quarta-feira, janeiro 31, 2007

O SERVIÇO PÚBLICO DA EDP

Num serviço público verifiquei a dificuldade dos funcionários em aceder a dados nos seus computadores devido a uma falta de corrente eléctrica noutra zona onde estava o servidor com a aplicação que queriam consultar. Telefonema para cá, telefonema para lá e o caso parecia insolúvel. Um dos funcionários tentava desesperadamente fazer funcionar uma máquina, intento que se realizou cerca de dez minutos depois. Pelos vistos alguns procedimentos ficavam acessíveis, pois o atendimento começou a processar-se com alguma normalidade.
De volta para o meu serviço a cerca de um quilómetro dali deparei-me com uma arreliadora falta de electricidade. Tento entrar em contacto com a EDP e fiz mais de vinte tentativas telefónicas, através do telemóvel e só me surgia a arreliadora gravação “de momento não podemos estabelecer a sua ligação”. Cerca de duas horas depois lá veio a energia eléctrica, mas para meu espanto as UPS não paravam de tocar e até as luzes de emergência se acendiam sem que a luz faltasse.
Desisti, estava na hora de almoço, e fui alimentar o corpinho. Uma hora passada e de volta ao escritório tento ligar o computador. Consegui trabalhar cerca de dez minutos e eis que as UPS voltam a tocar e, mais dois minutos o computador desliga-se.
A paciência tem limites, e eu volto ao telefone para ligar para a EDP. Nada, a mesma gravação e mais de uma dezena de tentativas iguais. Desço a escada furioso e dirijo-me a um vizinho electricista e conto-lhe a minha desgraça, sendo que ele delicadamente me elucida que a corrente tinha sido restabelecida mas, há sempre um mas, havia uma flutuação de carga na rede que causava o distúrbio que eu estava a verificar. Nada a fazer, disse-me, senão tentar comunicar o facto à EDP, ou esperar pacientemente que alguém desse pela anomalia e a corrigisse. Entretanto, para proteger os meus computadores fui aconselhado a mantê-los desligados enquanto as UPS mantivessem o seu comportamento anormal, eram 16 horas e 30 minutos e a tarde estava irremediavelmente perdida.
A falta de energia foi às 9 e pouco da manhã e eu perdi mais de meio dia de trabalho e a EDP, a quem eu pago o fornecimento eléctrico nem sequer me atendeu o telefone. Só espero que nenhum equipamento fique danificado, senão temos o caldo entornado.
Que saudades do tempo em que a EDP era inteiramente pública e o piquete de urgência atendia os telefones.

FOTOS





*** * ***


POUPANÇAS EM GRANDE
Enquanto pregam a necessidade de poupanças, atacam os salários, aumentam os medicamentos, taxam os actos médicos e aumentam os impostos, os nossos políticos gastam que se fartam.
Segundo CM 10 deputados do nosso Parlamento gastaram 291 mil euros em viagens. Não é apenas o transporte mas também o alojamento.
Não será muito, dirão alguns, mas verifica-se um aumento de 35% em relação ao ano anterior. Afinal estamos em contenção de despesas, ou isso só se aplica a alguns portugueses? Já agora, 2007 começou em grande com umas viagens ao Oriente, veremos se os negócios cobrem os gastos.
Estamos em poupança, malta.




*** * ***




CARTOON




Slavomir and Richard Svitalsky - Czech Republic


Anatoliy Lerner - Germany

terça-feira, janeiro 30, 2007

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

Tem sido corrente falar-se da vantagens da avaliação do desempenho na função pública como factor que poderia estimular os trabalhadores a fazerem mais, ou pelo menos melhor. Pessoalmente nunca acreditei que isso viesse a ser implementado com justiça e muito menos acredito que os melhores venham a ser premiados.
Já manifestei a minha opinião perante alguns amigos do sector privado e, verifiquei que embora ainda hajam uns quantos idealistas, grande parte dos que já têm anos de tarimba também eram cépticos, concordando comigo no facto de os chefes colherem sempre os louros todos e os deméritos recaírem sempre nos subordinados.
Vem isto a propósito do que me contaram uns funcionários dum serviço público, que ao serem chamados para preencher a autoavaliação, foram individualmente informados que, devido às cotas impostas para as classificações, nenhum iria receber a avaliação de Muito Bom porque esta já estava destinada a uma pessoa que todos apelidam de lambe-botas do chefe e tem um cargo de técnico superior. Explicando melhor, nos diversos grupos profissionais de base daquele serviço ninguém preenche as qualidades necessárias para o Excelente ou até para o Muito Bom, na óptica da direcção, classificações estas que pelos vistos estavam reservadas para o pessoal superior, e mesmo neste caso apenas para uma, ou na melhor das hipóteses duas pessoas.
Está-se mesmo a ver que o serviço só é bem feito por quem receberá o Excelente ou o Muito Bom, que por acaso até nem atende o público e quase nem sai do gabinete, e todo o restante pessoal “anda a roçar o cu pelas paredes” como vulgarmente se diz.
Pois bem, conheço o serviço e alguns dos funcionários, porque já lá trabalhei, e por acaso conheço o tal elemento Excelente que saiu de onde estava sem por lá ter deixado saudades não só pela inépcia, mas também pelo pouco empenho, por isso estou muito inclinado para a hipótese do favorecimento por qualquer tipo de amizade ou influência.
Os meus receios afinal podem vir a confirmar-se, mas o que considero mais grave, é que nestes casos a produtividade baixa, a motivação não existe e o profissionalismo esmorece, pois os dados estão viciados à partida, e a hipótese de recurso é caricata pois terá de ser feita ao notador, o mesmo que já tinha dado a classificação.Assim, não vamos lá, de certeza.
*** * ***
FOTO

*** * ***

CARTOON

Álvaro Portugal



segunda-feira, janeiro 29, 2007

SEMPRE OS POLÍTICOS

Quando, com alguma relutância, me referi ao referendo ao aborto e à minha discordância com o envolvimento excessivo de forças partidárias, não me referia à direita ou à esquerda em particular. Apesar disso já tive de apagar alguns comentários cujo conteúdo era obsceno. “Ossos do ofício”.
A minha posição pelo SIM é tão respeitável como qualquer outra, e o facto de ter afirmado que o Parlamento podia e devia ter legislado despenalizando as mulheres que, por motivos de ordem pessoal, tivessem recorrido ao aborto, não me identifica forçosamente com nenhuma corrente política. A minha crítica a muitos políticos é sobre a posição hipócrita que agora demonstram, dizendo que são pelo NÃO mas que também não querem ver julgadas e expostas a humilhações as mulheres que recorrem ao aborto. Então porque não fizeram nada até agora? Estavam distraídos?
Os cidadãos podem neste referendo acabar com esta situação vergonhosa, votando SIM, sem por isso se considerarem defensores do aborto, pois caso contrário não há garantias que a classe política o venha alguma vez a fazer.
Seja qual for o resultado do referendo, cá estaremos para ajuizar das políticas activas a favor da natalidade e da família, que os políticos que agora dizem defender a vida, vão propor nos tempos mais próximos e o sentido do seu voto.

PS – A propaganda para a votação n’ “Os Grandes Portugueses” não deve ser feita neste espaço, como alguns por engano quiseram fazer.
*** * ***
FOTO
Este tubarão cobra fêmea foi localizada por um pescador, que contactou um Parque Marítimo no Japão. O animal foi transportado até uma piscina de água salgada, onde foi possível filmá-lo. ©Reuters

CARTOON

Daniel Loewy – Argentina
Bandeira
DN 27 de Janeiro de 2007

sábado, janeiro 27, 2007

SOBRE O PESSIMISMO

Ao ler um artigo de Nicolau Santos (Expresso, 27/01/07) com o título “podem os bons líderes ser pessimistas”, fiquei completamente baralhado, pois referia-se expressamente aos empresários, gestores e dirigentes sindicais e patronais ao colocar a questão, a que respondia com um rotundo não.
O pessimismo e o optimismo são reacções naturais que todos temos perante as situações que nos são colocadas. Partindo deste pressuposto lógico, o discurso a cada momento reflecte a situação que se vive e as expectativas para um futuro a curto ou médio prazo, porque os nossos tempos já não permitem previsões económicas a longo prazo.
Numa sociedade justa era expectável que os líderes fossem todos optimistas, quer os que se situam no campo do capital quer os que lideram no campo laboral, todos tinham garantias de ganhar algo, havia essa garantia. Descendo à realidade, temos uma sociedade liberal mas pouco justa, onde a relação de forças está muito desequilibrada onde há quem ganhe e que esteja a perde visivelmente – o trabalho.
O pessimismo não é nem pode ser considerado miserabilista, como o classifica Nicolau Santos, mas resulta normalmente da constatação da situação. Os trabalhadores em geral vêm o exemplo do Estado, que fala na redução de custos à custa de despedimentos, agora já é bem claro, como se não houvessem outras soluções como a melhoria dos serviços e o colmatar de faltas gritantes de meios humanos (para não mencionar os materiais) em muitos sectores da sua responsabilidade, nomeadamente na assistência social, apoio à infância e à terceira idade e cultura, para mencionar apenas alguns exemplos.
Mesmo ao lado deste artigo, e julgo que também da autoria de Nicolau Santos, menciona-se o primeiro discurso oficial do novo director-geral da VW em que a tónica foi a necessidade de baixar os salários na Autoeuropa, que atribui à ignorância profunda de Reimers, e que considera como um mau começo que pode vir a originar turbulência naquela empresa. Não sejamos ingénuos, ninguém acredita que o novo director da Autoeuropa desconheça o passado da empresa. O que este senhor quer, é aproveitar este momento estratégico em que a correlação de forças está claramente desfavorável para os trabalhadores, copiando o discurso do próprio Estado, é reduzir ainda mais os custos laborais da empresa que vem gerir. Afinal não é ignorância, é mimetismo, e deste fenómeno estamos todos a ficar fartos. Somos portanto pessimistas!
*** * ***
CARTOON

*** * ***

FOTO



A REFRESCAR AS IDEIAS

EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS EDUCATIVAS

Desde os remotos tempos de Veiga Simão, temos vindo a assistir a sucessivas reformas do ensino sem nunca se ter encontrado uma versão correcta, já que as experiências continuam. Não estou a falar em modernização ou em melhoramentos pontuais, sempre possíveis e desejáveis, mas sim em alterações curriculares profundas.
Não sou professor, mas vou acompanhando os estudos dos meus filhos e agora dos meus netos e por vezes fico estupefacto. Os resultados por eles obtidos (notas) até nem foram ou são muito maus, mas a sua cultura geral, mesmo com os hábitos de leitura que a família sempre teve, são francamente maus.
Para complicar tudo isto surgem os erros, que até podiam ser desculpáveis não fora a teimosia, como a infeliz TLEBS ou o inquérito sobre a vida sexual dos pais das crianças e jovens. A dita TLEBS com a participação “de milhares de professores” (?), poucos se acusaram, que não é uma nova gramática, tem erros mas que só foram detectados depois do início do ano lectivo, vai ser suspensa mas só lá mais para a frente. O inquérito, também ele elaborado por especialistas e sancionado por quem de direito, que é um disparate maior do que as asneiras de que fala José Sócrates.
Os nossos jovens não podem continuar a ser cobaias duns quantos iluminados que pelos vistos não atinam. Gastem o dinheiro que desperdiçam nestas experiências falhadas em ginásios decentes e em laboratórios, que tanta falta fazem e mandem esses grupos de trabalho fazer algo de útil, como por exemplo dar aulas.


*** * ***


FOTOS







*** * ***


O boca do inferno, ou o abominável homem das neves?



http://pitecos.blogs.sapo.pt/


CUIDADOS EM INFORMÁTICA

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A PARTICIPAÇÃO

Depois da revolução em 1974 os portugueses tiveram consciência de que podiam participar na política do país e que a sua voz se podia fazer ouvir, na contestação ou no apoio daquilo e daqueles em que se reviam. A democracia seguiu o seu processo de consolidação, os partidos políticos organizaram-se e o povo confiou-lhes a tarefa de os representar nas instituições democráticas, legitimados pelo voto livre.
Trinta anos passados, temos máquinas partidárias fortes, sedentas de poder e hegemónicas, quantas vezes divorciadas da realidade dos cidadãos comuns e mais interessadas na conquista e manutenção do poder.
As diferenças ideológicas são quase imperceptíveis, o contacto com as populações está restrito às campanhas eleitorais (caça ao voto) e a participação cívica não é estimulada fora das estruturas dos próprios partidos.
Há sempre quem reme contra a maré foram surgindo movimentos cívicos, grupos peticionários com objectivos concretos que agregam vontades e assinaturas para suscitar discussões parlamentares e, os muitos que colocam na Rede as suas opiniões, sejam elas críticas ou apoios à acção política. O poder e a força dos partidos também aqui se manifestam, infiltrando todos estes grupos fazendo com que muitos cidadãos desconfiem, por vezes, da independência deste grupos ou pessoas individuais.
Continuo a acreditar na participação cívica independente, tome a forma que tomar (blogues, sítios ou petições), mas confesso que estou atento e vou acompanhando a evolução dos projectos, porque detesto ser utilizado pelos interesses instituídos.
*** * ***
FOTO
Um cão com os olhos vendados, atravessa um obstáculo num campo de treino para animais do Ministério da Defesa Bielorusso. Depois de cumprirem os treinos, os animais ficam aptos para uma série de operações militares, como procura de explosivos, minas e drogas.
© Reuters

*** * ***

CARTOON


Resposta a um dos últimos posts



*** * ***


www.ecocoisasetc.blogspot.com/

*** * ***

VISITE OS MUSEUS

Museu Nacional de Arqueologia
Maior exposição portuguesa de vasos gregos em Lisboa
A primeira grande exposição de cerâmica grega em Portugal é inaugurada hoje no Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa. Os visitantes poderão observar cerca de uma centena de vasos gregos e fragmentos com mais de dois mil anos.
Sol, 25 de Jan. 2007
Abertura ao público: entre 26 de Janeiro e 15 de Julho de 2007

IMAGEM CHOQUE

quinta-feira, janeiro 25, 2007

DESAFIO AOS ECONOMISTAS

A produtividade tem sido o cavalo de batalha de economistas, gestores, políticos e empresários deste país, que não hesitam em brandir os índices para justificar parcos aumentos, muitas vezes abaixo da real inflação prevista. Pouco se fala da economia paralela, pouco se diz sobre a fuga aos impostos, o que se proclama é a baixa produtividade dos portugueses. No estrangeiro os portugueses têm boa produtividade, em Portugal não, mas as razões não interessam. Será devida à organização do trabalho, será devida à modernização dos factores de produção? Que interessa, o que conta é que a produtividade apurada, por formas de cálculo racionais e standard, é baixa.
Para baralhar os gestores e empresários que se baseiam em conceitos meramente teóricos, ficámos todos a saber que os nossos vizinhos espanhóis estão na cauda da produtividade do trabalho.
Bolas, a Espanha cresce mais do que a média Europeia, Portugal claramente abaixo dessa média, em Espanha os salários são sensivelmente o dobro dos praticados em Portugal (exceptuando os dos políticos e altos quadros), o défice é semelhante tirando as diferenças de população e de tamanho, os preços dos bens essenciais são inferiores aos praticados no rectângulo, os horários de trabalho são em média de 38 horas semanais como os portugueses, a segurança social está de boa saúde ao inverso do que aqui se passa, o endividamento das famílias é inferior em Espanha, no país vizinho temos Bancos que estão entre os dez maiores da Europa, também o mesmo entre as Seguradoras, ainda o mesmo entre as empresas de construção civil e operadoras turísticas. Em que é que nos podemos comparar com os nossos vizinhos?
A questão pertinente a colocar aos políticos, empresários, economistas e gestores é muito simples, será que a produtividade (medida como tem sido) é uma vaca sagrada, ou haverá algo mais, como o consumo interno, que os senhores têm desprezado, que tem sido a alavanca potenciadora para o crescimento da economia espanhola?
Dimensão, escala, são desculpas que não se aceitam, e os economistas entendem porquê, aos outros indicamos o estudo da economia luxemburguesa, onde a mão-de-obra é maioritariamente portuguesa.

FOTO


Vatnajökull Glacier, Iceland, 1997
Photograph by Steve Winter
A traditional Icelandic sod house built into a hillside faces the wide expanse of Vatnajökull glacier. Vatnajökull was the site of a volcanic eruption in November 1996 that melted billions of a gallons of glacial ice and triggered a cataclysmic flood that lasted two days. No one was injured in the flood, but it destroyed a bridge and littered a floodplain with huge blocks of ice, some weighing more than 1,000 tons (1,016 metric tons). (Text adapted from and photograph shot on assignment for, but not published in, "Iceland’s Trial by Fire,” May 1997, National Geographic magazine)



*** * ***
ATRIBUIR UMA DISTINÇÃO



António Mexia, presidente da EDP, prepara um “emagrecimento” do número de funcionários, 1100 segundo consta, e espera financiar as rescisões de 600 funcionários com o aumento do preço da energia, esperando para tal a aprovação da entidade reguladora. Ficamos todos a saber que o senhor pretende que todos os consumidores sejam solidários com os funcionários que ele pretende despedir, pagando-lhes nós não só os subsídios de desemprego e as reformas mas também as rescisões.
Senhor António Mexia, seja solidário, mas para os seus subordinados e preferencialmente com o seu dinheiro…


*** * ***

CARTOON





O fim da floresta Virgem

quarta-feira, janeiro 24, 2007

ADMIRAR A COERÊNCIA E A HONESTIDADE

Ao ler o editorial de ontem do DN, da autoria de João Morgado Fernandes, achei interessante a questão por ele colocada no título “E Soares?”. Porque não terá ficado Mário Soares entre os 10 primeiros do programa Grandes Portugueses, onde figuram, entre outros Salazar e Cunhal?
Podíamos começar pelo facto de ambos já terem morrido e portanto terem passado à categoria de mitos, seja por boas ou más razões consoante as diferentes opiniões. Acho que é uma explicação possível, mas não suficiente perante outros possíveis candidatos à escolha.
Escolheram-se diversos personagens da História, da Cultura e do espectáculo, pelo que era inevitável também a escolha de políticos, mas mesmo assim Soares recolheu menos votos que Salazar e Cunhal.
Pegando apenas nestes três políticos e excluindo o facto de apenas um estar vivo, então o que é que os diferencia entre si, para justificar as preferências? Não pesou o facto de se situarem à esquerda ou direita do espectro partidário, porque é clara a opção das últimas eleições pelo chamado centrão (PS/PSD).
Tudo ponderado, resta-nos a coerência de atitudes, tanto Salazar como Cunhal sempre mantiveram o mesmo tipo de discurso durante o tempo em que tiveram o seu espaço de influência e a honestidade que pautou o seu estilo de vida, austero e de acordo com os princípios que sempre defenderam.
Dois estilos antagónicos, dois inimigos declarados, duas visões opostas no que respeita à política nacional mas sempre coerentes com as suas ideias e honestos quanto aos bens materiais que nunca ofuscaram a sua acção. O carácter despojado de cada um, aliado à firmeza das suas ideias justificam a escolha dos portugueses?
Penso que sim. Nós portugueses, temos a tendência de desculpar os erros dos protagonistas históricos, tendendo a valorizar mais a constância, a honestidade e os princípios que pautaram a vida dos que de algum modo marcaram a nossa História passada e não muito recente.
Talvez seja uma conclusão politicamente incorrecta, para quem conhece profundamente a acção política deste dois Homens, com H grande, até porque não me identifico com nenhum deles no campo das ideias, mas é a explicação mais provável (na minha modesta opinião), para Mário Soares ter sido preterido na escolha popular, pois o seu percurso (embora) notável teve oscilações ideológicas (meteu o socialismo na gaveta), e nunca terá sido um exemplo de frugalidade como os seus dois adversários, que embora derrotados na vida política, se impuseram perante o português comum.Será uma opinião politicamente incorrecta, mas é a minha!
*** * ***
IMAGENS SUGESTIVAS


FOTO


Google ?

*** * ***



Parada militar na Índia Foto@EPA/STR

Soldados indianos treinam o desfile para as celebrações do Dia da República, em Nova Deli. A 26 de Janeiro, a Índia comemora a adopção da constituição em 1950, com festejos que incluem marchas militares e eventos culturais por todo o país

terça-feira, janeiro 23, 2007

AS NOTAS DO ZÉ

1ª Segundo a Direcção-Geral do Orçamento (DGO) o défice do subsector Estado registou uma descida de 19% em relação a 2005 sendo que as receitas fiscais aumentaram 7,2% em relação a 2005. Partindo deste princípio temos que considerar que, mesmo tendo em conta os cortes no investimento, houve um aumento de receitas não fiscais e um aumento de produtividade.
Os funcionários públicos continuaram em 2006, e vão continuar também em 2007, a ter “aumentos” abaixo da inflação esperada (muito abaixo da real), continuam com as carreiras congeladas e vão diminuindo em número segundo os dados do ministro das Finanças. Já lá vão oito anos a perder poder de compra, oito!
Apesar dos números favoráveis, que demonstram a medida dos sacrifícios exigidos aos funcionários público, as despesas aumentaram 2,4% em relação a 2005, é esta a nossa admiração. Aumentou como?

2ª O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Azeredo Lopes recebe subsídio de renda de casa, tem carro da entidade e cobra os quilómetros pelas suas deslocações do Porto a Lisboa, onde vem em média dois dias por semana.
Segundo o próprio, trata-se duma situação “absolutamente regular”, e sustenta ainda que “o subsídio de residência não cobre o custo da deslocação”. A rematar os comentários do presidente da ERC registe-se que considera não estar a “violar nenhum princípio legal ou ético”.
O senhor ministro das Finanças que tanto encheu a boca com os privilégios dos funcionários públicos como caracteriza esta situação, que ainda segundo Azeredo Lopes, também é típica nos deputados da nação?

3ª O mérito tem sido um isco lançado pela classe empresarial e pelos iluminados economistas do rectângulo, como um objectivo para todos os trabalhadores que queiram ser recompensados pelo trabalho desenvolvido nas empresas ou sectores em que se encontrem inseridos. Premiar o mérito na batalha pelo aumento da produtividade, foi o lema utilizado. Na função pública está pontuado pelo congelamento das carreiras e no sector privado pela precariedade dos vínculos laborais.
Até agora apenas as altas chefias beneficiaram dos aumentos da produtividade, apenas os altos dirigentes da função pública beneficiaram de salários superiores aos estipulados por lei e os gestores dividiram o seu quinhão sobre os lucros das empresas que gerem. Pelo contrário, quando não há lucros os altos dirigentes e os gestores saem ilesos e sem qualquer responsabilidade no insucesso e os trabalhadores com vários salários e subsídios em atraso, ficam os calotes a fornecedores e ao fisco e Segurança Social.Mérito, palavra vã na boca de quem pensa apenas em cifrões.

Azeredo Lopes compara a sua situação à de alguns deputados



*** * ***


Rui Rio e patrão do Politeama não comentam acordo
Rivoli vai dar 5,6 milhões a La Féria este ano

Alexandra Carita

A exploração do Rivoli entregue pela câmara do Porto à empresa Bastidores é um contrato milionário. Na proposta, La Féria nem incluiu um único espectáculo que já não tenha passado pelo Politeama.

Expresso, 19:00 segunda-feira, 22 JAN 07



Filipe La Féria prepara-se para transformar o Rivoli na delegação do Porto do Politeama, com a aprovação de Rui Rio

*** * ***
FOTOS

OLHAR PARA CIMA



JARDINEIROS FABULOSOS


*** * ***

EM CHINÊSNOS DESENTENDEMOS

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O BOM TRABALHO

Enquanto ouvimos empresários gananciosos e políticos desconhecedores a reclamar pela desregulamentação do trabalho eis que surge, por iniciativa da Alemanha, um documento da UE a apelar a um mercado do trabalho com salários justos.
Por cá, a comunicação social vai dando relevo à flexisegurança, mas pouco ou nada diz acerca do “bom trabalho” com “salários justo” e sobre a “limitação das contratações atípicas”. Estes temas constam dum documento elaborado pelas três próximas presidências da UE no âmbito do Conselho informal dos ministros do Trabalho e Assuntos Sociais.
A Alemanha, apesar de ser uma potência económica, tem sentido enormes dificuldades devido às deslocalizações e à imigração, a que tem respondido com algum proteccionismo, acordos com os poderosos sindicatos e restrições à imigração. Esta situação contudo não se pode eternizar, e a solução só pode ser encontrada com uma harmonização da Segurança Social e de direitos laborais no espaço europeu, incluindo os países do alargamento, contribuindo-se assim para uma competitividade mais justa e economias saudáveis.
È imperativo discutir-se um modelo social europeu, sem o qual a flexisegurança se tornará apenas um factor de insegurança e de conflitos que em nada contribuem para o crescimento económico da Europa.


*** * ***


IMAGEM




*** * ***

HUMOR

Bandeira







DN,21/01/2007

domingo, janeiro 21, 2007

ESTRANHO ORGULHO

O ministro Correia de Campos declarou-se orgulhoso por não ter aberto um inquérito pelo caso de Odemira. Este ministro não entrará certamente para a história, mas já entrou definitivamente para o anedotário nacional.
O mau gosto demonstrado neste assunto que resultou numa morte, que não devia redundar em orgulho de nenhuma espécie em qualquer ser humano, demonstra a falta de sensibilidade que deve caracterizar um titular da pasta da Saúde. Pode ser que até fosse inútil um inquérito, pessoalmente penso que era inútil, mas não se esbateu de modo nenhum o facto de ter existido uma demora excessiva e manifesta falta de meios para o socorro em tempo útil.
Terá Correia de Campos “resistido ao facilitismo”, as palavras são dele, pois eu acho precisamente o contrário. Em primeiro lugar por não aceitar responsabilidades, suas e do ministério que dirige, pela insuficiência de meios, e depois por ter tentado desvalorizar essa evidência sugerindo-se que a morte não estava relacionada pela demora na assistência especializada mas sim na natureza das lesões sofridas no acidente.
Conheço cangalheiros que têm mais tacto a lidar com situações delicadas como esta, e sempre ouvi dizer que “quem muito fala pouco acerta”. Contenha-se senhor ministro, a Saúde em Portugal está muito mal, e quanto mais o senhor fala mais isso se torna evidente, até para quem é saudável e pouco recorre ao Serviço Nacional de Saúde.
*** * ***
FOTO



*** * ***



In this file photo Victoria's Secret model Gisele Bundchen gets her hair done backstage in preparation for the Victoria's Secret fashion show in Hollywood, California, November 16, 2006.

REUTERS/Mario Anzuoni



*** * ***


O SEXO SEGURO



OLHA O AVIÃO, VRUMMM

sábado, janeiro 20, 2007

A IVG

Eu tinha decidido não me pronunciar aqui sobre o assunto por considerar que é uma matéria de decisão pessoal e de consciência de cada um.
O termo utilizado Interrupção Voluntária da Gravidez não merece a minha concordância porque embora possa decorrer da vontade expressa de alguém não é necessariamente voluntária. Não posso conceber que alguém vá engravidar só para exercer o “direito” de abortar até às dez semanas, é uma ideia absurda.
Tenho filhos e até netos e nunca equacionei a hipótese de recorrer ao aborto ou a aconselhei a alguém, nem me colocaria nessa posição (de aconselhar), mas conheço casos em que aceitei a decisão livre de outras pessoas de recorrer ao aborto. Tratavam-se de situações extremas, que felizmente eu não atravessei, e não me atrevi sequer a condenar. Algumas dessas pessoas vieram mais tarde a ser pais e mães e por sinal, bons pais e mães.
Sempre considerei que bastava legislar de modo a que não fosse considerado crime, o recurso consciente ao aborto, porque se evitavam alguns dos disparates, bem intencionados penso eu, que já ouvimos e ainda vamos ouvir até ao referendo.
Para terminar, eu que até nem sou religioso, deixo apenas uma frase muito conhecida: Quem nunca pecou que atire a primeira pedra.
TER NETOS É FIXE


*** * ***


SINAIS DE CRESCIMENTO
Segundo a Inspecção-Geral do Trabalho, em 2006, foram apurados 17 milhões de euros de salários em atraso e contribuições devidas à Segurança Social.
O valor de salários em atraso cresceu 62% e aos cofres da Segurança Social ficaram a faltar mais 29% de contribuições do que em 2005.
Segundo José Sócrates estamos a crescer passo-a-passo, mas os resultados pelos vistos são de passos à retaguarda, pelo menos no que concerne aos trabalhadores. A mesma IGT detectou também trabalho não declarado e trabalho precário ilegal.
Se o panorama é este, e não temos razões para duvidar destes dados, é no mínimo estranho que ainda se venha bater na tecla de que é necessário mexer no Código do Trabalho. Pelos vistos a rigidez que alguns têm invocado, não existe ou pelo menos já não é feita respeitar pelas autoridades.
Para exemplificar a imensa flexibilidade, ou complacência, agora existente, podemos lembrar os inúmeros contratados a prazo pelo Estado para suprirem necessidades permanentes dos serviços e o despedimento sem aviso prévio pela Culturporto ainda há poucos dias. Claro que a IGT não pode actuar nestes casos, porque o Estado é pessoa de bem (?).



*** * ***


RECUPERAR O PATRIMÓNIO
É com evidente agrado que todos acolheram a notícia segundo a qual irá ser recuperada a Charola do Convento de Cristo em Tomar. O mecenato por parte da Cimpor é mais um dos motivos para nos congratular-mos.
Não são os primeiros trabalhos de restauro na Charola, anteriormente já tinham decorrido alguns trabalhos de limpeza, restauro e conservação que colocaram em evidência pinturas do século XVI. Também os estuques foram alvo de atenção na altura, mas muito ficou ainda por fazer, o que justifica plenamente uma nova acção no mesmo espaço. O Património edificado necessita de constante atenção e de conservação adequada, o que não tem sido a regra, a menos que se queira despender verbas muito mais avultadas em restauros profundos. O segredo reside na manutenção que muitas vezes não é feita por falta de verbas e de atenção por parte de quem tem obrigação de dar sequência aos alertas que vão sendo dados com regularidade por quem trabalha em cada monumento.



*** * ***

Cidadela de Cascais
IPPAR autoriza destruição de património classificado

Expresso, 19:24 sexta-feira, 19 JAN 07



sexta-feira, janeiro 19, 2007

O MINISTRO NÃO DISSE TODA A VERDADE

“O custo para os consumidores dos medicamentos e produtos farmacêuticos aumentou 6,7% no último trimestre de 2006, face a igual período de 2005, segundo o Instituto Nacional de Estatística.”
Recentemente ouvimos o senhor ministro da Saúde anunciar que o Estado e os utentes dos serviços de saúde iriam poupar uma data de milhões com a sua política de preços para os medicamentos. Quando a esmola é grande o pobre desconfia e as notícias vindas do INE começam a dar razão aos cépticos.
Afinal o senhor ministro vem dizer em 2007 que os preços vão baixar, depois dum aumento de 6,7% num só trimestre de 2006. Traduzindo para linguagem comum, exige uma diminuição de preços dos produtos, diminui comparticipações em quase todos eles e acha que com isso, também os utentes vão gastar menos em medicamentos. Pode ser que tenha razão, muitos não vão poder comprar o que lhes receitam.Este ministro, como diria o Prof. Marcelo R. de Sousa fala muito, arriscando-se deste modo a perder a sua credibilidade. O caso de Odemira é mais um problema relacionado com as políticas de cortes sistemáticos na Saúde. Neste infeliz incidente o ministério concluiu que todos procederam em conformidade com o que está previsto mas, a verdade é que houve uma demora de mais de 6 horas para um atendimento especializado e adequado. Não satisfaz ninguém o argumento de que a morte "se deveu essencialmente à gravidade das lesões iniciais", pois o que ressalta aos olhos de todos é que existiu uma notória falta de meios na zona onde aconteceu o acidente, e isso é da responsabilidade de quem planeia e toma decisões – o ministério de Correia de Campos.



*** * ***







“Uma descarga poluente foi sentida esta noite pela população de Milagres, Leiria, denunciou hoje a Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira local. Segundo José Carlos Faria, porta-voz desta comissão, a poluição começou a ser notada pelos populares a partir das 22:00 quer devido à cor escura da água quer ao cheiro intenso a efluente suinícola.”

Comentário do Zé



Esta vergonha já decorre há demasiados anos para que haja algum tipo de desculpa que os nossos políticos possam invocar. O cheiro é inconfundível a origem é conhecida e os prevaricadores estão lá. As explorações estão licenciadas, presumimos, e a necessidade de se criar um sistema de tratamento de efluentes foi diagnosticada há muito.
De promessa em promessa, de investigação em investigação de planos e projectos deve existir um monte, das promessas não cumpridas também temos um rol. O que podemos exigir aos governos é que se deixem de tretas e que resolvam de uma vez por todas esta porcaria porque a paciência dos contribuintes tem limites e é para trabalhar que eles se candidataram a eleições.
Ou talvez não, quem sabe?









D. Afonso Henriques: IPPAR analisa 2º pedido de exumação



“O Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) está a analisar um segundo pedido da Universidade de Coimbra (UC) para que uma equipa científica luso-espanhola realize a abertura do túmulo de D. Afonso Henriques…
Face ao pedido concreto de exumação das ossadas de D. Afonso Henriques, Isabel Pires de Lima entendeu atribuir-lhe um «enquadramento especial que favoreça a celeridade de uma decisão, tomando em consideração os antecedentes do processo», determinando que o IPPAR tem 45 dias (em vez de 90) «para elaborar parecer e proposta de decisão» da ministra.”


Comentário do Zé



Cá para mim acho que querem prejudicar o homem no concurso da RTP. Então, e se descobrem que D. Afonso Henriques tinha menos de 1,75 metros de altura?