sexta-feira, julho 07, 2017

POR QUE FALTAM VIGILANTES NOS MUSEUS?



As notícias sobre o encerramento de andares inteiros no Museu de Arte Antiga, e do desconto de 50% no preço dos bilhetes, vieram trazer à tona o que já se sabia há vários anos: não há pessoal de vigilância nos museus em quantidade suficiente para as necessidades permanentes dos serviços.


Os vigilantes existentes há 3 anos eram insuficientes e já com um nível etário demasiado alto, mas abriu mais um museu, o dos Coches, e aumentaram-se os espaços visitáveis, tanto nas Janelas Verdes como no Chiado, com admissões que não cobriram as saídas, por reforma ou por transferências para outros ministérios, mas isso não alertou os responsáveis.


Ainda recentemente, por altura da Páscoa, houve uma greve destes trabalhadores, e alguns directores “aconselharam” funcionários a não aderir, especialmente os que estavam em situação precária, e não satisfeitos com isso, abriram as portas dos serviços nessa ocasião, sem o número suficiente de vigilantes, para esvaziar o propósito da greve e para agradar à tutela.


O resultado está aí, e não se resume ao MNAA. Não adianta chorar lágrimas de crocodilo, senhores directores, porque como se sabe muitos ficaram caladinhos para não levantarem ondas, outros retiraram da vigilância muitos profissionais, levando-os para outros serviços, nem sempre justificáveis, mas beneficiando assim de um horário normal, ao contrário dos restantes colegas, que trabalham sábados, domingos e feriados.


O descontentamento, a exaustão, a desmotivação resultantes dos maus salários, desvalorização das suas funções, falta de diálogo, desorganização e horários pouco amigos da família e da sua vida pessoal, estão à vista. Trabalhadores a rondarem os 60 anos e mais, com dezenas de anos de trabalho em constante contacto directo com o público, como se sentirão?


Quanto às novas admissões talvez seja útil saber-se qual a percentagem dos recentemente admitidos (à cerca de um ano) estão ainda a desempenhar as funções de vigilância e qual o seu grau de satisfação. Sabemos que muitos já “deram o salto” para outros ministérios, para usufruírem de horários normais, e outros estão já em processos concursais ou aguardando transferência exactamente pelo mesmo motivo. Outro detalhe da insatisfação é o ordenado bruto de 683.13€.


Importa conhecer a realidade para se perceber as razões que levam a que esta situação nos museus tenda a agravar-se. Exigir-se condições especiais a trabalhadores com uma categoria de uma carreira geral (assistente técnico) é injusto e até discriminatório.



1 comentário:

Anónimo disse...

Pedir o 12º ano e conhecimento de línguas estrangeiras e exigir trabalho aos fins de semana e feriados por esse dinheiro? Estão doidos...
Joca