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sábado, junho 23, 2018

TEMOS UM PROBLEMA DEMOGRÁFICO

Foi notícia o facto de o governo querer atrair 75 mil imigrantes por anos para combater um problema demográfico, o que levanta algumas questões que importa equacionar.

Portugal tem de facto um problema demográfico e isso não deriva de dificuldades em gerar filhos, o que poderia justificar essa medida, mas sim de natalidade, que tem razões que importa discutir.

Problemas como a instabilidade laboral, a precariedade, a dificuldade em encontrar habitação condigna, e os baixos salários praticados, são algumas das dificuldades que os nossos jovens encontram quando pretendem formar família, e eventualmente querem ter filhos.

As políticas laborais continuam a ser favoráveis ao patronato, os contratos a prazo e os estágios proliferam, o preço das casas e a não existência do mercado de arrendamento são uma realidade, e os baixos salários continuam a forçar os jovens a procurar outras paragens.

Quando se fala numa solução para os problemas demográficos, e se aponta para a atracção de imigrantes para a suprir, estamos na realidade a dizer que pretendemos continuar a praticar uma política de baixos salários, mais precariedade e de mais especulação imobiliária.


Como diria Abraham Lincoln, “pode-se enganar a todos por algum temo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.”


sexta-feira, julho 07, 2017

POR QUE FALTAM VIGILANTES NOS MUSEUS?



As notícias sobre o encerramento de andares inteiros no Museu de Arte Antiga, e do desconto de 50% no preço dos bilhetes, vieram trazer à tona o que já se sabia há vários anos: não há pessoal de vigilância nos museus em quantidade suficiente para as necessidades permanentes dos serviços.


Os vigilantes existentes há 3 anos eram insuficientes e já com um nível etário demasiado alto, mas abriu mais um museu, o dos Coches, e aumentaram-se os espaços visitáveis, tanto nas Janelas Verdes como no Chiado, com admissões que não cobriram as saídas, por reforma ou por transferências para outros ministérios, mas isso não alertou os responsáveis.


Ainda recentemente, por altura da Páscoa, houve uma greve destes trabalhadores, e alguns directores “aconselharam” funcionários a não aderir, especialmente os que estavam em situação precária, e não satisfeitos com isso, abriram as portas dos serviços nessa ocasião, sem o número suficiente de vigilantes, para esvaziar o propósito da greve e para agradar à tutela.


O resultado está aí, e não se resume ao MNAA. Não adianta chorar lágrimas de crocodilo, senhores directores, porque como se sabe muitos ficaram caladinhos para não levantarem ondas, outros retiraram da vigilância muitos profissionais, levando-os para outros serviços, nem sempre justificáveis, mas beneficiando assim de um horário normal, ao contrário dos restantes colegas, que trabalham sábados, domingos e feriados.


O descontentamento, a exaustão, a desmotivação resultantes dos maus salários, desvalorização das suas funções, falta de diálogo, desorganização e horários pouco amigos da família e da sua vida pessoal, estão à vista. Trabalhadores a rondarem os 60 anos e mais, com dezenas de anos de trabalho em constante contacto directo com o público, como se sentirão?


Quanto às novas admissões talvez seja útil saber-se qual a percentagem dos recentemente admitidos (à cerca de um ano) estão ainda a desempenhar as funções de vigilância e qual o seu grau de satisfação. Sabemos que muitos já “deram o salto” para outros ministérios, para usufruírem de horários normais, e outros estão já em processos concursais ou aguardando transferência exactamente pelo mesmo motivo. Outro detalhe da insatisfação é o ordenado bruto de 683.13€.


Importa conhecer a realidade para se perceber as razões que levam a que esta situação nos museus tenda a agravar-se. Exigir-se condições especiais a trabalhadores com uma categoria de uma carreira geral (assistente técnico) é injusto e até discriminatório.



terça-feira, março 18, 2014

PORTUGUESES INSATISFEITOS

Sem grandes surpresas todos podemos ler o resumo das conclusões dum estudo internacional (European Social Survey) que acaba por dizer que os portugueses estão cada vez menos satisfeitos com a democracia.

O maior reparo a fazer é o de associar a insatisfação à democracia, quando na realidade a insatisfação se resume à má condução política do país.

A democracia está muito ligada à justiça social, ao bom funcionamento da justiça e à possibilidade de castigar quem desgoverna o país, impedindo o livre arbítrio de quem detém o poder político.


O que perturba a maioria dos políticos nacionais é o facto de estar em causa todo o sistema político, e o evidente repúdio popular pela impunidade de que beneficiam as elites políticas e económicas neste pobre país.