domingo, março 30, 2014

A FORMAÇÃO DE ADULTOS

Durante muitos anos apostou-se, em Portugal, na mão-de-obra intensiva que além de ser barata era facilmente substituível e era abundante. Mudaram-se os tempos, e também a realidade, e as tarefas começaram a ser mais complexas, exigindo também outra formação que nem todos tinham.

Nos últimos 20 a 25 anos do século passado passou-se a investir mais na educação, massificando-a, e alguns anos depois começou a falar-se em formação contínua, que existiu em algumas grandes empresas, mas que assentou sobretudo no ensino de adultos que assim podiam colmatar algumas carências de conhecimento e, ao mesmo tempo, melhorar a sua situação laboral.

A formação em ambiente laboral foi mais uma intenção do que uma realidade, ainda que tenham existido honrosas excepções, mas o ensino de adultos está em vias de extinção, devido a decisões economicistas e também devido ao aumento da carga horária verificada nos últimos anos.

As empresas e empresários nacionais têm apostado em salários baixos, explorado o alto desemprego dos últimos anos e desinvestido na formação, mas pagarão isso bem caro dentro de poucos anos.

Não sei o que pensam os nossos políticos, mas a curto ou médio prazo a escassez de mão-de-obra qualificada vai ser uma realidade, e ninguém quererá investir em Portugal por ser impossível encontrar por cá profissionais qualificados.

Será que os privados irão investir na formação, ou terá que ser o Estado a liderar o processo como sempre aconteceu? 

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quinta-feira, março 27, 2014

TRABALHO MUITO MAL PAGO

A palavra dos nossos governantes não pode ser tomada como boa, e os exemplos dos últimos tempos têm sido mais do que muitos.

Dizer uma coisa e fazer o seu contrário tem sido um hábito, e os portugueses já interiorizaram que cada vez que um governante diz que não vai fazer algo, isso é sinal de que o vai fazer muito em breve.

Quem não se lembra de ouvir membros deste governo e da maioria que o suporta, de que a competitividade não seria conseguida com o recurso à mão de obra barata? A realidade veio demonstrar que estamos bem na cauda no que respeita aos custos por hora do trabalho na UE em 2013 como se percebe pelo gráfico abaixo.


terça-feira, março 25, 2014

LOTARIA DAS FACTURAS

Uma estratégia para arrecadar impostos que acaba por ser uma espécie de lotaria que em nada beneficia a indústria nacional e em nada contribui para aliviar os problemas sentidos por quem paga esta crise, que é quem trabalha.


segunda-feira, março 24, 2014

ÉTICA NOS NEGÓCIOS

Muita gente julga que nos negócios vale tudo, desde que não se caia sobre a alçada da lei, e que portanto a ética não é necessária nos negócios.

A ética é indispensável nos negócios tal como a boa imagem duma empresa é indispensável por ser a melhor publicidade positiva.
Vem a propósito da falta de ética nos negócios o caso da EPAL que decidiu cortar, só em 2013, a água a 12 mil clientes da zona de Lisboa por falta de pagamento das contas.

Por vezes o lucro fala mais alto do que a consciência e o governo que devia regular os monopólios faz-se de distraído, e é omisso na sua obrigação de regulador.

A EPAL e o governo parece terem olvidado o facto de a água ser um bem indispensável à vida, e de estar consagrado o direito inalienável à água e ao saneamento a todo o ser humano, independentemente da sua condição social e económica.


Nos negócios e na governação a ética é indispensável, ainda que haja quem esteja distraído… 

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sábado, março 22, 2014

QUEM DÁ PALPITES?

Depois de muitos anos a seguir um pensamento único, os portugueses libertaram-se e atreveram-se a querer tomar o destino em suas mãos depois do 25 de Abril de 1974. A experiência foi vivida por muitos que se atreveram a pensar pela sua cabeça, a exprimir as suas ideias e a sonhar, mas deste passado pouco passou para as gerações mais jovens.

Ouvir nos nossos dias Vítor Bento dizer que “a maior parte das pessoas que fala na praça pública não sabe do que fala, não estudam, e portanto mandam palpites que entretêm o circo mediático, mas que não contam para nada, e não resolvem problema nenhum”, faz-me recuar no tempo e recorda-me outros tempos.

Não sei se Vítor Bento se refere ao Manifesto dos 70 ou a outros quaisquer comentadores da nossa praça, mas não creio que ele tenha contribuído de algum modo para a solução dos nossos problemas económicos, pelo menos que se saiba. Discutir ideias é sempre saudável em Democracia, tanto quanto sei.

Estou em crer que Vítor Bento está muito distante do sentimento da maioria dos portugueses, que podem ignorar toda a teoria económica, mas que sentem que já não aguentam mais austeridade e que não suportam mais sacrifícios. Todos podemos dar palpites sobre as soluções, mas todos sabem que o caminho que seguimos está esgotado e não nos levou a lado nenhum.

Fique a saber senhor Vítor Bento que a Democracia pode ser uma chatice, mas a alternativa é bem pior…

quinta-feira, março 20, 2014

AS FLORES DA PRIMAVERA

Neste entardecer tão belo…
Entre todas as flores…
Existe uma rosa amarela…
Que vem ressurgindo…
Com a primavera…
Trazendo consigo…
Seu delicado perfume…
Assim como esperanças…
E oportunidades…
Para novas amizades…
A primavera é tão bela…
Porque traz com ela…
Todas as flores e aromas…
Revitalizando a inquietude…
De todos os corações…
As rosas colorem o amor …
As vermelhas exalam paixão…
As amarelas trazem magia e a sedução…
As brancas com sua brandura…
Trazem paz para os corações…

Autor Desconhecido


terça-feira, março 18, 2014

PORTUGUESES INSATISFEITOS

Sem grandes surpresas todos podemos ler o resumo das conclusões dum estudo internacional (European Social Survey) que acaba por dizer que os portugueses estão cada vez menos satisfeitos com a democracia.

O maior reparo a fazer é o de associar a insatisfação à democracia, quando na realidade a insatisfação se resume à má condução política do país.

A democracia está muito ligada à justiça social, ao bom funcionamento da justiça e à possibilidade de castigar quem desgoverna o país, impedindo o livre arbítrio de quem detém o poder político.


O que perturba a maioria dos políticos nacionais é o facto de estar em causa todo o sistema político, e o evidente repúdio popular pela impunidade de que beneficiam as elites políticas e económicas neste pobre país.


quarta-feira, março 12, 2014

QUEM NÃO É POR NÓS…

Este governo já demonstrou que tem uma estratégia de empobrecer o país, argumentando sempre com directivas vindas do exterior, mas indo sempre um pouco mais longe, numa posição de bom discípulo, tentando fazer passar a ideia de que será possível assim ganhar as boas graças dos credores e vir a pagar a dívida do Estado que entretanto se encarregou de “engordar” grandemente.

Se a estratégia se encaixa bem numa opção política que é bem clara para todos, ainda que prejudicial para o país e para a maioria dos cidadãos, os resultados são desastrosos apesar de toda a propaganda governamental.

A dívida já não pode ser paga, e só a sua reestruturação permitirá ao país crescer o suficiente para tornar sustentável o país. Note-se que só para pagar os juros da dívida, a preços do programa de assistência, o país teria que crescer a uma taxa superior a 2%, sem amortizar nada e sem investimento público.

Não é para admirar que tenha surgido um manifesto a defender a reestruturação da dívida pública, que foi assinado por muitos “notáveis” de diferentes quadrantes da nossa sociedade, nem admira que Cavaco Silva tenha exonerado dois dos seus conselheiros, por terem posto a sua assinatura no documento.


Definitivamente o governo e o presidente da República ficaram dum lado da barricada enquanto que toda a oposição e a maioria da sociedade portuguesa escolheram o outro lado, demonstrando-se o “divórcio” entre o poder e o país que já era evidente há bastante tempo.

FOTOGRAFIA
By Palaciano

terça-feira, março 11, 2014

OS CANDIDATOS

A política nacional já parece tirada da fantasia da banda desenhada, mas sem qualquer graça, tal a falta de qualidade do discurso. 

A Europa que nos venderam mostrou-se uma decepção e se os nossos representantes na dita são desta natureza então estamos entregues à bicharada...


domingo, março 09, 2014

sexta-feira, março 07, 2014

O MITO XONÉ

Durante alguns anos bateu-se consecutivamente na mesma tecla, a (pseudo) falta de produtividade dos trabalhadores portugueses, para manter baixos ou até cortar os salários em Portugal.
Este pretexto, ainda agora usado pelo merceeiro-mor Belmiro de Azevedo, é uma falácia que os factos demonstram de um modo indiscutível.

Nos dias que correm todos vemos empresas alemãs, inglesas, holandesas canadianas, etc., virem a Portugal contratar profissionais das mais variadas especialidades. Recorrentemente ouvimos da boca de empresários internacionais elogios ao trabalho dos nossos emigrantes um pouco por todo o mundo, e não o contrário.

Sabe-se que a produtividade em Portugal, estatisticamente é mais baixa do que noutros países europeus, e perguntamo-nos porquê? Contra-argumentando a afirmação de Belmiro de Azevedo podia começar exactamente pela diferença salarial praticada em Portugal e pela instabilidade laboral, mas este é apenas um dos aspectos da questão.

Existem mais factores que explicam a baixa produtividade de algumas das nossas empresas, começando pela má organização, pelo excesso de chefias, pela desadequação tecnológica, a falta de capital, a pequena dimensão, a falta de renovação dos produtos e a sua divulgação, só para descrever os factores mais gritantes e óbvios.


Quanto ao senhor Belmiro ficou por dizer que tem sido um dos mais beneficiados pelas alterações nas lei laborais, pelas isenções fiscais derivadas pela contratação de desempregados, que em conjunto com a proliferação do trabalho temporário tem sido o grande motor dos lucros do retalho, já para não falar dos baixos salários praticados e da vantagem de ter uma posição dominante na distribuição que por falta de regulação adequada permite “esmagar verdadeiramente os produtores”.   

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quarta-feira, março 05, 2014

O VALOR DA FALTA DE PALAVRA

Ao que sabemos Passos Coelho recusou-se a responder às perguntas sobre que cortes são provisórios e quais o que serão permanentes, aproveitando a oportunidade para se manifestar ofendido pelo que a coordenadora do Bloco de Esquerda lhe terá dito.

Parece que Catarina Martins terá afirmado que “a palavra do senhor primeiro-ministro não vale nada”, mas na verdade Passos Coelho também não respondeu à mesma pergunta feita por outros parlamentares, o que fez com que a “birra” ou o tabu permanecesse durante todo o debate quinzenal.

Falando muito claramente não foi Passos Coelho e o seu governo que disseram sempre que os cortes salariais na função pública, nas reformas, e nas pensões feitos no passado eram medidas transitórias e irrepetíveis numa situação de emergência nacional? É que foi isso mesmo que foi dito ao Tribunal Constitucional, e só por isso é que não foram liminarmente chumbados.


Se a palavra do senhor primeiro-ministro tem algum valor, não o sei dizer por uma razão muito simples: desconheço se a palavra de quem mente tem valor, ou se a mentira nos tempos actuais tem algum outro significado que eu desconheça…    

Importante: Leia AQUI um requerimento dirigido ao TC de declaração de inconstitucionalidade das normas contidas no Orçamento de Estado de 2014.
  

segunda-feira, março 03, 2014

PORTUGAL ESTÁ MELHOR?

Os membros do governo desdobram-se em afirmações cada vez mais ridículas, dizendo que Portugal agora está melhor do que há dois ou três anos, mas os portugueses não conseguem ver nem sentir as melhorias em nada de palpável.

Quando olhamos para os salários e pensões, vemos que os montantes líquidos são cada vez mais baixos, quando olhamos em redor vemos cada vez mais desempregados, ouvimos notícias de amigos que emigram ou de filhos que não conseguem encontrar emprego cá dentro.

As notícias que se prendem com a economia nacional também não são famosas, vamos ao mercado buscar fundos com um juro acima dos 5% e as projecções do crescimento para este ano ficam ao redor de 1,2%. Falando da dívida pública sabemos que atingiu em Janeiro o seu valor mais elevado desde que há dados, indo já em mais de 217 mil milhões.


É claro que a crise quando nasce não é para todos, e sem surpresas vemos quem depois de passar pelo poder encontra um emprego pago a peso de ouro, ou empresários do sistema que sobem na lista dos mais ricos do mundo, demonstrando que há sempre 1% de indivíduos que contrariam a desgraça dos restantes 99%.


sábado, março 01, 2014

COMISSÕES INÚTEIS

O Parlamento português tem criado comissões absolutamente inúteis que contudo têm ocupado deputados e técnicos durante muito tempo e onerado o Orçamento de Estado em quantias substanciais.

Recentemente tivemos uma comissão parlamentar para a revisão do IRC, e ficou óbvio para toda a gente que o IRC ia baixar para as empresas, ainda que umas tivessem mais benefícios do que outras.

Agora soube-se, pela voz da ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, que foi criada uma comissão para a revisão do IRS, mas que a dita revisão não visa baixar o imposto às famílias mas sim para” adequar a estrutura do imposto aos objectivos da política económica”.


Claro que temos comissões “a trabalhar” mas quais serão os benefícios para os portugueses? Esclareçam bem para que nós possamos julgar a eficácia dessas comissões.