*
*
*
Leituras recomendadas AQUI e AQUI
terça-feira, fevereiro 28, 2017
domingo, fevereiro 26, 2017
DISCUSSÕES SÉRIAS TÊM O SEU LADO POSITIVO
As opiniões dos historiadores sobre os quadros de suporte a uma exposição do Museu de Arte Antiga continuam a ter eco na nossa imprensa e não parece haver consenso. Argumentos de um lado e de outro colhem seguidores, e a última palavra só poderá ser a dos especialistas que eventualmente venham a analisar os quadros em questão.
Aos historiadores gostaria de dizer que o que o público deseja deles é a discussão sobre a vida em Lisboa na época a que a exposição pretende reportar.
Eu sou bastante céptico quanto a verdades absolutas e a técnicos donos da verdade, porque já detectei muitos erros nas exposições de diversos historiadores, e porque a História não é uma ciência exacta, admito o erro e acho bom que se continue a investigar e a discutir as opiniões, porque isso é saudável e é um passo positivo na procura da verdade.
Nota: Deixo-vos duas imagens onde podem constatar um erro dum especialista que respeito, mas que também pode errar como qualquer um de nós, leigos.
Capa do Livro
Texto assinalado
sexta-feira, fevereiro 24, 2017
CULTURA E AUTENTICIDADES
Quando se discute a autenticidade das pinturas que serão expostas numa exposição do Museu Nacional de Arte Antiga, o que é perfeitamente aceitável, existem muitas coisas que passam ao lado dos historiadores, que também não são autênticas, e que não lhes merecem a devida atenção.
Todos os que conhecem bem os palácios reais sabem que o que é mostrado ao público não são os espaços exactamente como estavam no tempo dos Reis (e viveram lá bastantes), mas sim um ambiente o mais idêntico possível a um determinado período da história relacionada com o palácio.
No Palácio Nacional da Ajuda as coisas foram mais ou menos consensuais, e fáceis de conseguir, e no Palácio Nacional da Pena também se conseguiu criar uma exposição aproximada, mas nos outros palácios as coisas foram mais difíceis e pouco consensuais.
Imaginem a dificuldade em decorar o Palácio Nacional de Mafra, onde apenas o D. João VI viveu durante cerca de um ano, tendo os outros Reis passado lá em muito poucas ocasiões, ou no Palácio da Vila de Sintra que foi usado ao longo de muitos séculos como residência de Verão e como sala de visitas para altos dignitários estrangeiros, e compreenderão como as decorações são muito discutíveis.
Para exemplificar o que digo deixo-vos umas aguarelas de Enrique Casanova, de espaços que já não existem como estão representados e uma fotografia duma cama que nem sequer está em exposição, que estava nuns aposentos que nem sequer são hoje visitáveis.
Vamos mesmo discutir a autenticidade de tudo?
Cama do Quarto da rainha D. Maria Pia
Quarto de D. Luís
Quarto Toilette
Sala do Despacho
quarta-feira, fevereiro 22, 2017
NEGÓCIOS, PROTECCIONISMO E BALELAS
Tem sido norma ouvir-se que
Portugal tem um mercado de trabalho excessivamente protegido, e que isso é
prejudicial para a produtividade, competitividade e atracção de investimento
estrangeiro. As vozes que se ouvem neste sentido são sempre as ligadas aos
grandes negócios e empresas, seus representantes e os comentadores e
economistas que gravitam em torno dos seus interesses.
A realidade é pouco favorável a
estes senhores que se intitulam de liberais, porque em Portugal é facílimo o
despedimento colectivo, a precariedade é maior do que a média europeia, e os
sindicatos em Portugal são menos fortes do que na maioria dos países mais
desenvolvidos da Europa.
Um pequeno exemplo da falta de
protecção do emprego e dos direitos dos trabalhadores, em Portugal,
relativamente ao que se passa nos países que mais nos têm criticado, é o caso
da possibilidade da compra da Opel pela PSA, que mereceu a intervenção da
própria chanceler alemã, Angela Merkel, que conduziu à promessa de Carlos
Tavares, chairman da PSA de proteger os funcionários da Opel.
Imaginem senhores liberais o que
diriam vocês da Intervenção no mesmo sentido do nosso 1º ministro,
relativamente à compra por alguma empresa estrangeira de outra ainda nacional (raridades)…
Lohner Porsche o 1º Híbrido
segunda-feira, fevereiro 20, 2017
VISÕES SOBRE PORTUGAL
A poucos dias da inauguração da
exposição “ A Cidade Global” no Museu Nacional de Arte Antiga, importa saber
como é vista pelos estrangeiros a sociedade portuguesa em determinadas épocas
da nossa História.
Esta exposição que pretende mostrar
a Lisboa do Renascimento, suportada por dois quadros que são considerados
polémicos por alguns especialistas nacionais, está de acordo com diversos
autores estrangeiros como Roger Crowley ou Martin Page, e afasta-se bastante
duma visão presa a complexos que nos vinha a ser transmitida por historiadores
nacionais.
O modo como vimos e o modo como
fomos vistos por estrangeiros é diverso, e se os últimos pensam que Portugal
mudou o mundo e criou o primeiro Império Global no século XVI, nós somos mais
modestos e apenas nos concentramos nas descobertas e na expansão da fé cristã,
e não nas suas consequências, excepto na riqueza do rei D. Manuel e nas suas
maiores manifestações, os monumentos e a embaixada ao Papa.
Vem a propósito recordar que
quando falamos do nosso século XVIII vamos directamente para o D. João V, para
o ouro do Brasil, e para o Convento de Mafra e não conseguimos relatar como era
a nossa sociedade por esses dias com a crueza que o fazem autores como Johann Heinrich Friedrich Link que nos descrevem
como um povo em clausura monástica, em que as procissões eram um acontecimento
social, quase que como um carnaval, em que serviam de manifestação exterior de
religiosidade, mas que socialmente é uma festa e uma ocasião para se conviver,
mostrar e até conveniente a nível político, em que o monarca não se inibia de
participar colhendo assim popularidade.
O contraste entre a visão dos nossos historiadores e a dos viajantes e investigadores
estrangeiros é enorme, e faz-nos meditar sobre o que realmente fomos…
sábado, fevereiro 18, 2017
D. AFONSO VI – A ANULAÇÃO DO CASAMENTO
D. Maria Francisca alegando a
incapacidade do marido, resolvera separar-se dele. Escreve uma carta,
comunicando-lhe que recolhia ao Convento da Esperança e ia requerer a anulação
do casamento para regressar ao seu país, levando o dote que trouxera Nessa
mesma data dirigia ela uma epístola ao Cabido da Sé de Lisboa, informando-o das
suas intenções, nestes termos:
Apartei-me da companhia de Sua
Majestade, que Deus guarde, por não ter tido efeito o matrimónio em que nos
concertámos, e por não poder sofrer mais tempo os escrúpulos da minha
consciência, que me fez dissimular até agora o amor que tenho e me merecem
estes reinos. Esperoque Sua Majestade, como melhor testemunha da minha razão, a
declare para me recolher brevemente a França sem embaraço a minha pessoa.
E rogo ao Cabido da Santa Sé
desta cidade, a quem por seus ministros toca ser juiz desta causa a queira
mandar abreviar quanto for possível, favorecendo em tudo o que for justo a uma
estrangeira magoada da desgraça de não poder viver na terra que veio buscar com
tanto gosto.
E pode muito confiadamente
entender de mim o Cabido, que em toda a parte em que assistir, saberei
reconhecer a cortesia com que me trataram.
Lisboa, 22 de Novembro de 1667
Maria Francisca Isabel de Saboia
quinta-feira, fevereiro 16, 2017
O DOCUMENTO DE ABDICAÇÃO DE D. AFONSO VI
Diz o documento escrito pelo
secretário de D. Afonso VI, António Cavide:
El-rei nosso senhor, tendo
respeito ao estado em que o reino se acha, e ao que lhe apresentou o Conselho
de Estado, e a outras muitas coisas e razões que a isso o obrigaram de seu moto
próprio, poder real e absoluto há por bem fazer desistência destes seus reinos,
assim e de maneira que os possui, de hoje em diante para todo o sempre, em
pessoa do senhor infante D. Pedro, seu irmão, e em seus legítimos descendentes,
com declaração que do melhor parado das rendas deles se reserve cem mil
cruzados de renda em cada ano, dos quais poderá testar por sua morte por tempo
de dez anos.
E outro sim reserva a Casa de
Bragança com todas as suas pertenças, e em fé e verdade de Sua Majestade assim
o mandar cumprir e guardar, me mandou fazer este, e o firmou.
António Cavide o fez em Lisboa a
23 de Novembro de 1667
(A transcrição foi feita segundo interpretação do autor)
terça-feira, fevereiro 14, 2017
CURIOSIDADE – D. AFONSO VI
Em 1668, D. Afonso VI foi enviado
para o Forte de S. João Baptista, na Ilha Terceira, onde permaneceu seis anos
em cativeiro. D Pedro II descobrindo uma conspiração em 1674, protegida pelo
embaixador espanhol, conde de Humanes, em que se pretendia soltar o rei e
restituir-lhe o trono, foi o monarca transferido para o Paço de Sintra, onde
veio a morrer, sendo mortos alguns dos conspiradores.
Chegou a armada comandada por
Pedro Jacques de Magalhães, e fundeou em Cascais a 20 de Setembro de 1674,
conduzindo o rei prisioneiro.
Deve ter sido lugubremente
dramático o cortejo sinistramente iluminado com archotes, e a chegada desse
prisioneiro inválido por aquela noite de Verão ao Paço, havia muito desabitado,
e a sua condução à luz mortiça das tochas pelas salas quase vazias e pelas
escadas em que os passos dos seus carcereiros ecoavam com sussurro. Tristemente
penosa deve também ter sido a entrada no pequeno quarto, em cuja janela tinham
colocado recentemente grades de ferro para bem servir de prisão.
O Paço era na altura guardado por
trezentos soldados de infantaria a cargo do Sargento-mor Manuel Nunes, e havia
também uma companhia de cavalaria, que era rendida todos os meses.
domingo, fevereiro 12, 2017
O MATA-FRADES
Quase toda a gente sabe que em
1834 foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e todas
as outras casas das ordens religiosas regulares, já poucos sabem quem foi o
autor de tal lei.
Joaquim António de Aguiar, um político
conhecido por ser maçon, um liberal, e mais tarde membro do Partido
Regenerador, esteve em diversas pastas ministeriais, nomeadamente na de
Ministro dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, durante a regência de D.
Pedro IV, em nome de D. Maria II, foi quem promulgou essa lei que lhe valeria a
alcunha de Mata-Frades.
Com a extinção das ordens
religiosas os seus bens foram incorporados na Fazenda Nacional, sendo por isso
uma medida controversa que levaram a grande contestação por parte das forças mais
conservadoras e rurais.
sexta-feira, fevereiro 10, 2017
SABER
O que impede de saber não
são nem o tempo nem a inteligência, mas somente a falta de curiosidade.
Agostinho da Silva
quarta-feira, fevereiro 08, 2017
AS MALDITAS MOCHILAS
Viajando pela rede lá encontrei o
caso das “mochilas de créditos em risco”, que são aqueles que pesam sobre a
nossa banca e que são virtualmente incobráveis e que penalizam enormemente a
nossa economia, não merecendo contudo da parte dos nossos comentadores
económicos grande atenção, ou que pelo menos publicamente se veja expressa a
sua opinião e natural preocupação.
Alguns amigo falam no “turismo de
mochila” como algo pouco desejável numa altura em que o turismo está em alta, o
que acho que é um erro porque esta é uma actividade com altos e baixos, não
sendo avisado excluir quem quer que seja, sendo desejável é que tenhamos uma
oferta mais atractiva e com maior valor.
Outras mochilas são as dos nossos
estudantes, que segundo muitos são demasiado pesadas e susceptíveis de
prejudicar a saúde dos infantes. Ouvi numa televisão um ortopedista dizer que
não existem estudos que confirmem que as mochilas, que muitos acham pesadas,
possam causar problemas na coluna, e acrescentou pouco depois que se sabe que a
utilização de tablets em casa, essa sim é prejudicial à saúde.
Estas últimas mochilas são agora
notícia, e se desconfio da opinião daquele ortopedista, que já tem estudos
sobre o uso de tablets e não os tem sobre o uso de mochilas pesadas, pergunto-me
porque é que os nossos miúdos têm que levar tantos livros para a escola? Serão
mesmo indispensáveis nas aulas, senhores professores?
segunda-feira, fevereiro 06, 2017
sábado, fevereiro 04, 2017
A QUEDA DO VITORIOSO
D. Afonso VI nasceu em Lisboa a
12 de Agosto de 1643, sucedendo a seu pai, D. João IV, apesar de nos primeiros
tempos ter sido a sua mãe Luísa de Gusmão a exercer a regência durante cerca de
6 anos.
Um rei que ficou na história com
o cognome de “O Vitorioso”, e merecidamente pelas inúmeras vitórias contra
Espanha na Guerra da Restauração, que culminaram em Montes Claros, não teve
sorte na sua vida familiar.
A sua desgraça terá começado em
1666 com o casamento com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, que com a
cumplicidade do irmão do rei, D. Pedro (que viria a ser o D. Pedro II),
conseguiram que D. Afonso VI abdicasse depois de um humilhante processo.
O rei deposto foi para a Ilha
Terceira, nos Açores e anos depois veio para o cárcere no Palácio Nacional de
Sintra, onde viria a falecer em 1683.
quinta-feira, fevereiro 02, 2017
FOMENTAR A INVEJA
Em Portugal tem sido muito
frequente ver pessoas e certos interesses a fomentar a divisão dos portugueses,
apelando aos sentimentos mais baixos como o da inveja. Não é difícil alimentar
invejas especialmente quando a economia nos proporciona vidas menos
desafogadas.
O processo mais fácil é o de
empolar diferenças entre grupos de pessoas, dizendo que existem diferenças que
podem ser consideradas discriminatórias, como se Portugal fosse um país onde
todos temos os mesmos direitos e as mesmas obrigações. É também curioso que os
instigadores destes sentimentos de inveja sejam claramente de direita e
convictamente liberais, e não comunistas ferrenhos como seria de esperar.
A tentativa mais clara de divisão
de cidadãos é obviamente entre funcionários públicos e funcionários do sector
privado, e um dos seus instigadores é Miguel Sousa Tavares, saberá ele por que
motivos, mas não está sozinho porque a política e o oportunismo dão sempre uma
ajuda.
Um dos títulos do Facebook a que
tive acesso por cortesia dum amigo, aproveitava uma intervenção de MST na SIC e
dizia: “E porque beneficiam de um sistema de Segurança Social diferente?? Eporque se podem reformar mais cedo e com menos cortes?? E porque...sãodiferentes dos outros Portugueses?? Comente. Partilhe. Goste. Braga-Cidade”.
Quando alguém comentou que para
um funcionário usufruir da ADSE tem que descontar 3,5% do vencimento bruto e
que para se aposentar tem que ter 66 anos e 3 meses e uma carreira contributiva
de 40 anos, a menos que queira sofrer as penalizações legais (iguais para
todos), as respostas foram uma demonstração de ignorância a toda a prova.
Também gostava de registar que
dois dos que demonstraram não saber do que falavam, nem suspeitando que estavam
a ser instrumentalizados, eram num caso um bancário e noutro um antigo
funcionário da PT, ambos com bastantes anos de serviço, que se esqueceram dos
benefícios que as suas entidades empregadoras também tinham regimes diferentes,
até que os fundos de pensões foram absorvidos pelo Estado e passaram a ficar
dependentes da Segurança Social.
Eu ganho menos que o meu superior
hierárquico, e não tenho direito a viatura e muito menos a motorista, mas em
vez de o invejar, tenho que lutar por uma carreira melhor e mais valorizada,
sabendo que em última instância terei que fazer greve, descontando esses dias
no meu salário, ficando na lista negra das chefias, mas a vida é mesmo assim:
quem se conforma acaba por ficar para trás, pois é!
Subscrever:
Mensagens (Atom)