Nunca tive particular preocupação em ser politicamente correcto, e expresso sempre a minha opinião neste espaço, mesmo quando sei que não é consensual. Hoje o tema é a avaliação do desempenho, muito em particular na função pública.
Tenho visto e lido muitas opiniões favoráveis à avaliação, que normalmente se refugiam em parâmetros de produtividade, de qualidade e de competência no desempenho das funções. Quase nunca ouço falar de condições de trabalho, e meios colocados à disposição, mas à partida penso que todos concordam que eles devem existir. Partindo destes princípios é difícil ser-se crítico em relação à avaliação.
Na função pública as coisas não são tão lineares assim. Começando pelos objectivos dos serviços que estão condicionados pelos dirigentes máximos, que no fundo são os ministros, e que portanto têm objectivos políticos e não funcionais. Segue-se toda uma hierarquia de pessoal nomeado por confiança política, que naturalmente respondem nessa mesma qualidade.
Depois dos objectivos temos a legislação e os procedimentos, a que muitos chamam, noutro contexto, burocracia, que condicionam cada acto dos funcionários. Há ainda o problema das condições de trabalho e os meios colocados à disposição, que naturalmente dependem dos orçamentos disponíveis, mas sobretudo da vontade e da “celeridade” do processo burocrático que depende de toda a cadeia hierárquica inerente a cada serviço ou organismo.
Por último, e porque estou naturalmente a simplificar as coisas, temos os avaliadores, os mesmos que foram nomeados por confiança política, e que portanto não são nem podem ser isentos, porque estão dependentes da (boa) vontade de quem os nomeou.
Isto traduz-se em anacronismos como o de ver um engenheiro civil a avaliar mecânicos, um engenheiro de máquinas a avaliar arquitectos e engenheiros civis, ou um doutorado em germânicas a avaliar técnicos informáticos. O que resulta numa grande trapalhada, especialmente quando há três ou quatro dezenas de funcionários a avaliar e quota de “relevantes” ou muito bons só permite atribuir uma ou duas notas dessas. O resultado é invariavelmente o mesmo: os que estão mais próximos da chefia são os bafejados, e todos os outros são preteridos, qualquer que seja o seu empenho e competência.
Em abstracto pode ser-se favorável às avaliações, mas na prática elas são um embuste, cujo único objectivo (economicista) é retardar ao máximo subidas nas carreiras e não reconhecer qualquer tipo de mérito.
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"Viemos, vimos e vencemos" por Baptistão "Por Diego, con Diego, en Diego, toda honra y toda gloria..." por Gustavo Duarte