terça-feira, janeiro 02, 2007

O QUE ELES DIZEM…

No início de cada ano todos nos habituámos a ler e a ouvir previsões e desejos para o período de doze meses que se segue. Empresários, economistas, políticos e comentadores avançam com os seus palpites, sempre com muitos “ses” ou com condições prévias que se adaptem a qualquer leitura possível lá para o final do ano.
Invariavelmente temos os empresários a atirar desde logo o ónus dum possível mau resultado das exportações para o elevado custo da mão-de-obra e para a rigidez do código do trabalho que não lhes permite despedimentos por mútuo acordo (?) para a entrada de trabalhadores mais produtivos (será que querem dizer mais baratos?). Parece que a subida de 9% das exportações está esquecida ou mal explicada.
Os economistas, mesmo alguns que eram ferozes defensores duma diminuição drástica do número de funcionários públicos, preferem agora colocar a ênfase na gestão pública e no melhor aproveitamento dos recursos. Já começa a ficar claro para todos que o caminho que agora se desenha da substituição ou sobreposição de estruturas vai, a prazo, custar mais caro ao erário público.
Em política estamos todos habituados a discursos que caracterizam os partidos quando estão na oposição, sempre discordantes daqueles que praticam quando estão no poder, isto só para falar dos dois partidos que nos têm governado desde há décadas. Temos então os optimistas no poder e os descontentes na oposição, mas se estamos em má situação, isso devemos aos ditos partidos.
Os comentadores dividem-se em regra por dois campos distintos, os que são “equilibristas” apoiantes do governo até ao momento em que se começa a tornar claro que vai deixar em breve de o ser, e os convictos da sua opinião e que não fazem “fretes”, que vão mantendo as suas opiniões independentemente de quem governa.
O cidadão comum, embora permeável à publicidade característica do poder e de informações contraditórias com que é bombardeado, vai dando o benefício da dúvida aos governantes durante muito tempo. O que desequilibra o factor de confiança é “a carteira” que quando fica vazia e quando o crédito acaba, torna a situação explosiva por falta de apoios sociais, que é o que se perfila nos tempos mais próximos. Em conclusão, ou crescemos, ou então o País torna-se ingovernável.


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UMA CONSEQUÊNCIA DA POBREZA

Tourists attend to a would-be immigrant at Carpinteras beach in the Spanish Canary Island of Gran Canaria January 1, 2007. Some 81 would-be immigrants were intercepted aboard a fishing boat on their way to European soil from Africa, Spanish police said.01 Jan 2007

REUTERS/Borja Suarez

3 comentários:

José Lopes disse...

Parece que concordamos pelo menos numa coisa: a imprensa (bastante) tem servido de câmara de eco do governo e não tem sido isenta nem tem feito verdadeiro jornalismo.

CORCUNDA disse...

A mim parece-me que não crescemos e que ´devemos mudar de políticas antes que o país se torne ingovernável. Como a primeira hipótese realisticamente não a vislumbro tão depressa, seria melhor começarmos a pensar na segunda.
Abraço e Bom Ano 2007.

Anónimo disse...

Por acaso quando menciona comentadores refere-se ao I. Delgado? É que esse não conta...