quinta-feira, janeiro 25, 2007

DESAFIO AOS ECONOMISTAS

A produtividade tem sido o cavalo de batalha de economistas, gestores, políticos e empresários deste país, que não hesitam em brandir os índices para justificar parcos aumentos, muitas vezes abaixo da real inflação prevista. Pouco se fala da economia paralela, pouco se diz sobre a fuga aos impostos, o que se proclama é a baixa produtividade dos portugueses. No estrangeiro os portugueses têm boa produtividade, em Portugal não, mas as razões não interessam. Será devida à organização do trabalho, será devida à modernização dos factores de produção? Que interessa, o que conta é que a produtividade apurada, por formas de cálculo racionais e standard, é baixa.
Para baralhar os gestores e empresários que se baseiam em conceitos meramente teóricos, ficámos todos a saber que os nossos vizinhos espanhóis estão na cauda da produtividade do trabalho.
Bolas, a Espanha cresce mais do que a média Europeia, Portugal claramente abaixo dessa média, em Espanha os salários são sensivelmente o dobro dos praticados em Portugal (exceptuando os dos políticos e altos quadros), o défice é semelhante tirando as diferenças de população e de tamanho, os preços dos bens essenciais são inferiores aos praticados no rectângulo, os horários de trabalho são em média de 38 horas semanais como os portugueses, a segurança social está de boa saúde ao inverso do que aqui se passa, o endividamento das famílias é inferior em Espanha, no país vizinho temos Bancos que estão entre os dez maiores da Europa, também o mesmo entre as Seguradoras, ainda o mesmo entre as empresas de construção civil e operadoras turísticas. Em que é que nos podemos comparar com os nossos vizinhos?
A questão pertinente a colocar aos políticos, empresários, economistas e gestores é muito simples, será que a produtividade (medida como tem sido) é uma vaca sagrada, ou haverá algo mais, como o consumo interno, que os senhores têm desprezado, que tem sido a alavanca potenciadora para o crescimento da economia espanhola?
Dimensão, escala, são desculpas que não se aceitam, e os economistas entendem porquê, aos outros indicamos o estudo da economia luxemburguesa, onde a mão-de-obra é maioritariamente portuguesa.

FOTO


Vatnajökull Glacier, Iceland, 1997
Photograph by Steve Winter
A traditional Icelandic sod house built into a hillside faces the wide expanse of Vatnajökull glacier. Vatnajökull was the site of a volcanic eruption in November 1996 that melted billions of a gallons of glacial ice and triggered a cataclysmic flood that lasted two days. No one was injured in the flood, but it destroyed a bridge and littered a floodplain with huge blocks of ice, some weighing more than 1,000 tons (1,016 metric tons). (Text adapted from and photograph shot on assignment for, but not published in, "Iceland’s Trial by Fire,” May 1997, National Geographic magazine)



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ATRIBUIR UMA DISTINÇÃO



António Mexia, presidente da EDP, prepara um “emagrecimento” do número de funcionários, 1100 segundo consta, e espera financiar as rescisões de 600 funcionários com o aumento do preço da energia, esperando para tal a aprovação da entidade reguladora. Ficamos todos a saber que o senhor pretende que todos os consumidores sejam solidários com os funcionários que ele pretende despedir, pagando-lhes nós não só os subsídios de desemprego e as reformas mas também as rescisões.
Senhor António Mexia, seja solidário, mas para os seus subordinados e preferencialmente com o seu dinheiro…


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CARTOON





O fim da floresta Virgem

3 comentários:

Anónimo disse...

Os espanhóis têm uma produtividade baixa? Só lá vão com mais horas trabalho, segundo o tal relatório? Está tudo louco, só por coincidência são dos europeus os que têm mais feriados e pontes...
Se eles estão assim tão mal, então porque é que nós estamos ainda pior, é que sempre somos mais produtivos?
Os economistas entretêm-se a brincar com os números e com as estatísticas , não vendo a realidade que entra pelos olhos dentro. Talvez já seja tempo de comprarem uma bola de cristal ou o tão português borda-de-água que tem resposta para tudo, é mais barato e tem as mesmas probabilidades de acertar.

Anónimo disse...

O senhor Mexia, quer mexer nos nosso bolsos, vale bem um manguito.
Ainda não estou a carburar em pleno mas já me começo a entender nesta nova residência, prometo voltar ao contacto assíduo na blogosfera.

CORCUNDA disse...

Por enquanto ainda nos vamos entretendo a comparar dados e números com os do país aqui ao lado, pior vai ficar quando começarmos a compará-los com os recentes membros, e não tardará muito...
Abraço.