quarta-feira, outubro 31, 2007

AS EVIDÊNCIAS

Entre os Quinze, Portugal está em 1º lugar nas despesas, e falamos de alimentação. Este dado é simplesmente assustador, e como tal, não recebeu a atenção do senhor 1º ministro ou do ministro das Finanças.
É sintomático que os membros do governo sempre prontos para brandir números para suportar as suas decisões, nos impostos, ou nos aumentos salariais, passem ao lado da negra realidade do país.
Os portugueses gastam cerca de 18% dos seus rendimentos só em alimentação. É fácil a cada português juntar a renda da casa, ou a mensalidade do empréstimo da mesma, mais as despesas com água, energia e transportes para se constatar que pouco ou nada resta do vencimento familiar.
Este indicador, que não passa de um valor médio, em nada abona a favor do nível de vida dos trabalhadores portugueses, e dos salários praticados, nem mesmo considerando que dos 25 membros da União Europeia, estejamos em sexto lugar neste item.
O cinto dos portugueses está já demasiado apertado, para se virem propor aumentos salariais de uma ou duas dezenas de euros à grande maioria dos que trabalham. A irracionalidade dos aumentos percentuais, que aumentam sempre mais, quem mais ganha, propostos pelos patrões e tolerados pelos sindicatos, continuam a cavar mais o fosso entre os mais altos e os mais baixos vencimentos.
Os 18% de gastos com a alimentação, são valores médios, que aumentam quanto menor for o rendimento e diminuem quanto maior ele for. Conclusão simples, como em Portugal temos das maiores injustiças no que toca à distribuição da riqueza, cada vez mais teremos trabalhadores empregados a viver abaixo do limiar da pobreza.

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FOTOS - FLORES
gitte ls landbo
Sortvind

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CARICATURAS FORMIDÁVEIS

Diretamente dos estúdios Valter Diney... por Gustavo Duarte

Caetoso Velano por Baptistão

terça-feira, outubro 30, 2007

MAIS E MELHOR, POR MENOS DINHEIRO

A propósito de um estudo, parece que encomendado pelo Instituto Nacional de Administração à Universidade Católica, o senhor ministro das Finanças concluiu brilhantemente, que “os cidadãos querem mais e melhor e que se gaste menos”.
Pelo que ouvi na rádio, foram inquiridas 300 pessoas das duas maiores cidades do país e 50 dirigentes da Administração Pública, pelo que se estranha muito a representatividade do mesmo, e mais ainda que dele se tirem algumas conclusões.
A propósito da afirmação de Teixeira dos Santos, pergunto se os portugueses fossem questionados sobre se “achavam que podiam produzir mais e melhor por menos dinheiro”, teria uma resposta que fosse do seu agrado.
Um estudo destes, ainda que coordenado por Roberto Carneiro, não deixa margem para dúvidas que é da conveniência do governo, quer pela oportunidade quer pelas conclusões, mesmo partindo de premissas bastante duvidosas. Como é que se pode admitir a comparação do desempenho entre o sector público e o privado, quando não há termo de comparação na maioria das funções? Porque carga de água o Ministério das Finanças aparece como um bom exemplo, quando é o mais odiado pelos contribuintes e dos que mais tempo demora a resolver as reclamações dos contribuintes? Será que os auscultados gostam tanto assim da celeridade das cobranças, que nem se importam com a morosidade nas reclamações?
Outro dado muito curioso deste estudo, foi a revelação do senhor ministro das Finanças de que há melhorias na função pública, dando como exemplo o rejuvenescimento dos funcionários. Curioso, porque a idade média dos funcionários tem aumentado a olhos vistos, e as admissões têm estado praticamente congeladas, à excepção do seu próprio ministério.
Eu concluo com um dito popular – querem galinha gorda por pouco dinheiro?

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Fotografia
Ловец снов

Ловец снов

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CARTOON

Steve Sack
John Cole

segunda-feira, outubro 29, 2007

CONVERSAS SOBRE PATRIMÓNIO

Este sábado e domingo, resolvi encontrar-me com um amigo de longa data que conhece bem os museus e os monumentos, para trocarmos umas impressões sobre o que se faz, ou não, nestes serviços dependentes do Ministério da Cultura. Por sua sugestão começámos pelo Museu do Azulejo, seguiu-se o Museu das Janelas Verdes, o dos Coches, o de Arqueologia, os Jerónimos e a Torre de Belém, no sábado, e o Palácio de Monserrate e o de Queluz no domingo.
Não há nada como fazer visitas destas com alguém que conheça bem os edifícios e colecções, para se ter uma visão crítica e fundamentada sobre os aspectos de conservação e de exposição. Apesar de já conhecer todos estes museus e monumentos, e mesmo estando ligado à construção civil e à decoração de espaços, confesso que sem as chamadas de atenção de quem sente os problemas no seu trabalho diário, muito do que agora vi ter-me ía passado despercebido.
Apercebi-me de infiltrações, de peças em exposição que necessitam de trabalhos de conservação e até de restauro, de faltas de pessoal e de formação dos mesmos, até porque muitos são contratados. Também foi curioso ver que a informação é deficiente, e às vezes muito má e pouco cuidada, já para não falar da qualidade das lojas que visitei, onde é mais fácil encontrar um lápis ou uma porcelana do que um livro técnico sobre azulejos ou sobre estilos arquitectónicos.
Sobre jardins já tinha tido um mau exemplo na zona circundante do Palácio da Ajuda, mas fiquei estarrecido com o Palácio de Monserrate, onde já não ía há alguns anos e pior ainda com o Palácio de Queluz, que é uma (má) caricatura do que eu conhecia há quinze ou vinte anos atrás.
Não sei se o meu amigo tem razão, eu gostaria que não, mas segundo ele, parece que a intenção é deixar estes serviços afundarem-se, justificando assim a sua entrega à gestão privada, mais ágil e dinâmica, ainda que muito mais cara, porque não há almoços grátis, como diz um certo cronista.

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FOTOS INCORRECTAS
barbie at night by Catboymeowian

waiting for the frog prince I by rinascita

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OS DESTAQUES DO ZÉ

sábado, outubro 27, 2007

DUAS INAUGURAÇÕES?

A exposição Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage – De Pedro, o Grande, a Nicolau II, mereceu duas inaugurações, a 1ª com a presença de Cavaco Silva e Putin e a 2ª com ministra da Cultura e uma corte mais plebeia.
Os notáveis do burgo e Isabel Pires de Lima, que não vi, não abdicaram dos seus momentos de glória (?) neste evento cultural.
O fausto impera nesta mostra, onde pontuam ouros e jóias bem como porcelanas e pinturas, além do famigerado trenó, que os comissários portugueses fazem gala de dizer terem sido os responsáveis pela sua vinda, em substituição do coche proposto pelos russos.
Como seria de esperar, a 1ª noite registou uma enchente onde pontuavam muitas figuras de 2ª linha da nossa Cultura, aqueles a que já nos habituámos a ver nas inaugurações, e também muito público anónimo, curioso com a mostra a que respondeu em bom número e obrigou a uma abertura mais cedo que o previsto.
Não pude visitar convenientemente a loja, nem apreciar o que havia disponível, pelo que me detive a apreciar as mudanças registadas na Galeria D. Luís onde tinha estado pela última vez há já uns anos, na altura para comprar uns livros que estavam a preços muito em conta. Não se pode dizer que tenha ficado encantado com a disposição da exposição, mas também não fiquei desiludido, embora tenha de voltar, com tempo e noutra ocasião com menos gente, para apreciar devidamente as peças.
Não acredito que atinja os 150 mil visitantes, como apontam os organizadores, mas nestas coisas nunca há certezas, e a surpresa pode acontecer, e será bem recebida.

Feira de Vaidades by Goraz
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FOTOS - BORBOLETAS

Sergey Nikolaev

Sk8man

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CARTOON - JUSTIÇA

sexta-feira, outubro 26, 2007

RAPIDINHAS

Pena de morte – Enquanto que pela Europa nos vamos batendo contra a pena de morte, eis que aparece a China a dizer que “quanto à pena de morte, países diferentes têm circunstâncias diferentes. As medidas concretas devem ser guiadas pelas condições específicas de cada país”. Como se alguma explicação possa justificar a crueldade que é tirar a vida a um semelhante, com um tiro na nuca.
Com esta posição a China mostra uma das facetas de falta de respeito pelos direitos humanos, mas diga-se de passagem que está bem acompanhada na justificação, com os chamados “perigos sérios”, pelos Estados Unidos, que recentemente viu mais um dos seus políticos receber o Nobel da Paz.
Portugueses são desconfiados e menos cívicos – Segundo a OCDE os portugueses são desconfiados e têm falta de civismo, classificando-se em 25º lugar entre 26 países. Estes estudos sobre os quais se tiram imediatamente conclusões económicas e filosóficas, fazem-me sorrir, porque nunca são aproveitados para se atacar as suas causas, que são quase sempre de ordem social e política.
Que dizer da “ausência de confiança generalizada nos outros e nas instituições”? E que os portugueses “acham legítimo receber apoios estatais indevidos, adquirir bens roubados, ou aceitar luvas no exercício das suas funções”? Claro que não são todos os portugueses, mas sim uma percentagem superior à registada noutros países.
A confiança depende da transparência dos actos, logo talvez não seja difícil tirar conclusões, já quanto aos apoios estatais indevidos ou as luvas, volto à transparência e às desigualdades e injustiças sociais, Não basta tirar apenas conclusões sobre os efeitos negativos para a economia, destas constatações, importa combater as razões da desconfiança e da falta de civismo.

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FOTOS - FORMAS E CÔR
sila

Trond

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CARTOON - IMPRENSA FRANCESA

Burki

Hermann

quinta-feira, outubro 25, 2007

quarta-feira, outubro 24, 2007

MEDO DO REFERENDO?

A opinião do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, é respeitável se emitida na condição de simples cidadão, mas é inoportuna e criticável enquanto membro do governo português. Todas as opiniões são possíveis, e certamente cada um terá a sua, mas nem todos estão condicionados, como Luís Amado pelas posições anteriormente assumidas perante os seus eleitores e perante toda a opinião pública.
A frase mais difícil de “engolir” na sua entrevista ao Rádio Clube Português é a seguinte “os tratados internacionais não têm de ser referendados. É para isso que existem os parlamentos”. O senhor ministro esquece-se propositadamente do compromisso tomado perante o eleitorado pelo seu partido, quando se apresentou às eleições legislativas, e pretende dizer que mesmo não respeitando os compromissos eleitorais, os eleitos têm legitimidade para aprovar este tratado. É muito curioso este conceito de legitimidade política, na sua boca.
É também incompreensível que enquanto ministro do governo português tenha emitido esta opinião, quando também recordou que o governo condicionou a sua posição oficial por exercer a presidência da União Europeia até ao final de Dezembro, não querendo por isso condicionar ou inibir o desenvolvimento do processo negocial. Mas afinal Luís Amado é ou não o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal?
Por fim, temos o argumento da complexidade deste tipo de tratados e da dificuldade de fazer uma pergunta concreta entendível para o cidadão comum. Senhor ministro, os eleitores em causa são os mesmos que votaram maioritariamente no seu partido nas anteriores legislativas, para o bem ou para o mal.

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PAISAGENS NO OUTONO
lilit10

monterey

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CARTOON FRANCÊS
Chappatte

Delize

terça-feira, outubro 23, 2007

CULTURA IMPERIAL

Quis o acaso, que o meu artigo sobre a exposição a realizar na Galeria D. Luís do Palácio Nacional da Ajuda, com peças provenientes do Museu Hermitage, tenha sido publicado quase em simultâneo, com um artigo da Actual e de uma entrevista da ministra da Cultura dada ao jornal Destak.
Como já manifestei ontem, tenho intenções de visitar esta exposição, até porque nunca tive a oportunidade de ver qualquer colecção do Hermitage, e porque sou um visitante habitual de exposições de arte, bem como de Museus e Monumentos. Isto não invalida a minha estranheza perante este interesse da senhora ministra, na parceria com o museu russo, que contrasta enormemente com a falta de empenhamento em trazer a Portugal a exposição sobre os Descobrimentos, que esteve patente nos EUA e agora vai para a Bélgica, ainda que não na totalidade.
Li atentamente a entrevista do Destak e confirmei a impressão de que esta exposição e esta parceria são uma iniciativa da própria ministra, e que um milhão e duzentos mil euros do milhão e meio que custará a exposição foram canalizados de patrocínios, públicos e privados. É de tomar em conta que para 2008 está prevista uma exposição, mais pequena, na cidade do Porto, e em 2009 outra em Lisboa, provavelmente também na Galeria D. Luís. Em 2010 está prevista a abertura de um pólo do Hermitage em Portugal, em local a definir.
Sem colocar em causa a qualidade dos eventos e das peças a ser expostas, que não conheço, parece-me demasiada fartura para um País que tão poucas verbas afecta para a Cultura. Será que não haverá falta de verbas para cuidar do nosso Património?
Para terminar, deixo aqui a notícia do jornal diário russo “Kommesant”, segundo a qual o Museu Hermitage decidiu encerrar o seu pólo de Londres, devido a problemas de financiamento e ao aumento dos custos das exposições. Também relevo que em contraponto com os mil metros quadrados da Galeria D. Luís, o pólo do Hermitage em Londres estava instalado em cinco salas, na Somerset House com uma área total de 411 metros quadrados.
Tudo isto dá que pensar, ainda que a expectativa possa ser muita.


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CARTOON
Larry Wright

Pat Bagley

segunda-feira, outubro 22, 2007

GRANDEZA IMPERIAL

É já esta semana que vai ser inaugurada a exposição Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage – De Pedro, o Grande, a Nicolau II, na Galeria D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda em Lisboa. Está assim criada a expectativa para uma grande exposição a realizar em Portugal, que segundo os responsáveis irá ser uma das mais visitadas de sempre.
Não pretendo desvalorizar esta iniciativa cultural, nem aliás qualquer outra, mas fiquei algo surpreendido com o envolvimento directo da ministra da Cultura nesta exposição, bem como com os meios envolvidos na realização da mesma. Por um lado, pretendo ir ver obras que nunca tive oportunidade de poder admirar ao vivo, por outro lado, começo a ficar com a sensação de que estamos perante um evento de natureza política, e desenquadrado da realidade cultural portuguesa.
As reacções de alguns dirigentes dos museus nacionais já começaram a ouvir-se e só me surpreendem por tardias, e sobretudo porque me recordo muito bem do que dizia um abaixo-assinado subscrito por muitos deles, onde concordavam plenamente com a política delineada por este ministério. Tardiamente talvez, também eles começam a perceber que o centralismo decisório, é castrador da iniciativa dos responsáveis dos diversos museus, palácios e monumentos, como ainda colocam em risco o investimento necessário para a manutenção e renovação necessárias nesses serviços.

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FOTOGRAFIA
Anna Ostanina

EduART

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CARTOON AFRICANO


sexta-feira, outubro 19, 2007

A INSEGURANÇA


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Amigos - Voltei às minhas merecidas férias e peço desculpa por não fazer as minhas habituais vistas, mas estou a aproveitar os últimos dias de descanso. Espero voltar em pleno na próxima semana.

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FOTOS - BORBOLETAS
robo

robo

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CARTOON
Tayo Fatunla

Mohammad Al-Rayies

quinta-feira, outubro 18, 2007

TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS


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Acabei de ouvir este tema interpretado por Francisco Fanhais

PORQUE


Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão

Porque os outros têm medo mas tu não



Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.



Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.



Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner

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FOTOS - PALHAÇOS

evil clown by ElBorbah

Orangutan by minouz

Chimp Clown by ThreeProngs

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CARTOON

Patrick O'Connor

quarta-feira, outubro 17, 2007

REFLEXÕES

Na calma que deriva do descanso a que me impus nos últimos dias, comecei a reflectir sobre o que tenho visto estampado em blogues e na imprensa que, por hábito antigo, continuo a ler com regularidade.
O descontentamento está a subir e as tensões sociais acentuam-se a olhos vistos. Um facto político abriu uns parênteses nesta situação, que foi a escolha de Meneses para dirigir o PSD e a candidatura de Santana Lopes para a direcção da bancada parlamentar do mesmo partido, que suscitou alguma expectativa em algumas pessoas.
Não nutro a mesma esperança, devo confessar, porque o problema vai muito para além dos protagonistas, residindo antes no sistema político-partidário que temos, e na sua lógica de funcionamento, em que as opiniões mesmo que com diferenças assinaláveis, acabam por se render ao aparelho partidário e aos interesses instalados, que garantem o funcionamento e o financiamento da máquina que pode vir a garantir o assalto ao poder.
Sei que para alguns dos meus leitores estou a ser demasiado céptico, que nem sequer estou a ser justo por não dar tempo ao tempo para tirar então, as minhas conclusões, mas é assim que eu penso.
O pecado, ou melhor, a doença do nosso sistema partidário, é a dependência do grande poder económico, que nos distingue por exemplo das democracias do norte da Europa, em que a política é apenas uma forma de serviço público e de intervenção cívica dos cidadãos, onde o financiamento privado não é permitido, dando espaço a uma verdadeira independência entre estes dois poderes, o político e o económico.

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NEGOCIAÇÕES (?)

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FOTOGRAFIA

Port'a'head disguise by echoandwave

Port'a'head by echoandwave

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CARTOON

Socrates Internet by rodani

Rodrigo de Matos