terça-feira, março 26, 2019
O MÉRITO E A COMPETÊNCIA FAMILIAR
quinta-feira, setembro 04, 2014
A CULTURA DO MÉRITO
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
RAPIDINHAS

Justiça – Enquanto assistimos às demoras dos processos e à impunidade que reina sempre que estão envolvidas figuras públicas. Há problemas na Justiça, talvez nas leis, na falta de pessoal, e até de condições físicas. Há surpresas no meio disto tudo, como seja o caso de Matosinhos em que há arguidos acusados de um roubo no valor de 10 euros num supermercado Minipreço, que estão a ser julgados por três juízes. Alguém percebe?
Constâncio – Os portugueses receberam com verdadeiro júbilo a escolha de Victor Constâncio para o lugar de vice-presidente do Banco Central Europeu, não por algum tipo de nacionalismo, antes por satisfação de nos vermos livres dele. Na nossa memória ficam os casos do BCP, do BPN e do BPP onde a sua supervisão mostrou ser um falhanço. As suas declarações recentes são lamentáveis, mas ainda nos lembramos do que disse no passado sobre a escolha da pessoa para este cargo: “escolhida não pelo mérito mas sim pela negociação…”

sábado, novembro 15, 2008
AVALIAÇÃO
Nunca tive particular preocupação em ser politicamente correcto, e expresso sempre a minha opinião neste espaço, mesmo quando sei que não é consensual. Hoje o tema é a avaliação do desempenho, muito em particular na função pública.
Tenho visto e lido muitas opiniões favoráveis à avaliação, que normalmente se refugiam em parâmetros de produtividade, de qualidade e de competência no desempenho das funções. Quase nunca ouço falar de condições de trabalho, e meios colocados à disposição, mas à partida penso que todos concordam que eles devem existir. Partindo destes princípios é difícil ser-se crítico em relação à avaliação.
Na função pública as coisas não são tão lineares assim. Começando pelos objectivos dos serviços que estão condicionados pelos dirigentes máximos, que no fundo são os ministros, e que portanto têm objectivos políticos e não funcionais. Segue-se toda uma hierarquia de pessoal nomeado por confiança política, que naturalmente respondem nessa mesma qualidade.
Depois dos objectivos temos a legislação e os procedimentos, a que muitos chamam, noutro contexto, burocracia, que condicionam cada acto dos funcionários. Há ainda o problema das condições de trabalho e os meios colocados à disposição, que naturalmente dependem dos orçamentos disponíveis, mas sobretudo da vontade e da “celeridade” do processo burocrático que depende de toda a cadeia hierárquica inerente a cada serviço ou organismo.
Por último, e porque estou naturalmente a simplificar as coisas, temos os avaliadores, os mesmos que foram nomeados por confiança política, e que portanto não são nem podem ser isentos, porque estão dependentes da (boa) vontade de quem os nomeou.
Isto traduz-se em anacronismos como o de ver um engenheiro civil a avaliar mecânicos, um engenheiro de máquinas a avaliar arquitectos e engenheiros civis, ou um doutorado em germânicas a avaliar técnicos informáticos. O que resulta numa grande trapalhada, especialmente quando há três ou quatro dezenas de funcionários a avaliar e quota de “relevantes” ou muito bons só permite atribuir uma ou duas notas dessas. O resultado é invariavelmente o mesmo: os que estão mais próximos da chefia são os bafejados, e todos os outros são preteridos, qualquer que seja o seu empenho e competência.
Em abstracto pode ser-se favorável às avaliações, mas na prática elas são um embuste, cujo único objectivo (economicista) é retardar ao máximo subidas nas carreiras e não reconhecer qualquer tipo de mérito.
segunda-feira, novembro 12, 2007
O MÉRITO
Como é habitual, vai um grande passo das palavras aos actos. Uma medida que podia ser considerada um incentivo a quem se esforça e cumpre integralmente os seus deveres laborais, não passa afinal de uma fantasia, ou melhor, uma intrujice para mascarar mais umas quantas prebendas para uns quantos protegidos.
Em conversa com alguns amigos, perguntei quantos tinham conhecimento de incentivos ao mérito proporcionados pelas suas empresas, ou com aquelas com quem contactam com alguma assiduidade, e a resposta foi quase unânime: apenas tinham conhecimento de prémios para as altas chefias e gestores.
Não me admira que a regra seja esta em Portugal, até porque ao longo da vida tive a oportunidade de manter os mais variados contactos com empresas e empresários, e também só conheço um caso em que realmente havia essa prática, e mesmo assim a empresa é estrangeira.
Costumo ouvir da boca de um amigo uma frase que é um retrato caricatural da gestão tipicamente nacional, “ se o filho é saudável e de olhos azuis, todos o querem, se é marreco e feio, não!”. A frase, com toda a crueldade que encerra, aplicada à gestão resume-se a: “se tudo correu bem ou melhor do que as expectativas, foi por haver boa gestão, pelo contrário, se correu mal e abaixo do esperado, é por causa da conjuntura e da ineficácia dos trabalhadores que são calaceiros e incompetentes”.
Uma originalidade portuguesa, infelizmente demasiado comum entre nós.