quarta-feira, novembro 30, 2016

OS VISITANTES DIFÍCEIS...



A vida dos funcionários de vigilância dos museus é tudo menos fácil, e eis que me proponho a divulgar duas conversas bem elucidativas.

Entram dois casais com um ar distinto, usando aquele palavreado típico que irrita um santo, e depois de debitarem uma série de banalidades, eis que uma das senhoras se dirige a uma peça de porcelana, que até estava em zona de protecção das baias daquela sala, e pega nela virando-a ao contrário. A vigilante da sala dirige-se à senhora:

- Desculpe minha senhora, mas nas peças expostas não se pode tocar.
A resposta da senhora, olhando por cima dos óculos, veio de imediato.

- Eu sei, estava apenas a ver se tinha alguma marca de fábrica.

Outra que por acaso presenciei, foi a do senhor que atravessou o perímetro das baias de protecção de um coche e se preparava para subir para o seu interior, com o filho ao colo, no que foi impedido pelo funcionário, que se lhe dirigiu dizendo:

- O senhor não pode estar nessa zona, nem tão pouco tocar na viatura.

O senhor irritadíssimo, retorquiu:

- Não posso porquê? Onde é que isso está escrito? Isto também é meu, e quem é você para me proibir, e o que é que vai fazer?

Nem toda a gente tem estes comportamentos, mas mesmo assim estas situações são comuns nos nossos museus, infelizmente.



segunda-feira, novembro 28, 2016

FIDEL



São poucos os políticos que conseguem ser amados por uns e odiados por outros, mas que conseguem ser coerentes durante muitas décadas, até à sua morte.

Fidel conseguiu tudo isso, mas conseguiu também sobreviver ao ódio de dirigentes da maior superpotência mundial, que repetidamente o tentaram assassinar, como é público.

Podemos concordar ou discordar das opções políticas ou do modo como dirigiu Cuba, mas Fidel foi sempre fiel a si próprio e ao seu discurso, coisa de que poucos políticos mundiais se podem orgulhar.

Por estes dias vemos figuras cinzentas da nossa política a criticar Fidel Castro, contudo nunca ficarão na História por algo relevante, ao contrário de Fidel, que apesar de tudo até foi respeitado por boa parte do seu povo, independentemente das condições de vida a que foram sujeitos, e até por muitos dos seus opositores.



quinta-feira, novembro 24, 2016

MUSEU COLECÇÃO BERARDO

A confirmação de entradas pagas no Museu Berardo, no CCB, foi recebida com alguma surpresa, não pelo facto de serem pagas, mas porque aconteceu depois da confirmação da renovação do acordo por mais seis anos, sabendo-se que a dotação do Estado para a Fundação Berardo aumentou 180 mil euros, de 2016 para 2017.

Este acordo pode até ser muito interessante para algumas pessoas, mas há questões que ficam no ar, e para as quais não se conhecem respostas.

Que responsabilidades passam para a Fundação Berardo, com as entradas pagas, para além dos encargos com a bilhética? Por que razão foi aumentada a dotação do Estado para os próximos dois anos, se as entradas aliviam a gestão do museu?


A utilização de dinheiros públicos devia obrigar o Ministério da Cultura a deixar bem clara esta situação, porque pelo que se soube através da comunicação social, não nos parece que o Estado tenha feito um bom negócio, mas não estamos na posse de toda a informação. 


terça-feira, novembro 22, 2016

MAFRA – ACTUALIZAR AS LEGENDAS

Há alguns meses falou-se muito da intenção demonstrada pelo Rijksmuseum de alterar o nome de algumas das suas obras devido ao facto de terem recebido reclamações, segundo as quais algumas pessoas diziam estar incomodadas com alguns termos utilizados nas legendas de algumas peças.

Termos como “preto”, “negro”, “mouro”, “anão” ou “selvagem” fazem parte da linguagem que seria actualizada, como resposta ao desconforto de uma parte dos visitantes.

Na minha recente visita ao Palácio/Convento de Mafra, e muito admirado pela falta de legendas, que sendo poucas podiam (e deviam) ser menos amadoras, e uma chamou-me a atenção pelo seu carácter inutilmente elitista.

A referência a “pessoal superior”, mostrada no seu contexto na imagem abaixo, é absurdo, até porque nunca vi nenhuma equivalência de “nobre” ser denominada como “pessoal superior”, mas acredito que a legenda tenha sido elaborada por algum técnico superior, o que pode (?) explicar a confusão.

Em rigor nem na situação dos aposentos em questão, o quarto de camarista, no piso nobre, é superior ao dos criados do sexo masculino (pessoal inferior?), que estavam situados nos mezaninos (acima do piso nobre).


Estamos em crer que a designação infeliz será corrigida em breve, e que as novas tabelas prometidas para 2017 venham a ter uma qualidade condizente com este conjunto monumental, porque há que ultrapassar esta “pobreza franciscana”. 

A
Cela fradesca

sábado, novembro 19, 2016

MARCELO O OPTIMISTA

Marcelo Rebelo de Sousa nunca teve uma bola de cristal, nem teve artes de adivinho, mas com esta afirmação pretendeu aliviar a pressão sobre o governo, mas sabe perfeitamente que não é curial aumentar a polícia e os militares, permitindo-lhes que progridam nas carreiras, e deixar na mesma os restantes funcionários públicos, sabendo que entre eles há quem ganhe o salário mínimo, e muitos mais que ganham pouco mais do que isso.

Passou muito tempo desde que as carreiras foram congeladas e que aconteceu o último aumento, e adiar ainda mais vai acabar por causar ainda mais tensões, quer no sector público, quer no privado.

Não brinquem mais com o fogo...

quinta-feira, novembro 17, 2016

O CONFÚCIO DO FUTEBOL PORTUGUÊS

Uma das “qualidades” mais reconhecida aos agentes do futebol é sem dúvida a arte da dialética e a coerência do discurso.

Esta semana fomos todos brindados com a citação de Confúcio, pelo exímio Jorge Jesus, conhecido por ser um expert da linguagem do “futebolês”.


Costuma dizer-se que falando muito, sempre se acerta alguma coisa, e desta vez Jesus conseguiu citar Confúcio, ao dizer que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Na realidade já tinha havido um outro treinador, o do FCP, que já tinha tentado demonstrar que é mais fácil explicar algo através de imagens, mas “o traço” não ajudou. 


domingo, novembro 13, 2016

PORQUE SURGEM TRUMP’S?

O chamado mundo ocidental, que se gaba de viver em Democracia, está chocado pela eleição de Donald Trump, não entendendo como é que isso pode ter acontecido. O mesmo já tinha acontecido com o referendo que aprovou o Brexit na Grã-Bretanha.

A explicação é porventura mais simples do que possa parecer, e resume-se ao facto de que a Democracia, nos nossos dias, dá mais importância à economia do que às pessoas.


Na actualidade os governos dão mais importância ao que sai dos encontros do Clube de Bilderberg, ou da ComissãoTrilateral, onde os políticos se desunham por ser convidados.

quarta-feira, novembro 09, 2016

A SEGURANÇA NOS MUSEUS

O caso da escultura derrubada por um visitante no Museu Nacional de Arte Antiga teve o condão de chamar a atenção para a segurança destes serviços, e isso deve merecer a atenção do Ministério da Cultura que tem deixado o assunto em segundo plano.

A falta de pessoal tem sido uma constante nesta última dezena de anos, e o elevado nível etário dos funcionários também não está a ser tido em atenção. A falta de diálogo com estes trabalhadores, quer das direcções dos museus e monumentos, quer por parte da tutela, é uma lacuna enorme porque a sua experiência poderia dar muitas pistas sobre o que é necessário fazer-se para melhorar o serviço prestado aos visitantes.

Factores como a formação, ou falta dela, e a falta de autoridade dos mesmos por falta de regras claras, têm fragilizado a actuação destes profissionais de vigilância.


Quanto aos públicos e seus comportamentos, não seria nenhum desperdício de verbas, fazer uma campanha pública sobre os comportamentos correctos durante as visitas a museus e monumentos, talvez inserida numa divulgação nacional e internacional do nosso Património. 

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domingo, novembro 06, 2016

A (IN)SEGURANÇA NOS MUSEUS



O Museu de Arte Antiga e a falta de segurança dos museus em geral voltaram a ficar debaixo de fogo, mais uma vez, e agora porque um visitante derrubou uma escultura no MNAA.

Quem anda dentro da realidade destas coisas (museus) sabe que os primeiros domingos de cada mês, por causa das entradas grátis durante todo o dia, são dias de grande afluxo de visitantes e de grande tensão para os funcionários de serviço, que são em número insuficiente.

Dando um salto à página da DGPC onde estão os Mapas de Pessoal de cada museu ou monumento, vemos números que nos podem enganar, pois pode parecer que existe pessoal suficiente para fazer uma guardaria aceitável, mas não é bem assim.

Vejamos o caso do MNAA onde, segundo o Mapa de Pessoal existem 38 assistentes técnicos, mas que segundo o seu director apenas 20 desempenham funções de guardaria. Outros serviços da DGPC apresentam situações idênticas, porque há vigilantes que estão a desempenhar funções administrativas, outros a desempenhar funções nos serviços educativos, outros em lojas e bilheteiras, e outras situações ainda mais difíceis de perceber.

Sendo que quase todos foram admitidos para exercer funções de vigilância, a verdade é que nem todos desempenham essas funções, e por essa via também não trabalham aos domingos e feriados como os outros. O que é que resulta disto?

O que resulta é um grande descontentamento dos que são sobrecarregados com trabalho sem condições e em número mais do que insuficiente, auferindo o mesmo salário que os colegas isentos de trabalho aos sábados domingos e feriados, mas sem as mesmas regalias.

Outra consequência desta situação absurda, que os dirigentes da DGPC e dos museu e monumentos conhecem bem, é a dificuldade em fixar pessoas nestas funções (Vigilância, Bilheteira e Lojas), pois as últimas admissões já mostraram que os candidatos admitidos só desejam adquirir a categoria, após o que pedem transferência para serviços com melhores horários e com outras possibilidades de progressão, coisa que na Cultura é uma verdadeira impossibilidade.

Claro que podia falar da responsabilidade de quem organiza a exposição das peças e não acautela a sua segurança, tendo em conta a realidade existente, mas isso é outra matéria mais delicada, que não me apetece esmiuçar neste artigo.   


Fotografia retirada da internet

sábado, novembro 05, 2016

IMAGENS AO ACASO

Hoje deixo-vos duas imagens muito diferentes: uma que ilustra uma página da História de Portugal e outra que faz humor com o preconceito da sociedade actual. Nada as liga, foi apenas uma escolha aleatória. 

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quinta-feira, novembro 03, 2016

PALÁCIOS E MUDANÇAS DE DECORAÇÃO

Há dias falei em mudanças de decoração de alguns palácios, e isso suscitou algumas desconfianças naturais, porque para alguns as coisas deviam ser imutáveis.

Não concordo com a imutabilidade, e acho que algumas mudanças fazem sentido, embora outras sejam difíceis de explicar, mas o critério depende muito dos directores dos serviços, e serão esses os responsáveis por explicar as mudanças.

Apresento novamente a foto da antiga Sala de Jantar do Rei, que estava no dito artigo anterior, onde destaco o louceiro situado em 2º plano à direita, que vai ser apresentado abaixo em duas fotos mais actuais, no Palácio de Mafra.

A segunda foto apresenta esta mesma sala, decorada já como um quarto, que passou a ser designado como Quarto de D. Sebastião, aqui ainda com uma decoração diferente da actual, talvez mais interessante que a actual, mas issso é apenas uma opinião pessoal.

As duas últimas fotos são do louceiro que destaquei na descripção da 1ª foto, que hoje pode ser visto em Mafra, na Sala da Caça, juntamente com o seu par.

Recorde-se em abono da verdade, que alguns palácios estavam praticamente desprovidos de móveis por altura da sua musealização, e que foram apetrechados com móveis de outros locais a que se acrescentaram alguns adquiridos para a sua decoração de forma condigna, e com vista à sua fruição pelo público.

A Sala de Jantar do Rei

Com outra decoração passou a ser o Quarto de D. Sebastião

Louceiro que estava em Sintra (1ª foto)

Pormenor do louceiro