para a economia do país.

Hoje ouvi e li uma notícia sobre o “peso dos salários do Estado na economia” que estará em mínimos dos últimos 29 anos, e da curiosa conclusão de que será com este argumento que o Governo terá de convencer os partidos à sua esquerda que não existe espaço de manobra para actualizações salariais na função pública em 2019.

Há pessoas que ainda não perceberam que os aumentos salariais na função pública não existem desde 2009, e que de lá para cá foram cortados salários, aumentados os descontos, e que só nos últimos dois anos é que começaram a ser revertidos esses cortes, que para muitos foram aumentos, ou por falta de informação, por pua manipulação da informação, ou até por puro ódio (que também há).

Notícias como a das ajudas aos bancos, e já foram muitas e de muitos milhões, merecem menos atenção dos políticos e dos comentadores. O peso das PPP’s passa ao lado de quase toda a gente. O comportamento das empresas que já foram públicas e foram privatizadas, merecem pouca atenção.


O outro lado da moeda , curiosamente, é negligenciado por muitos trabalhadores do sector privado, que não percebem que quanto maior for o aperto salarial na função pública, maior será também o seu sufoco, porque o patronato tem muito que ver com a desinformação de que falo, porque lhe dá imenso jeito.

Sombras

sábado, março 24, 2018

A FUNDIÇÃO DE SINOS

Quando se fala na recuperação dos carrilhões de Mafra, que ameaçam cair, tal o seu estado de degradação (suportes), e na Corrida dos Sinos, que se realiza amanhã, nada melhor do que recordar que em Portugal ainda existe uma fundição de sinos, em Braga, que apesar das vagas de progresso, ainda resiste nesta meritória função de restaurar sinos e cabeçalhos, uma arte milenar em vias de extinção, como se percebe.

Pieter Bruegel

quinta-feira, março 22, 2018

E O FOSSO AUMENTA


Portugal é um campeão no que diz respeito às desigualdades salariais, porque quem ganha mais tem sempre maiores aumentos do que quem ganha menos, e isso advém dos aumentos salariais à percentagem, e também nas subidas na carreira ou nos escalões, porque o sistema assim está desenhado.

Sei que não é popular falar disto, porque nem os sindicatos têm mostrado vontade em mudar as reivindicações dos aumentos salariais de modo percentual, e também porque nem todos parecem concordar com aumentos em montantes iguais, independentemente dos montantes auferidos por cada um.

Não é necessário ser muito bom em aritmética para se perceber que seguindo os moldes até agora utilizados, veremos o fosso entre os salários mais baixos e os mais altos aumentar, se nada mudar. O que parece ser necessário é alertar as pessoas para a necessidade de mudar de estratégia para se diminuir esse fosso.



terça-feira, março 20, 2018

BIBLIOTECA DO MOSTEIRO DE WIBLIGEN

Antes de entrar na Biblioteca visitantes podem ver a inscrição “Em quo omnes thesauri sapientiae et Scientiae”, que significa “Onde são armazenados todos os tesouros do conhecimento e da ciência”, uma citação perfeita para qualquer biblioteca...

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Biblioteca do Mosteiro de Wiblingen, Alemanha

domingo, março 18, 2018

PENSAMENTO

A hipocrisia, suprema perversão moral, é o charco podre e dormente que impregna a atmosfera de miasmas mortíferos e que salteia o homem no meio de paisagens ridentes: é o réptil que se arrasta por entre as flores e morde a vítima descuidada.


sexta-feira, março 16, 2018

BOAS NOTÍCIAS NA CULTURA E ALGUMAS PERGUNTAS


Hoje fomos brindados com as declarações de Fernando Medina, no Twitter, que dizia que “com 200 anos de atraso, começaram as obras para o remate do Palácio Nacional da Ajuda. Um projecto que vai permitir expor de forma permanente, e pela primeira vez, as Jóias do Tesouro Real. As obras deverão estar concluídas no 1º trimestre de 2020.”

Estas declarações são bem recebidas, mas existem alguns reparos, como o facto de não ser a 1ª vez que as jóias estão em exposição, por exemplo. Uma pergunta contudo impõe-se: onde está o dinheiro recebido do seguro, como indemnização pelo furto, na Holanda, de algumas jóias precisamente do Tesouro Real e quanto vai ser investido pela Cultura nesta obra? Talvez muitos estejam esquecidos, mas este dinheiro chegou a estar destinado a estas obras na Ajuda e também ao restauro dos carrilhões de Mafra.

Falando também do Palácio Nacional de Mafra e dos anúncios da aprovação das obras e o desbloquear de verbas para os anos de 2018 e 2019, também existe bastante contentamento, e algumas reticências.

A diferença entre a verba inicialmente anunciada e a agora revelada é grande (cerca de um milhão de euros), e isso faz-nos duvidar que sejam recuperados os dois carrilhões, pois parece-nos ser quase impossível que tudo seja feito com a qualidade exigível, com esta quantia. Outra perplexidade prende-se com a segurança, e os seguros desta obra, pois parece-nos impossível manter o palácio aberto durante os trabalhos de remoção e reposição dos sinos nas respectivas torres.



quarta-feira, março 14, 2018

O RESTAURO DOS CARRILHÕES DE MAFRA


Parece que é desta que as obras de recuperação dos carrilhões de Mafra vão começar, a dar crédito às informações vindas na comunicação social, mas já estivemos assim muito perto destas obras, e as coisas não se concretizaram.

Desta vez creio que as coisas vão mesmo para a frente, se calhar lá para a Primavera, porque as condições atmosféricas agora não são as mais favoráveis, e a logística vai ser de grande monta.

Continuam a persistir, contudo, algumas reticências neste caso, a começar pela verba atribuída para o restauro 1.549.025,33 euros IVA incluído à taxa de 6%, nos anos de 2018 e 2019. Já se falou em verbas bastante maiores, o que nos deixa a impressão de que algo ficará por fazer no que respeita ao restauro dos 2 carrilhões.

Também ficam algumas reticências quanto ao restauro em si mesmo, pois podem ser os métodos correctos ou os inadequados, como já se sabe por um estudo efectuado já há algum tempo e que está publicado, e nós não conhecemos o caderno de encargos desta empreitada.

segunda-feira, março 12, 2018

OS POBRES CONTINUAM POBRES



Quando muito se fala de crescimento, de aumento do emprego, e de alívio do cinto, importa muito saber se este aumento de riqueza teve uma justa repartição ou se pelo contrário se assistiu a uma maior concentração da riqueza.

Os investigadores do ISCTE foram acompanhando um grupo de pessoas em situação de pobreza e depois de alguns anos verificaram que muito poucos conseguiram sair da pobreza, mesmo depois de arranjarem emprego.

Diversas ilações podem ser tiradas sem grandes dúvidas, começando desde logo pela constatação de que o trabalho não garante a saída da pobreza, de que a riqueza continua a ser mal distribuída, e que o tal alívio do cinto não foi igual para todos.

Quem acredita que o mercado se auto-regula deve repensar as suas ideias, quem acredita que o patronato quer empregados felizes deve considerar outra medicação, e quem acreditou que este governo ia mudar o paradigma deve questionar-se.



sábado, março 10, 2018

PAÍS AZARADO

Pode-se dizer que este país à beira mar plantado está a atravessar uma maré de azar formidável, porque as coisas que têm vindo a ser conhecidas nos últimos dias são más e em grande quantidade.

A Ponte 25 de Abril está em mau estado de conservação e necessita de obras de reparação de valor na ordem dos 18 milhões, que ao que parece vão ser pagos pelos contribuintes, apesar dos lucros irem direitinhos para o bolso de privados, que têm a concessão das duas pontes.

Veio este fim-de-semana na comunicação social a informação de que a EDP terá pago de IRC apenas 0,7% dos lucros, o que a ser verdade é um escândalo. Terá o Governo dado isenções a esta empresa que tem um contencioso fiscal com o Estado?

No Convento de Mafra a situação é também de má conservação dos carrilhões, o que levou a que, por medida de precaução, ficasse interdita a circulação de pessoas na zona fronteira às torres sineiras. O valor das reparações já foi calculado em 2,5 milhões e agora fala-se numa adjudicação de mais de 1 milhão de euros, parecendo que o restauro não será dos dois carrilhões, a crer neste último valor constante na comunicação social.

Foi também divulgada a possibilidade de Portugal ser atingido por destroços dum satélite chinês que se encontra desgovernado e que se prevê ira cair nas próximas semanas.


Agora que passou em boa parte a seca que assolava o país, que tal fazer uma dança que afaste o azar deste rectângulo em que vivemos?


quinta-feira, março 08, 2018

MAFRA - CONFUSÃO E RESPONSABILIDADES

A confusão é muita com o estado em que se encontram os carrilhões de Mafra, e também com o risco de queda de sinos, ou de parte da fachada do monumento, agora que o estado do tempo se vai agravando.

Sabe-se que as madeiras que suportam os sinos estão em muito mau estado, e que os andaimes que foram colocados como recurso provisório de suporte dos mesmos, também já não estão em boas condições, o que indicia que existem riscos, mas não apareceu nenhuma entidade credível (LNEC ou IST) que tenha garantido a segurança dos visitante e dos funcionários, uma vez que o palácio continua aberto.

Sendo a segurança das pessoas e do Património a 1ª preocupação de todas as pessoas, seguem-se outras perguntas, como por exemplo, como é que se chegou a este estado de degradação, porque é que ainda não existiu nenhuma intervenção de fundo, e porque é que apesar da urgência ainda se perde tanto tempo com burocracias.

Esperemos que nada caia ainda antes da classificação do edifício, por parte da UNESCO, como Património Mundial.


terça-feira, março 06, 2018

TRABALHO E MÁ ORGANIZAÇÃO



Temos assistido, e lido, a ataques destemperados a quem trabalha, com argumentos como os de que trabalhamos poucas horas, temos muitas férias, ou que existem demasiados feriados, fazendo crer que os problemas de baixa produtividade, e baixa competitividade, residem nos trabalhadores.

O contraponto está no reconhecimento nos países estrangeiros, da qualidade dos trabalhadores portugueses, bem como da sua competência e diligência.

Claro que a realidade é sempre mais forte do que a mentira, por muito que esta seja repetida. Os portugueses estão muito dos dias de férias em vigor nos países mais desenvolvidos da Europa, também trabalham mais horas e ganham bastante menos.

Importa reflectir então como é que com esta realidade temos resultados tão fracos em termos de produtividade e de competitividade, e aí há que colocar algumas questões:

 - Será que as empresas declaram a totalidade do que produzem e do que ganham com o que produzem?
 - Quanto investem os empresários/empresas portuguesas em inovação ou actualização comparativamente com os seus rivais estrangeiros?
- Qual o grau de satisfação dos trabalhadores em Portugal e como comparam com os seus congéneres do mercado europeu?
- Estão as empresas nacionais dispostas a dar formação aos seus funcionários ou a apoiar as universidades e politécnicos para formar melhores profissionais?

Por vezes é bom saber o porquê das coisas, ainda que não seja muito popular colocar estas questões… A culpa nunca é do porteiro...


Acorda, pá!