quinta-feira, junho 30, 2011

HIPOCRISIA

Estando eu a ler com atenção o programa do governo, procurando encontrar medidas favoráveis para quem ainda está empregado e vive apenas do seu salário, ou para quem enfrenta o desemprego e cada vez tem menos esperanças em encontrar algum, nos tempos mais próximos, deparei-me com 10 medidas para as famílias.

Devo começar por dizer que não percebi o tal “visto familiar”, e que não sei como é que irá ser conseguido, mas fiquei também preocupado com o que li.

Uma das medidas é esta: “O Governo propõe-se lançar um amplo modelo de inovação social que visa dar resposta e auxílio a flagelos e carências sociais graves, como é o caso da fome”. As pessoas não precisam da caridadezinha, mas sim de empregos e de condições de vida, decentes.

A outra medida que clara mente não é para ser cumprida, prende-se com a “criação de mecanismos de não penalização das famílias trabalhadoras e que declaram os rendimentos”, porque é precisamente a esses que têm vindo a ser pedidos todos os sacrifícios, e para quem já estão prometidos mais sacrifícios, bem espelhados no restante Programa de Governo.

A hipocrisia é imensa e já foram ultrapassados os limites da paciência de boa parte da população que em nada contribuiu para os problemas económicos do país, que resultam exclusivamente da má governação de vários anos, que tem rostos e tem cores que todos conhecemos.



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terça-feira, junho 28, 2011

CULTURA TRANSVERSAL

Tenho que admitir que não consigo perceber muito bem o conceito de transversalidade da Cultura invocado por Francisco José Viegas, o novo secretário de Estado da Cultura, mas deve ser de certeza falha minha.

A transversalidade da Cultura justificará com toda a certeza a dependência de Pedro Passos Coelho, a quem o novo secretário de Estado reconhece grande sensibilidade, que o terá levado à decisão de ter a pasta (da Cultura) na sua directa dependência.

Sem querer duvidar das palavras de FJV, pareceu-me que a decisão de ter menos ministérios nada teve que ver com a decisão de tornar a Cultura numa mera secretaria de Estado, mas como dizem alguns, isso também não é o mais importante. Podia recordar que já tivemos outro secretário de Estado, de seu nome Santana Lopes, que não deixou boas recordações, mas será apenas mais um detalhe.

Lembrei-me de Pedro Santana Lopes porque o novo secretário de Estado também disse “que precisamos de actuações rápidas”, que devem passar pela manutenção de elevadores, manutenção dos telhados, pinturas de portas e janelas e arranjos de jardins, que são apenas algumas das muitas urgências que aguardam verbas e o OK da tutela. Não sei é se tal como aconteceu no consulado de PSL também viremos a verificar falta de papel higiénico, como também foi noticiado na altura.

Talvez ainda seja prematuro falar do que vai ser o trabalho da secretaria de Estado, mas será do máximo interesse abrir-se o jogo bem depressa, porque os problemas são muitos e aumentam a cada dia que passa por evidente falta de dinheiro.


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Corte

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Pirata

domingo, junho 26, 2011

PARTIDARIZAÇÃO E CORRUPÇÃO POLÍTICA

Depois de umas quantas declarações infelizes e incursões em temas sensíveis em ocasiões menos próprias, eis que António Barreto se debruçou agora sobre um tema interessante que é o da “queda” dos directores-gerais logo que um novo governo toma posse.

O fim dos mandatos dos directores-gerais sempre que os governos são substituídos é uma singularidade do nosso sistema, que demonstra à saciedade a partidarização da Administração Pública, pois mostra bem que esses cargos são entregues a pessoas, não pelas suas competências na área mas por outros requisitos menos objectivos para não dizer suspeitos.

Quem conheça bem a Administração Pública sabe que as mudanças de chefias são muito prejudiciais para a produtividade, chegando mesmo a paralisar os serviços durante meses, já para não referir que os novos chefes são quase sempre tentados a mudar tudo mesmo sem saberem muito bem o que estão a fazer.

Os males da partidarização da Administração Pública podiam ficar por aqui, mas há também casos mais graves que podem ser verdadeiros actos de corrupção, pois é sempre possível existirem nomeações que sejam tidas como retribuição de favores, o que com a lei actual pode perfeitamente acontecer.


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Rita Lee

Alice Cooper

sexta-feira, junho 24, 2011

MINUDÊNCIAS

Penso que nós portugueses nos perdemos muito a discutir e a invocar minudências, deixando de parte assuntos muito mais importantes como sejam o bem comum e o futuro dos portugueses.

Há alguns dias li num blogue que visito com frequência, uma crítica velada aos lisboetas por terem aproveitado os feriados que este ano, com o S. António, lhes proporcionaram 4 dias seguidos de descanso. Percebe-se esta alusão por ser notícia a intenção de alguns senhores, a diminuição dos dias de descanso que resultam dos feriados nacionais e religiosos.

A discussão dos feriados é simplesmente ridícula, porque o que verdadeiramente pode estar em causa são as pontes e essas só existem se forem dadas pelo governo ou pelas entidades patronais. O dia em que se gozam os feriados resulta apenas dos caprichos do calendário e não da vontade de quem quer que seja.

Por mera curiosidade, já que é uma minudência, o S. João foi tão generoso como o S. António e apenas o S. Pedro foi forreta não dando grande margem de manobra aos habitantes dos concelhos que têm esse santo como padroeiro.


PINTURA


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quarta-feira, junho 22, 2011

CRISE SOCIAL GLOBAL

As coisas não estão a correr bem e os alertas surgem de diversos quadrantes, mesmo dos mais insuspeitos como seja a ONU.

Na Europa são conhecidos os “remédios receitados” aos países mais endividados e já se começa a tornar evidente o seu resultado pelo menos na Grécia, o primeiro a pedir a ajuda internacional.

Cada vez são mais as opiniões de que as políticas de austeridade adoptadas ameaçam o emprego, não permitem o relançamento da economia e agravam a crise social dos países. Bem podem os novos governantes vir dizer que não podem falhar, que seguindo este receituário condenam o país a estar bem pior daqui a dois ou três anos, mais pobre, com mais desemprego, mais miséria, e sem crédito.

A Alemanha parece custar a entender que depois da 2ª guerra conseguiu sair da sua crise com financiamento estrangeiro a baixo custo, ao contrário do que agora impõe aos outros. Todos terão a perder com a “queda” dos países periféricos. Quando caírem os primeiros tudo estará em causa, mesmo as grandes economias, como a Itália, a França e mesmo os Estados Unidos que são os mais endividados de todos.


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terça-feira, junho 21, 2011

COMPARAÇÕES FATAIS

Portugal está a atravessar uma crise enorme, ninguém duvida disso, mas como não estamos sós no mundo, nem na Comunidade Europeia, são muitas as vezes em que alguns pretendem estabelecer paralelos entre o nosso país e os outros.

É vulgar ouvir da boca de alguns iluminados que há países onde se desconta mais para a Segurança Social, que há outros em que a produtividade é maior, ou ainda que pagamos menos IVA no gás e na energia eléctrica do que alguns parceiros europeus.

Há sempre quem se julgue iluminado ou que os outros são menos dotados de inteligência, mas as coisas não são assim e os termos de comparação podem ser muito diversos e a verdade acaba sempre por surgir, por mais malabarismos estatísticos que se façam.

Por acaso, nada mais do que isso, hoje foi conhecido um relatório preliminar do Eurostat sobre o poder de compra, e como é evidente os portugueses estão no topo do ranking dos países com mais baixo poder de compra da zona euro, apenas batidos por países de “alto gabarito”, como sejam a Bulgária, a Roménia e a Letónia.

Com as medidas que já se perfilam no horizonte próximo para Portugal, é fácil prever que ainda possamos “subir” neste ranking fabuloso, sem que a Justiça encontre culpados que nos tenham conduzido a este patamar da (má) fama.


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By Palaciano

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Prevenido

segunda-feira, junho 20, 2011

O CASTIGO

Lembro-me bem da frase repetida por um antigo professor a propósito da falta de interesse demonstrada muitas vezes pelos seus alunos: “Toda a indiferença será castigada”.

Vem a frase a propósito da indiferença que parece caracterizar os portugueses no que respeita ao seu próprio futuro, que contrasta violentamente com as críticas que se fazem em conversas privadas e de café, onde aí sim, somos violentos e muito cáusticos.

Não sei se o descontentamento sairá à rua depois das férias de Verão, quando a situação apertar mais, ou se será só no próximo ano quando o torniquete voltar a apertar de novo, mas um dia terá que acontecer e quanto mais tarde pior.

Do que eu estou certo é de que enquanto as políticas não forem contestadas e enquanto os políticos não forem responsabilizados pelos seus actos, haverá muita gente que será castigada pelos erros dos mandantes, que como até agora continuarão impunes e livres para cometerem os mesmos desmandos do passado.


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Alvo

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sábado, junho 18, 2011

BRECHT

Perguntas de um Operário Letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas



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Angel Boligan
1.200

quinta-feira, junho 16, 2011

RESPONSABILIDADE E FISCALIZAÇÃO

Os problemas económicos que assolam o chamado mundo Ocidental resultam sobretudo duma actividade económica completamente desregulada, e embora isto seja internacionalmente reconhecido, não se tomaram medidas para se evitarem mais exageros.

Temos assistido às medidas de recuperação económica e pasme-se, em primeiro lugar está sempre o resgate da banca, à custa dos cortes sociais e o aumento de impostos sobre os rendimentos do trabalho e do consumo.

É sintomático que os impostos sobre o capital especulativo não sejam mexidos, quando se sabe que há escassez de capital para investimento no sector produtivo, que afinal seria o sector que nos podia fazer sair da crise económica, e capaz de diminuir o desemprego que devia ser a maior das preocupações.

Não se compreende que se esteja a penalizar quem não teve culpas nesta crise e se estejam a premiar os responsáveis, a menos que se confirmem as suspeitas, muito fundadas, de que o poder político está subordinado ao poder económico.


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Pavel C.

F. Deligne

quarta-feira, junho 15, 2011

DISCURSO

«Meus Senhores: A decadência dos povos da Península nos três últimos séculos é um dos factos mais incontestáveis, mais evidentes da nossa história: pode até dizer-se que essa decadência, seguindo-se quase sem transição a um período de força gloriosa e de rica originalidade, é o único grande facto evidente e incontestável que nessa história aparece aos olhos do historiador filósofo. Como peninsular, sinto profundamente ter de afirmar, numa assembleia de peninsulares, esta desalentadora evidência. Mas, se não reconhecermos e confessarmos francamente os nossos erros passados, como poderemos aspirar a uma emenda sincera e definitiva? O pecador humilha-se diante do seu Deus, num sentido acto de contrição, e só assim é perdoado. Façamos nós também, diante do espírito de verdade, o acto de contrição pelos nossos pecados históricos, porque só assim nos poderemos emendar e regenerar.

(…) é nesses novos fenómenos que se devem buscar e encontrar as causas da decadência da Península. (…) são três e de três espécies: um moral, outro político, outro económico. O primeiro é a transformação do catolicismo, pelo concílio de Trento. O segundo, o estabelecimento do absolutismo, pela ruína das liberdades locais. O terceiro, o desenvolvimento das conquistas longínquas. Estes fenómenos assim agrupados, compreendendo os três grandes aspectos da vida social, o pensamento, a política e o trabalho, indicam-nos claramente que uma profunda e universal revolução se operou, durante o século XVI, nas sociedades peninsulares. Essa revolução foi funesta, funestíssima. Se fosse necessária uma contraprova, bastava considerarmos um facto contemporâneo muito simples: esses três fenómenos eram exactamente o oposto dos três factos capitais, que se davam nas nações que lá fora cresciam, se moralizavam, se faziam inteligentes, ricas, poderosas, e tomavam a dianteira da civilização. Aqueles três factos civilizadores foram a liberdade moral, conquistada pela Reforma ou pela filosofia; a elevação da classe média, instrumento do progresso nas sociedades modernas, e directora dos reis, até ao dia em que os destronou; a indústria, finalmente, verdadeiro fundamento do mundo actual, que veio dar às nações uma concepção nova do Direito, substituindo a força pelo trabalho, e a guerra de conquista pelo comércio.»

Na noite de 27 de Maio de 1871, Antero de Quental discursou durante um debate sobre questões sociais e estes são apenas dois excertos da sua intervenção sobre as causas da decadência dos povos peninsulares.



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Dancing blockheads by Kharlamov Sergey

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1.198

segunda-feira, junho 13, 2011

MUDAM-SE OS TEMPOS…

Mudam-se os tempos e mudam-se também os discursos políticos, o que não será uma grande admiração para muitos mas será uma surpresa para os mais novos.

Há alguns anos atrás, a geração de políticos de então que hoje são os barões e baronetes da nossa sociedade, e alguns que ainda fazem uma perninha na política, diziam que Portugal era um país demasiado pequeno, e que só cresceria e se modernizaria no seio da comunidade europeia. A CEE era a salvação do país que acabara de perder as suas colónias e a sua única saída era a Europa.

Deixámos de produzir imensas coisas, e muito diligentes os nossos políticos acharam que receber dinheiro para deixar de produzir muitos produtos agrícolas, ou para se deixar de pescar era bom para o país.

Agora os discursos dos mesmos senhores são diferentes, o consumir português é premente e repetem-se vezes sem conta os incentivos ao retorno à terra e ao aumento da produção industrial.

Os nossos políticos têm sempre uma visão a muito curto prazo, e acabados os subsídios vindos de fora lá se lembram de que é preciso produzir cá dentro mais do que aquilo que se importa, porque se isso não acontecer aumentam as dívidas. Será que aprenderam alguma coisa?


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By Palaciano

quinta-feira, junho 09, 2011

ERROS DE ESTRATÉGIA

Com as medidas de austeridade a apertar logo após a entrada em funções do novo governo, o que nos dizem os ganhadores das eleições?

Os discursos dos responsáveis do PSD falavam do aumento das exportações e depositavam as suas esperanças nesta premissa, onde apostavam tudo, logo a começar pela diminuição da TSU.

É sintomático que no caso da Cultura se tenha ouvido da parte de Passos Coelho, que deixaria de ser um ministério, e que ficaria na directa dependência do 1º ministro, certamente reduzida a secretaria de Estado.

Se são poucos os que acreditam que as exportações possam aumentar substancialmente sem mais investimento e inovação, há muito quem acredite no potencial de crescimento do turismo Cultural, que exigirá um investimento mais reduzido e resultados mais rápidos.

Confesso que não percebo a intenção de “baixar de divisão” a Cultura, a menos que Passos Coelho tenha intenções de fazer como os nossos vizinhos espanhóis, e esteja disposto a manter o Património em perfeito estado de conservação, transformando-o numa das âncoras do turismo nacional.


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terça-feira, junho 07, 2011

ODE À MENTIRA

Crueldades, prisões, perseguições, injustiças,
como sereis cruéis, como sereis injustas?
Quem torturais, quem perseguis,
quem esmagais vilmente em ferros que inventais,
apenas sendo vosso gemeria as dores
que ansiosamente ao vosso medo lembram
e ao vosso coração cardíaco constrangem.
Quem de vós morre, quem de por vós a vida
lhe vai sendo sugada a cada canto
dos gestos e palavras, nas esquinas
das ruas e dos montes e dos mares
da terra que marcais, matriculais, comprais,
vendeis, hipotecais, regais a sangue,
esses e os outros, que, de olhar à escuta
e de sorriso amargurado à beira de saber-vos,
vos contemplam como coisas óbvias,
fatais a vós que não a quem matais,
esses e os outros todos... - como sereis cruéis,
como sereis injustas, como sereis tão falsas?
Ferocidade, falsidade, injúria
são tudo quanto tendes, porque ainda é nosso
o coração que apavorado em vós soluça
a raiva ansiosa de esmagar as pedras
dessa encosta abrupta que desceis.
Ao fundo, a vida vos espera. Descereis ao fundo.
Hoje, amanhã, há séculos, daqui a séculos?
Descereis, descereis sempre, descereis.


Jorge de Sena, in 'Pedra Filosofal'


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sexta-feira, junho 03, 2011

DIVIDIR PARA REINAR

Foi sem grande admiração que soube hoje que o Estado, o tal que se julgava ser pessoa de bem, vai proceder aos descontos para a ADSE (1,5%) nos subsídios de férias e no subsídio de Natal, dos funcionários públicos no activo e na reforma, que beneficiam desse subsistema de saúde.

Atendendo ao que já se sabe das medidas que constam do memorando assinado com a troika, os beneficiários da ADSE vão ver reduzidos os seus direitos, ou comparticipações em cuidados de saúde, mesmo depois de se terem aumentado os descontos em 0,5%, e pelos vistos, depois de descontarem mais dois meses do que era devido.

Este governo que agora cessa funções, e os outros dois partidos signatários do memorando, comprometeram-se a reduzir os custos na saúde, e por consequência na ADSE, e além de diminuírem as comparticipações, pelos vistos também querem aumentar os descontos, fazendo com que os funcionários públicos paguem por dois carrinhos, como se o congelamento dos salários, e os cortes, não fossem ainda suficientes.

Infelizmente sempre apelaram ao sentimento de inveja, e à divisão entre os portugueses para tomarem medidas deste tipo, mas pode ser que ainda hajam muitos eleitores que saibam distinguir entre o que é justo e o que é injusto, e o saibam exprimir no momento do voto.



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Michael Kountouris

quinta-feira, junho 02, 2011

AS AJUDAS E OS BANCOS

Sabe-se há algum tempo que dos 78 mil milhões de euros que a troika vai emprestar a Portugal, uma fatia de 12 mil milhões está destinada à banca nacional, para ser usada na sua capitalização, de modo a poderem cumprir as metas impostas no memorando de acordo.

Os portugueses ficam quase todos admirados com esta carência de capital dos bancos, pois todos sabemos que todos eles têm apresentado lucros bem elevados nos últimos anos, e têm pago impostos mais baixos do que qualquer outra empresa nacional.

Com altos lucros, e prémios para os seus gestores bem elevados, a pergunta mais banal é sobre se alguma parte desses proventos foi encaminhada para o aumento de capital dessas instituições, ou se pelo contrário foi distribuído pelos accionistas. É suposto cada empresa ser responsável pela sua gestão, e não o colectivo (todos cidadãos) ter que arcar com os problemas privados.

Como em economia as coisas parecem ter explicações que não são bem percebidas pelo comum do cidadão, fica uma outra questão que todos nós entendemos bem, que é qual vai ser o juro que os bancos vão pagar ao Estado pelos montantes que lhes vão ser emprestados, já que se sabem também os juros que a República (nós) vai pagar pela globalidade dos 78 mil milhões, caso as coisas se mantenham como está agora acordado.

A bem da transparência os políticos deviam esclarecer esta pergunta mais do que legítima.



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By Palaciano

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quarta-feira, junho 01, 2011

A CRIANÇA QUE RI NA RUA

A criança que ri na rua,

A música que vem no acaso,

A tela absurda, a estátua nua,

A bondade que não tem prazo


Tudo isso excede este rigor

Que o raciocínio dá a tudo

E tem qualquer cousa de amor,

Ainda que o amor seja mudo