A poucos dias da inauguração da
exposição “ A Cidade Global” no Museu Nacional de Arte Antiga, importa saber
como é vista pelos estrangeiros a sociedade portuguesa em determinadas épocas
da nossa História.
Esta exposição que pretende mostrar
a Lisboa do Renascimento, suportada por dois quadros que são considerados
polémicos por alguns especialistas nacionais, está de acordo com diversos
autores estrangeiros como Roger Crowley ou Martin Page, e afasta-se bastante
duma visão presa a complexos que nos vinha a ser transmitida por historiadores
nacionais.
O modo como vimos e o modo como
fomos vistos por estrangeiros é diverso, e se os últimos pensam que Portugal
mudou o mundo e criou o primeiro Império Global no século XVI, nós somos mais
modestos e apenas nos concentramos nas descobertas e na expansão da fé cristã,
e não nas suas consequências, excepto na riqueza do rei D. Manuel e nas suas
maiores manifestações, os monumentos e a embaixada ao Papa.
Vem a propósito recordar que
quando falamos do nosso século XVIII vamos directamente para o D. João V, para
o ouro do Brasil, e para o Convento de Mafra e não conseguimos relatar como era
a nossa sociedade por esses dias com a crueza que o fazem autores como Johann Heinrich Friedrich Link que nos descrevem
como um povo em clausura monástica, em que as procissões eram um acontecimento
social, quase que como um carnaval, em que serviam de manifestação exterior de
religiosidade, mas que socialmente é uma festa e uma ocasião para se conviver,
mostrar e até conveniente a nível político, em que o monarca não se inibia de
participar colhendo assim popularidade.
O contraste entre a visão dos nossos historiadores e a dos viajantes e investigadores
estrangeiros é enorme, e faz-nos meditar sobre o que realmente fomos…
1 comentário:
Custa-nos admitir momentos de glória e de desgraça, com complexos de inferioridade e uma modéstia saloia.
Bjo da Sílvia
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