As notícias sobre o encerramento
de andares inteiros no Museu de Arte Antiga, e do desconto de 50% no preço dos
bilhetes, vieram trazer à tona o que já se sabia há vários anos: não há pessoal
de vigilância nos museus em quantidade suficiente para as necessidades
permanentes dos serviços.
Os vigilantes existentes há 3
anos eram insuficientes e já com um nível etário demasiado alto, mas abriu mais
um museu, o dos Coches, e aumentaram-se os espaços visitáveis, tanto nas Janelas
Verdes como no Chiado, com admissões que não cobriram as saídas, por reforma ou
por transferências para outros ministérios, mas isso não alertou os
responsáveis.
Ainda recentemente, por altura da
Páscoa, houve uma greve destes trabalhadores, e alguns directores
“aconselharam” funcionários a não aderir, especialmente os que estavam em
situação precária, e não satisfeitos com isso, abriram as portas dos serviços
nessa ocasião, sem o número suficiente de vigilantes, para esvaziar o propósito
da greve e para agradar à tutela.
O resultado está aí, e não se
resume ao MNAA. Não adianta chorar lágrimas de crocodilo, senhores directores,
porque como se sabe muitos ficaram caladinhos para não levantarem ondas, outros
retiraram da vigilância muitos profissionais, levando-os para outros serviços,
nem sempre justificáveis, mas beneficiando assim de um horário normal, ao
contrário dos restantes colegas, que trabalham sábados, domingos e feriados.
O descontentamento, a exaustão, a
desmotivação resultantes dos maus salários, desvalorização das suas funções,
falta de diálogo, desorganização e horários pouco amigos da família e da sua
vida pessoal, estão à vista. Trabalhadores a rondarem os 60 anos e mais, com
dezenas de anos de trabalho em constante contacto directo com o público, como se
sentirão?
Quanto às novas admissões talvez
seja útil saber-se qual a percentagem dos recentemente admitidos (à cerca de um
ano) estão ainda a desempenhar as funções de vigilância e qual o seu grau de
satisfação. Sabemos que muitos já “deram o salto” para outros ministérios, para
usufruírem de horários normais, e outros estão já em processos concursais ou
aguardando transferência exactamente pelo mesmo motivo. Outro detalhe da
insatisfação é o ordenado bruto de 683.13€.
Importa conhecer a realidade para
se perceber as razões que levam a que esta situação nos museus tenda a
agravar-se. Exigir-se condições especiais a trabalhadores com uma categoria de
uma carreira geral (assistente técnico) é injusto e até discriminatório.
1 comentário:
Pedir o 12º ano e conhecimento de línguas estrangeiras e exigir trabalho aos fins de semana e feriados por esse dinheiro? Estão doidos...
Joca
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