A minha descrença sistemática nas previsões dos economistas cá do pedaço, é conhecida e assumida por mim sem qualquer problema. Sei que são muito respeitados por alguns, e requisitados por outros, sempre para se pronunciarem sobre a situação do país, mas invariavelmente dizem apenas banalidades que qualquer outro cidadão podia também dizer.
O ministro Teixeira dos Santos é um reputado economista, ou pelo menos é assim que os seus pares o consideram, mas apenas em Portugal, porque consta que já foi considerado o pior ministro das Finanças da União Europeia, ainda que possa ter sido apenas a má língua a funcionar.
Eu não tenho nenhum apreço por Teixeira dos Santos, nem o considero um bom ministro das Finanças, mas tenho cá os meus motivos.
Confrontado pelos jornalistas do DN, com as contas feitas pela Deloitte e por outras consultoras, o senhor ministro lá admitiu que a média que se paga do IRS anda na ordem dos 11%, ainda que a estrutura do imposto tenha taxas de 10%, 20% e 40% para os diversos níveis de rendimentos. O que Teixeira dos Santos não nos explica é porque é que assim acontece.
Não basta a um economista que até é o titular da pasta das Finanças, dizer que “há aqui algo de profundamente errado no sistema fiscal, em particular da tributação do rendimento”, porque o que lhe compete, na posição que ocupa, é precisamente corrigir esta injustiça.
Lamento dizer que não só acho o senhor ministro incapaz de desempenhar a contento a sua função, como ainda acho que neste pacote de medidas que pretende introduzir via OE, está a praticar conscientemente uma enorme injustiça, não merecendo por isso nem confiança nem respeito por parte deste contribuinte.
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