Tendo perdido a sua importância enquanto ministério, dizia-se que a Cultura ia beneficiar por ficar como secretaria de Estado na alçada directa de Passos Coelho, mas os factos demonstram que nada disso acontece.
Com fusões e extinções anunciadas, muitas coisas parecem estar mal pensadas, e a confusão reina no teatro, no cinema e no património, para citar apenas alguns exemplos conhecidos.
Quanto à questão de quem realmente tutela a Cultura, tem toda a razão de ser colocada, porque há aqui medidas de natureza estritamente política, que deixaram a própria SEC sem respostas para as inúmeras questões que começam a ser conhecidas, e que partem de todos os sectores.
Ontem soube-se que a SEC garantiu que os salários dos trabalhadores da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Colecção Berardo estão garantidos apesar das dificuldades financeiras. Desconhece-se ainda o futuro dos trabalhadores dos palácios de Sintra e de Queluz, apesar das insistências dos sindicatos, bem como o dos da Tóbis.
Ficou também a saber-se que o novo Museu Nacional dos Coches pode vir a ter outro uso, e que além da SEC estão envolvidos nessa resolução Miguel Relvas e António Costa. Como dá para perceber, Passos Coelho não está envolvido nos assuntos da Cultura, e os protagonistas das decisões, claramente políticas e económicas, são até externos à Cultura, que pelos vistos não tem poder de decisão nem autonomia política.