Eu sempre disse que os políticos têm preparados diferentes discursos, consoante estejam na oposição, no governo, cá dentro ou lá fora.
Falo precisamente de Pedro Passos Coelho, actual 1º ministro e líder do PSD, porque é quem neste momento tem sob sua tutela a pasta da Cultura, que passou a ser uma Secretaria de Estado.
Lembro-me de ouvir este senhor dizer, enquanto líder do maior partido da oposição, que o Estado não tinha funcionários a mais, mas que estavam apenas mal distribuídos. Dizia também que não haveriam despedimentos na função pública, o então líder do PSD.
Agora Pedro Passos Coelho é 1º ministro e extinguiu o Ministério da Cultura, que enquanto Secretaria de Estado ficou sob sua tutela directa, o que foi considerado na altura um privilégio pois assim teria a sua atenção mais directa.
A atenção de Passos Coelho deve estar a milhas das questões da Cultura, pois não terá dado conta que o seu Secretário de Estado da Cultura, passou a tutela de dois Palácios Nacionais, o de Queluz e o Sintra, para a alçada da empresa pública Parques de Sintra – Monte da Lua, sem consultar os sindicatos e sem informar os trabalhadores daqueles serviços.
Estes dois Palácios Nacionais significam cerca de dois milhões de euros de receitas da Secretaria de Estado da Cultura, o que é praticamente o mesmo do que Francisco José Viegas pretende poupar para o orçamento de 2012.
Tão relevante como as verbas que a SEC deixa de receber, é a situação dos trabalhadores dos dois serviços que é pelo menos nebulosa, pois não é conhecido nenhum procedimento que acautele a sua situação, uma vez que os palácios não vão encerrar, como se percebe.
Falar lá fora (na ONU) em “relançamento do crescimento e do emprego”, parece um eufemismo quando cá dentro se tomam decisões destas em que os trabalhadores são simplesmente ignorados pela tutela, que por acaso é a do 1º ministro de Portugal.
Pensamos que se trata de uma decisão algo atabalhoada e que tudo se irá compor, mas vamos ver o que se segue e qual a solução que vai ser encontrada para as dezenas de trabalhadores destes dois serviços.
4 comentários:
É, de facto, os discursos alteram-se conforme as posições.Resta saber que critérios estão a pensar usar para terminar com esses e não outros postos de trabalho na Administração Pública.
Quanto aos museus passarem para o sector empresarial do Estado é a "velha ideia" de "escola" que a gestão das despesas e das receitas e particularmente da actividade, encaixa naturalmente melhor num modelo empresarial... Já foi experimentado e não me consta que com tão resultados muito brilhantes ...
"tão" , no comentário anterior fico a mais. Entenda-se não escrito.
:)
Um beijinho amigo
Maria
Como arranjar lugares para os amigos dentro do Estado começa a ser difícil toca a mandar serviços para a esfera das empresas públicas, onde o critério é sempre ditado pelos gestores, sem embaraços legais.
Brilhante!
Bjos da Sílvia
Espero bem que nenhum desses trabalhadores tenha confiado ou votado num homem com tão pouca cultura! Cultura e PSD são coisas que não combinam!
Um abraço preocupado com a febre de privatizar - salvem o ar!!!
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