sábado, junho 30, 2012

O ALUNO IDIOTA

A teoria do bom aluno defendida e seguida pelo governo de Passos Coelho está a revelar-se um enorme erro a cada dia que passa. 

Nesta quadra dos Santos Populares, não há santinho nenhum que ajude o 1º ministro a explicar satisfatoriamente aos portugueses que o caminho seguido está correcto e que a oposição é que está enganada. 

Começando pela execução orçamental, que apresenta um buraco colossal, em que o aumento de impostos deu em menos receitas, até às manifestações a cada saída dos ministros dos respectivos gabinetes, tudo tem corrido mal para o executivo.  As manifestações contra o governo sucedem-se e têm tendência para se multiplicar.

Mas não bastam os sinais vindos cá de dentro, porque da União Europeia veio a pior notícia para o “aluno exemplar”, ao criar para a Espanha e para a Itália condições de financiamento e recapitalização, muito diferentes das que nos foram impostas. 

A Europa tem respostas diferenciadas para os países maiores e para os países de menores dimensões. A solidariedade não é igual para todos e o “aluno exemplar” é afinal o “idiota útil” de quem mexe os cordelinhos nesta Europa dos grandes onde Portugal tem um lugarzito lá no fundo quintal.


sexta-feira, junho 29, 2012

HÁ DIFERENTES EUROPAS

Ao longo dos anos tenho vindo a questionar a Europa onde os nossos políticos nos integraram (?), sem nunca ter-mos sido consultados via referendo. Dizem-nos que estar na União Europeia é bom, que beneficiamos de uma moeda única forte, e da solidariedade dos nossos parceiros, mas será que isso é mesmo assim tão benéfico para Portugal? 

As dúvidas colocaram-se desde o princípio, porque a convergência nunca se verificou, e as assimetrias continuaram a existir apesar de todas as promessas. A perda da moeda própria, sabe-se hoje, teve consequências bem notórias em tempos de crise, como os que vivemos. 

A solidariedade entre os países da União é talvez o factor mais questionável. As ajudas económicas, a que chamam planos de resgate, não passam de empréstimos muito bem remunerados que são concedidos em troca de perda de soberania. 


Esta Europa em que os países são tratados de maneira diferente em problemas da mesma natureza, não é a Europa que nos prometeram, e que nunca nos permitiram referendar. Talvez agora todos percebam porque nos impediram sempre de dar a nossa opinião. 

Eu recuso-me a fazer parte de uma comunidade em que os meus direitos são inferiores aos de outros parceiros.

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 Herói

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By Palaciano

By Palaciano

quinta-feira, junho 28, 2012

ENTRE O BATER RASGADO DOS PENDÕES

Entre o bater rasgado dos pendões 
E o cessar dos clarins na tarde alheia, 
A derrota ficou: como uma cheia 
Do mal cobriu os vagos batalhões. 

Foi em vão que o Rei louco os seus varões 
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia. 
 Água que mão infiel verteu na areia — 
Tudo morreu, sem rastro e sem razões. 

A noite cobre o campo, que o Destino 
Com a morte tornou abandonado. 
Cessou, com cessar tudo, o desatino. 

Só no luar que nasce os pendões rotos 
’Strelam no absurdo campo desolado 
Uma derrota heráldica de ignotos. 

Fernando Pessoa

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terça-feira, junho 26, 2012

PORTUGUESES ENGANADOS

Desde o início do programa de “assistência” ou “ajuda” financeira, que muitos de nós vimos a dizer que o programa, entretanto muito alterado (para pior), era demasiado penalizador para os portugueses e para a nossa economia, e que o prazo de implementação era demasiado curto, o que o tornava extremamente violento. 

Nesta altura já se pode fazer um balanço de mais de um ano de implementação desta “terapia de choque”, e o resultado não é nada animador, a começar pelo desemprego e terminar nos direitos laborais e sociais que foram reduzidos à sua forma mais simples, para não dizer residual. 

Claro que podemos ouvir o “patusco” deputado da maioria, Duarte Pacheco, dizer que “a avaliação das entidades independentes” ao cumprimento do programa da troika tem sido positiva, e saudando o seu colega Vítor Gaspar pelo seu “bom trabalho”, mas estou certo que nenhum desempregado terá essa opinião, nem nenhum funcionário público, nem nenhum empresário ou trabalhador da restauração, ou dos transportes… 

Por norma pensa-se que os governos governam para o povo, mas como se percebe bem a realidade é bem diferente, e este governo serve a troika, obedece-lhe cegamente, indo mesmo mais além dos seus desejos, e marimba-se para os portugueses e para as suas dificuldades. 

Eu não votei nestes senhores, e creio que a maioria dos que o fizeram, sentir-se-ão hoje traídos, porque a sua vontade e a confiança que tiveram nas promessas anteriores às eleições, nunca se transformaram em realidade, antes pelo contrário.

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 Papoila

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Justiça

domingo, junho 24, 2012

A LOBA CAPITOLINA

A escultura da “loba capitolina”, símbolo de Roma, onde se podem ver os dois gémeos Rómulo e Remo a serem amamentados por uma loba, é afinal uma peça da Idade Média e não uma peça etrusca como se supunha. A ciência serve muitas vezes para esclarecer dúvidas que por vezes se arrastam por longos anos, como é o caso vertente. 

A mitologia continua intocável, e podemos continuar a ler a Eneida de Virgílio com o mesmo encanto de sempre, porque vale mesmo a pena conhecer a explicação dos antigos para o nascimento das grandes civilizações. 

A lenda é quase sempre mais interessante do que a realidade!
 
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O Filme

sábado, junho 23, 2012

A VITIMIZAÇÃO

Ao ler a notícia do Diário Económico com o título “Gaspar assume fraquezas e espera recompensa”, fiquei com a certeza de que o ministro das Finanças de Portugal se está nas tintas para as dificuldades dos cidadãos deste país, e que espera que sejam a Grécia e a Espanha a abrir caminho para um possível alívio do cinto por parte da troika. 

A teimosia de Vítor Gaspar e de Passos Coelho é o resultado da sua insignificância no panorama europeu, e a sua falta de peso e de audácia obriga-os a esperar que outros façam o seu trabalho. 

A nossa economia afunda-se, o défice externo aumenta, as receitas dos impostos diminuem mas os nossos (des) governantes contentam-se com uns vazios elogios dos credores, que naturalmente ficam contentes por receber o seu dinheiro, mesmo que os portugueses passem mal. 

De governantes espera-se que defendam os cidadãos e não os agiotas que apenas estão interessados nos seus lucros em empréstimos com condicionantes que só servem para os eternizar. Percebo porque é que Gaspar ainda almeja um lugar no BCE, pois é obediente perante quem manda. 

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By Palaciano

sexta-feira, junho 22, 2012

OS AJUDANTES DE CAVACO

Eu não sei se se pode dizer que os ministros escolhidos pelo 1º ministro são seus amigos, mas pelo menos terão merecido a sua confiança política, técnica e pessoal, para o coadjuvarem na difícil tarefa da governação. 

Entre as escolhas de Cavaco Silva estiveram pessoas como Dias Loureiro, Duarte Lima e Arlindo de Carvalho, entre outros. Os três aqui nomeados, estarão segundo se pode ler na imprensa, a ser alvo de processo-crime conforme comunicado da Procuradoria Geral da República. 

O caso BPN ainda continua a dar que falar, e conhecendo-se alguns nomes dos possíveis implicados nesta autêntica burla que tão cara nos está a sair, ficamos quase com a certeza de que vai haver muito foguetório, mas no fim de tudo a culpa morrerá solteira, e os contribuinte pagarão não só o regabofe mas também as custas do processo que se vai arrastar em todas as instâncias possíveis e imaginárias.

DITADO

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!

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terça-feira, junho 19, 2012

PALAVRAS QUE NÃO ENCHEM BARRIGA

É quase um insulto ao pobres e aos desempregados deste país ler uma balanço da governação, um ano depois de ser eleito, onde a demagogia e a palermice imperam.

Pelo que lá se lê, Portugal “já não é notícia pela sua degradação económica” mas antes um “exemplo” de um país que “trilha” o “árduo caminho” para a “recuperação económica”. Claro que se podia contrapor dizendo que é um país onde muitos milhares perdem as suas casas e uns quantos compram mansões, ou em que se vendem muitíssimo menos carros, com a excepção dos de luxo que aumentam substancialmente as suas vendas.

Mas a demagogia vai ainda mais longe quando o governo se congratula pelas privatizações, como a da EDP e REN, a que se seguirão outras, esquecendo-se de acrescentar que as tarifas eléctricas reguladas aumentam várias vezes no espaço de um ano para obrigar os cidadãos a sair desse mercado e irem para o mercado desregulado onde as tarifas são maiores do que as praticadas anteriormente.

Termino dizendo que o governo se congratula por ter atingido os objectivos propostos no programa estabelecido com a troika, que trouxe ao país mais desemprego, mais impostos, menos protecção social, maior desregulação do mercado de trabalho e mais miséria.

Será que o governo vive noutro país, ou será que sou eu que estou a necessitar de mudar de lentes e de aparelho auditivo?
 
 
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Caminho Descendente by Palaciano

segunda-feira, junho 18, 2012

POESIA


Um homem tem que viver.
E tu vê lá não te fiques
– um homem tem que viver
com um pé na Primavera.

Tem que viver
cheio de luz. Saber
um dia com uma saudade burra
dizer adeus a tudo isto.
Um homem (um barco) até ao fim da noite
cantará coisas, irá nadando
por dentro da sua alegria.

Cheio de luz – como um sol.
Beberá na boca da amada.
Fará um filho.
Versos.
Será assaltado pelo mundo.
Caminhará no meio dos desastres,
no meio dos mistérios e imprecisões.
Engolirá fogo.

Palavra, um homem tem que ser
prodigioso.
Porque é arriscado ser-se um homem.
É tão difícil, é
(com a precariedade de todos os nomes)
o começo apenas.

 Fernando Assis Pacheco


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sábado, junho 16, 2012

INADMISSÍVEL


O jornal alemão pediu aos gregos para resistirem à demagogia do Syrisa, e apelou ao voto no Nove Democracia, porque só votar em forças que aceitam as condições do resgate é que a Grécia pode continuar no euro… 
 - * -
Fazer um editorial neste termos, em alemão e em grego, poucos dias antes das eleições na Grécia, é simplesmente uma provocação, para não dizer um insulto a todo um povo. Sabemos que a Alemanha não gosta de ser contrariada nas suas posições, mas todos os povos são soberanos para decidir o seu futuro, sem serem chantageados desta forma infame. 

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Escada by Palaciano

quinta-feira, junho 14, 2012

MERKEL E HÉRCULES

Foi com algum humor que foi recebida a afirmação de Angela Merkel de que a «salvação do euro é uma tarefa de Hércules». 

Tanto quanto se sabe Hércules não era alemão, e apesar do seu nome em latim ser este, ele era um herói da mitologia grega, de seu nome Héracles, filho do grande Zeus e da pobre mortal Alcmena. 

A História mostra-nos mais glória e sugere-nos mais respeito pelos feitos dos antigos gregos do que pela pelos feitos da Alemanha, pelo que a alusão à mitologia corre em desfavor da senhora Merkel. 

Da disciplina e rigidez económica da Alemanha, e da senhora Merkel, à indisciplina e ao pouco controle económico da Grécia, não sei qual dos dois será mais responsável pela grave situação que o euro atravessa. 

Para concluir, é óbvio que todos sabemos que a senhora Merkel não será nunca comparada à mitológica criatura – Hércules ou Héracles, segundo romanos ou gregos, nem pela coragem nem pelos seus feitos.

Hércules 

Héracles

terça-feira, junho 12, 2012

QUADRAS POPULARES

Nuvem do céu, que pareces 
Tudo quanto a gente quer, 
 Se tu, ao menos, me desses 
O que se não pode ter! 

O burburinho da água 
No regato que se espalha 
É como a ilusão que é mágoa 
Quando a verdade a baralha. 


domingo, junho 10, 2012

O FILME DA NOITE

Um filme com Henry Fonda, Anthony Perkins e Betsy Palmer, com uma aparição de Lee Van Cleef ainda como actor secundário, dirigido por Anthony Mann, mereceu a minha atenção e fez parte do meu serão de hoje.

INEVITAVELMENTE CHEGOU A VEZ DA ESPANHA

Como era fácil de prever a inoperância da Europa perante as dificuldades dos países mais pequenos, acabou por estender-se à Espanha que economicamente tem uma dimensão muito maior, o que acarreta perigos muito maiores para a zona euro e para a moeda comum. 

A Espanha veio agora solicitar ajuda, para já apenas para os seus bancos, no intuito muito claro de separar as águas entre o sistema financeiro e o sector público e restante economia. Envolver o Estado nos negócios da banca, como se está a fazer em Portugal é um erro e o preço pode ser muito superior ao do BPN, que já vai bem alto e ainda não parece estar completamente contabilizado. 

A Europa não pode arriscar-se a deixar afundar a Espanha, e por isso Rajoy vai ter a possibilidade de negociar condições e prazos muito mais favoráveis do que os exigidos aos três países já resgatados. Poucos gostam de falar sobre isto, porque a posição portuguesa de subserviência total é o oposto do que a Espanha vai conseguir, apesar de todas as críticas que por enquanto os nossos especialistas vão produzindo por agora.

PINTURA
El Greco

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sexta-feira, junho 08, 2012

AGORA PIA MAIS FINO

A Comissão Europeia tem tido um discurso rigoroso e verdadeiramente agressivo com os países que já estão a ser alvo de resgate, e estamos a falar da Irlanda, da Grécia e de Portugal. 

A receita foi extremamente dura e a austeridade pode dizer-se que brutal. Os resultados deste tratamento de choque estão bem à vista, e traduzem-se por aumento da dívida, aumento do desemprego e abrandamento da economia dos três países, já para não mencionar o facto de nenhum dos três ter acesso ao crédito internacional a preços comportáveis. 

A Europa em nada tem beneficiado com a crise dos três países, e a demora na implementação de uma ajuda verdadeiramente razoável, tem feito aumentar a especulação sobre os países do euro, e sobre a própria moeda europeia, alastrando-se a desconfiança a outros países, como agora acontece com a Espanha. 

Perante o ataque dos especuladores, e o descrédito derivado das notações das empresas de rating, a Espanha está agora em maus lençóis, e a sua banca necessita urgentemente de ser alvo de um resgate. Qual é a posição agora da Alemanha e de Bruxelas? 

Agora que é uma grande economia que está ameaçada, os senhores do euro moderam o discurso, não querem forçar mais austeridade, e preparam uma “ajuda suave” à Espanha. 

Enquanto eram só as pequenas economias a enfrentar dificuldades, eram inflexíveis, até porque se tratavam de mercados com pouco potencial, mas quando a escala ficou maior, já há quem pense que as exportações dos países ricos estão ameaçadas, e que a eventual saída do euro, por parte da Espanha era o fim do euro. 

Os gregos já tinham percebido a situação, e agiram como se sabe, e a Espanha também, pois como se recordam Rajoy não acedeu a baixar o défice como lhes era exigido, e a França já deu o mote sobre a necessidade de abrir caminho para o desenvolvimento. 

Passos Coelho na pressa de ser o primeiro está agora na cauda da Europa e o país vai acabar por sofrer durante mais tempo esta austeridade estúpida que nos está a afundar.

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quinta-feira, junho 07, 2012

SABEDORIA

Desde que tudo me cansa, 
Comecei eu a viver. Comecei a viver sem esperança... 
E venha a morte quando Deus quiser. 

Dantes, ou muito ou pouco, 
Sempre esperara: 
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco 
Voava das estrelas à mais rara; 
Outras, tão pouco, 
Que ninguém mais com tal se conformara. 

 Hoje, é que nada espero. 
Para quê, esperar? 
Sei que já nada é meu senão se o não tiver; 
Se quero, é só enquanto apenas quero; 
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . . 
E venha a morte quando Deus quiser. 

Mas, com isto, que têm as estrelas? 
Continuam brilhando, altas e belas. 

José Régio


quarta-feira, junho 06, 2012

O MAIOR BANCO PRIVADO

O BCP é desde há muito tempo intitulado o maior banco privado português, e nos últimos anos foi o centro de muitas notícias, quer por problemas internos quer por alguns negócios julgados duvidosos. 

Todos se lembram da saída de Jardim Gonçalves, das acusações que lhe foram feitas à época, da sua sucessão e das lutas pelo domínio do banco. Pelo que se soube mais tarde, a Caixa Geral de Depósitos emprestou largas quantias de dinheiro durante as lutas pelo domínio do banco. 

O tempo passou sobre tudo isto, os accionistas maioritários parece que até são estrangeiros, e o banco que paga reformas milionárias e salários fantásticos aos seus gestores, atravessa sérias dificuldades no que respeita a capitais próprios. 

Veio a público a notícia de que o BCP vai recorrer ao empréstimo com o aval do Estado, num valor creio que de 3,5 mil milhões de euros. Os mercados, os tais de que tanto gostavam os banqueiros e outra gente do meio da alta finança, estão agora a castigar as acções do banco que já valem pouco mais de 8 cêntimos, mostrando que há muitas dúvidas sobre a capacidade do BCP pagar este empréstimo no prazo definido. 

Vamos a ver se não vamos todos ser chamados a “bancar” também o BCP, e se também não vamos ser chamados a arcar com os prejuízos da CGD resultantes da aventura que foi a tentativa de domínio do BCP, cujas acções hoje valem muito pouco, comparativamente ao preço em que estavam na altura dos empréstimos muito criticados por quase toda a gente.
 
Sopra o vento e a verdade fica à mostra

segunda-feira, junho 04, 2012

O DESEMPREGO E OS ABUTRES

Quando as políticas de austeridade extrema conduzem o país ao aumento do desemprego, sem que se veja no horizonte qualquer sinal de inversão deste fenómeno, logo aparecem os que dizem ter soluções milagrosas para o problema sem alterarem as políticas a que se dizem empenhados. 

O governo, e muito em especial o ministro Santos Pereira, um profundo ignorante da realidade nacional, estão prestes a tornar pública uma iniciativa que dizem ser benéfica para a nossa juventude, que se traduz na redução da TSU para os salários mais baixos. 

O aproveitamento da mão-de-obra barata já mereceu o apoio da CIP, e do seu “vampiro nº1”, António Saraiva, pois de uma só cajadada pensa poder obter gente altamente qualificada pagando apenas o salário mínimo, e mesmo assim ver reduzida a TSU. 

A política de baixos salários faz o seu caminho com o beneplácito do governo de Passos Coelho e com a assinatura de Cavaco Silva. Os trabalhadores vêem assim desvalorizado o factor trabalho, e a Segurança Social fica cada vez mais depauperada, abrindo assim o caminho às seguradoras, como está bem à vista de todos.

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domingo, junho 03, 2012

ENTÃO QUEM É QUE DEVE MAIS?

O país está numa situação económica difícil, e segundo a classe política e os gurus da economia, seria porque as dívidas da República eram muito elevadas, porque o Estado consumia demasiados recursos e porque os portugueses viviam acima das suas possibilidades, estando por isso muito endividados. 

Aos poucos a realidade vai subindo à tona, e as explicações que nos tinham sido dadas começam a revelar-se desajustadas da realidade, destruindo a credibilidade de muitos políticos e economistas. As dívidas do Estado não eram tão grandes como se dizia, e o sector mais difícil nem era o da saúde, como se anunciava, mas sim o das empresas públicas, geridas segundo regras do sector privado e geridas pelos “melhores” o que até justificava salários verdadeiramente principescos. Desde a chegada da troika e do “plano de resgate” a dívida pública não parou de aumentar. 

Não nos podemos esquecer, porque não seria honesto, que o peso da dívida pública aumentou devido ao aumento dos juros acordados. Também não é de mais recordar que o peso das PPP, quer as rodoviárias, quer as da saúde (de que não se fala), estão a subir em flecha, sem que se encontrem culpados e sem se acabar de vez com as rendas mais do que excessivas. 

A cereja no topo do bolo das mentiras que nos têm vindo a contar, é a dívida das grandes empresas nacionais que até estão cotadas no PSI20, que somam dívidas 160% superiores aos capitais próprios. Também não é mau relembrar que muitas estão domiciliadas na Holanda, e têm gestores pagos a peso de ouro. 

Aqui o Zé pode ser um leigo em economia, mas não deve nada a ninguém, paga religiosamente os seus impostos em Portugal, não recebe um salário milionário, mas sofreu cortes no vencimento e nos subsídios de férias e de Natal. Não me venham dizer que vivo para além das minhas posses, que eu fico fulo com gajos aldrabões.
 
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sexta-feira, junho 01, 2012

DUALIDADE DE CRITÉRIOS

Uma das notícias que mereceu honras de 1ª página nos jornais e que foi tema de todos os telejornais foi o descalabro das PPP, segundo relatório do Tribunal de Contas. 

Ao que consta e foi publicamente anunciado, estamos perante desvios que atingem mais de 700 milhões de euros, uma monstruosidade. É absolutamente evidente, que a provar-se que com estes contratos o Estado foi prejudicado, a favor de terceiros que ficaram com lucros garantidos e em montantes injustificados, com a conivência de políticos, a Justiça terá que agir. O tempo da Justiça é lento, mas as coisas não podem ficar por aqui. 

É do conhecimento público que este governo invocou o estado de emergência nacional para tentar justificar os cortes dos subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos e pensionistas, pisando o risco da constitucionalidade, ou mesmo indo para além dela, mas não foi tão audaz nem tão pouco tão célere, na renegociação das PPP, quando todos perceberam que o país não estava, nem está, em condições de pagar tão elevadas rendas. 

Vamos ver se agora que se percebe que foram praticadas irregularidades nestes contratos, e que continuamos em risco de entrar em incumprimento, o 1º ministro e o seu ministro das Finanças, têm a coragem de renegociar estes contratos para termos mais justos e comportáveis, ou até de denunciar os mesmos contratos, impondo rendas mais baixas, pelo menos enquanto durar o plano de resgate.

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