Tem-se discutido nos últimos dias se os hipermercados deviam ser autorizados a abri aos domingos à tarde, o que não sendo um tema novo não deixa de ser interessante.
O modo como se apresenta a questão, por ser demasiado simplista e indutor de respostas óbvias, sempre me pareceu uma manobra ínvia para se obter um resultado favorável à pretensão dos donos dessas grandes superfícies. É perfeitamente natural que os proprietários dos hipermercados queiram obter maiores lucros, maximizando os seus recursos humanos, fazendo um apelo à comodidade dos potenciais clientes e ao egoísmo natural dos mesmos. Mas será que podemos ignorar tudo o resto?
A simples alteração dos horários dos hipermercados tem repercussões em diversas áreas como a economia, o emprego, a família, e até na gestão dos tempos livres e nas actividades de lazer.
Na economia e no emprego, é fácil de prever um maior sufoco no pequeno e médio comércio, com a consequente perca de postos de trabalho que não serão recuperados com o emprego prometido pelas grandes superfícies, já que o tipo de organização é muito diferente e menos personalizado.
Falo na família, porque quem trabalha nesses estabelecimentos são pessoas como todos nós, e se o trabalho ao domingo fosse também proposto aos potenciais clientes, duvido que as respostas fossem percentualmente tão elevadas, como as que nos fazem questão de mostrar. É que deve ser tão necessário ir às compras no domingo à tarde, como ir tratar de assuntos a uma repartição de finanças, tirar uma licença camarária, revalidar uma carta de condução, fazer uma consulta de rotina ou a revisão do automóvel.
A pretensão dos proprietários dos hipermercados insere-se numa estratégia bem montada para fidelizar a sua clientela, tornando-a cada vez mais dependente destes estabelecimentos, o que é compreensível do ponto de vista estritamente comercial, mas tem consequências óbvias noutras áreas que importa ter em linha de conta. Outras sociedades, bem produtivas e com melhor qualidade de vida e maior poder de compra do que nós, já chegaram à conclusão óbvia que o descanso e o bem estar das populações, particularmente das famílias, são mais benéficos em termos globais para o aumento de produtividade do que a desregulamentação dos horários de trabalho.
Fica uma pergunta incómoda para todos: importava-se de trabalhar aos sábados domingos, e possivelmente ter folgas desfasadas em relação aos outros membros do seu círculo familiar mais restrito?
O modo como se apresenta a questão, por ser demasiado simplista e indutor de respostas óbvias, sempre me pareceu uma manobra ínvia para se obter um resultado favorável à pretensão dos donos dessas grandes superfícies. É perfeitamente natural que os proprietários dos hipermercados queiram obter maiores lucros, maximizando os seus recursos humanos, fazendo um apelo à comodidade dos potenciais clientes e ao egoísmo natural dos mesmos. Mas será que podemos ignorar tudo o resto?
A simples alteração dos horários dos hipermercados tem repercussões em diversas áreas como a economia, o emprego, a família, e até na gestão dos tempos livres e nas actividades de lazer.
Na economia e no emprego, é fácil de prever um maior sufoco no pequeno e médio comércio, com a consequente perca de postos de trabalho que não serão recuperados com o emprego prometido pelas grandes superfícies, já que o tipo de organização é muito diferente e menos personalizado.
Falo na família, porque quem trabalha nesses estabelecimentos são pessoas como todos nós, e se o trabalho ao domingo fosse também proposto aos potenciais clientes, duvido que as respostas fossem percentualmente tão elevadas, como as que nos fazem questão de mostrar. É que deve ser tão necessário ir às compras no domingo à tarde, como ir tratar de assuntos a uma repartição de finanças, tirar uma licença camarária, revalidar uma carta de condução, fazer uma consulta de rotina ou a revisão do automóvel.
A pretensão dos proprietários dos hipermercados insere-se numa estratégia bem montada para fidelizar a sua clientela, tornando-a cada vez mais dependente destes estabelecimentos, o que é compreensível do ponto de vista estritamente comercial, mas tem consequências óbvias noutras áreas que importa ter em linha de conta. Outras sociedades, bem produtivas e com melhor qualidade de vida e maior poder de compra do que nós, já chegaram à conclusão óbvia que o descanso e o bem estar das populações, particularmente das famílias, são mais benéficos em termos globais para o aumento de produtividade do que a desregulamentação dos horários de trabalho.
Fica uma pergunta incómoda para todos: importava-se de trabalhar aos sábados domingos, e possivelmente ter folgas desfasadas em relação aos outros membros do seu círculo familiar mais restrito?
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FOTOGRAFIA
15 comentários:
Este tema é muito complicado de analisar.
Por um lado, estou de acordo com a teoria que diz que a abertura aos Domingos àtarde e feruiados só aumenta os lucros dos grandes e sufoca os pequenos espaços comerciais.
Por outro, comtanto desemprego, poderia ser uma forma de mais gente conseguir trabalhar, ainda que de forma precária e empart-time.
É difícil ver para que lado cai o prato na minha balança, ainda que em teoria concorde em absoluto que todos devemos ter, no mínimo, um dia dedicado à família e ao lazer.
Mas pensarão assim os milhares de desesperados que concorrem a um empregozinho?
É terrível, quando a procura de trabalho é bem superior à oferta! E disso se aproveitam os tubarões, claro!
Um abraço.
este post vem mesmo a calhar. sou suspeita para falar porque trabalho em part-time num hipermercado que está aberto aos domingos e feriados, é incrivel a quantidade de pessoas que fazem compras, em pequenas quantidades de facto e supérfluas, nota-se que são compras de ocasião! não há mãos a medir e depois haja quem os ature!
contudo vou de encontro à questão que levantaste eu submeto-me a este emprego com horários ambulantes porque andei cinco anos a tirar um curso...alguma coisa estará mal não?!
Gostei do blog!
abraço
abraço
Concordo contigo, Zé. Nestas sociedades doentiamente consumistas e materializadas as pessoas tornam-se frias e individualistas olhando os seus interesses de um ponto de vista meramente egoísta e interesseiro. E os patrões, os grandes patrões, insaciáveis perante o lucro, se puderem vender mais e utilizar as mesmas pessoas forçando-as a turnos e horários mais violentos não olham para trás.
Compreendo perfeitamente que o aceno com mais alguns empregos, possa colher algumas opiniões favoráveis, mas não acredito que os postos de trabalho que daí possam advir cheguem sequer para cobrir os que vão ser perdidos pelo restante comércio, dito tradicional. A parte que muitos de nós por vezes preferimos não encarar, com algum egoísmo talvez, é a questão familiar, destes e outros trabalhadores, que raramente estão um dia inteiro com as famílias e muitas vezes não têm com quem deixar os filhos. Será que o nosso egoísmo e o desejo de maiores lucros justificam os inconvenientes? Será que cada um de nós estaria disposto a aceitar calmamente trabalhar aos sábados e domingos?
Abraço do Zé
eu não concordo ponto final
Olá Zé,
Pois o assunto é polémico e qualquer posição que se tome, não está isenta de críticas.
Zé : adoro romãs . Tem ali tantas.
Saio do seu espaço cheia de água na boca ...
Um beijinho
Maria
Quem já experimentou trabalhar sábados e domingos a fio sabe do que falas, Zé. Os outros preferem não perceber, porque nós somos todos egoístas por natureza.
Bjos
A lei está muito bem como está, defende o comércio "tradicional", se temos grandes superfícies que podem trabalhar dia e noite, sete dias por semana, por turnos, esmagando o pequeno comércio, muitas vezes familiar, que não tem a mínima hipótese de competir, só se o dono fosse viver para dentro da loja.
Olha, Zé, ontem deixei aqui um comentário muito recalcitrante, mas puff!!! desapareceu.
Se calhar foi melhor assim. Mas volto logo, que hoje já é dia de trabalho.
Um abraço
Se eu fosse radical, horários como em França. Tudo fechado e mesmo à semana, fechar cedinho.
Só que, depois, ficava-me a dúvida: onde é que eu ia fazer compras?????
Este tema tem toda a cuidade e as pessoas têm que se disciplinar no sentido de fazerem as compras de modo a não sacrificarem os empregados dos hiper que são, cada vez mais, brasileiros e africanos, com ordenados de miséria a fazerem horários de escravatura. E o pequeno comércio também tem que viver e está a morrer. Força Zé Povinho!
Hoje em dia já há muitas profissões que trabalham aos domingos, feriados etc, não é por aí que sera caótico.
Acho que ambos os lados tem prós e contra. Mas com a taxa de desempregos hoje, talvez se justifique a abertura, para haver mais trabalhos, mesmo que com alguma precariedade é melhor que estar desempregado.
«Outras sociedades, bem produtivas e com melhor qualidade de vida e maior poder de compra do que nós, já chegaram à conclusão óbvia que o descanso e o bem estar das populações, particularmente das famílias, são mais benéficos em termos globais para o aumento de produtividade»
Pois, isso tb é uma boa verdade sim, Zé.
...é complicado.
Abraço
da
Sulista
Por falar em trabalhar aos domingos, eu sou um dos que o faz por obrigação, e não gosto. Já não tenho filhos pequenos, mas há colegas que os têm, e não há creches onde os deixar pelo que o recurso é o recurso aos familiares, quando isso é possível, ou então, como não podem estar no serviço, as mães faltam. Os casais ressentem-se, pois um trabalha durante a semana, já o outro folga precisamente durante a semana.
Será que a comodidade e o egoísmo de alguns justifica o sacrifício dos outros? Durante a semana têm os supermercados abertos até às 10 horas da noite, acham que não têm tempo para fazer as compras? Porque não abrem também as escolas, asfinanças, as câmaras municipais, os notários, as escolas de condução, os infantários, as creches, os tempos livres, os tribunais, etc.?
Lamento dizer que o egoísmo e o lucro comandam a vida, e que isto parece uma guerra, em que o sacrifício de uns serve para que os outros tenham as suas comodidades satisfeitas. É triste mas socialmente a nossa civilização está a regredir.
Com o tempo chegará a todos, mas nem assim os incautos abrem os olhos.
Fui
bem eu sou a favor de os hipermercados estarem abertos aos domingos, pelo menos aqui na zona de vila do conde que é aonde moro. se precisar de alguma coisa de ultima hora bem tramado estava se fosse a lojita do tio manel , desde que sou vivo nao me lembro de ter aberto a um domingo á tarde.para nao falar dos ditos modelos que têm licensa para estarem abertos e a confusao que é nas tardes de domingo para quem passa por lá,existem pessoas que nao têm como fazer as suas compras á semana. para quem nunca passou por estes sitios ao fim de semana que passe para ver a confusao,é o caos! é a minha opiniao . abraço
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