A Assembleia da República é a sede da Democracia, ou pelo menos devia ser, mas está a transformar-se numa arena de insultos em que até o 1º ministro colabora. Na sexta-feira ouvi-o chamar de “ignorantes” a quem dele discordava.
O assunto no momento da afirmação infeliz de José Sócrates era o das indemnizações por despedimento, e enquanto o 1º ministro insistia em que se estava a aproximar a prática portuguesa à europeia, citando exemplos como o da Finlândia, a oposição reclamou com o argumento dos salários praticados nos outros países. José Sócrates rematou que os salários nada tinham a ver com o assunto, mas sim com a produtividade, dizendo que tal argumento demonstrava ignorância por parte dos opositores.
A ignorância está claramente do lado do 1º ministro, que pretende ignorar que os salários determinam os subsídios de desemprego, o que é determinante para quem é despedido. Quanto à relação entre os salários e a produtividade, deve-se recordar ao senhor 1º ministro que isso também se devia aplicar aos gestores públicos, para os quais o governo não aceitou os cortes nos salários que são simplesmente vergonhosos.
Ao tentar passar a mensagem demagógica de que se está a “copiar” as boas práticas dos outros nuns aspectos, não se pode escamotear os aspectos em que os não acompanhamos, nem tão pouco chamar ignorantes aos que lembram aquilo que “propositadamente” ficou omisso.