quarta-feira, novembro 30, 2011

FADO PORTUGUÊS

O Fado nasceu um dia,

quando o vento mal bulia

e o céu o mar prolongava,

na amurada dum veleiro,

no peito dum marinheiro

que, estando triste, cantava,

que, estando triste, cantava.



Ai, que lindeza tamanha,

meu chão , meu monte, meu vale,

de folhas, flores, frutas de oiro,

vê se vês terras de Espanha,

areias de Portugal,

olhar ceguinho de choro.



Na boca dum marinheiro

do frágil barco veleiro,

morrendo a canção magoada,

diz o pungir dos desejos

do lábio a queimar de beijos

que beija o ar, e mais nada,

que beija o ar, e mais nada.



Mãe, adeus. Adeus, Maria.

Guarda bem no teu sentido

que aqui te faço uma jura:

que ou te levo à sacristia,

ou foi Deus que foi servido

dar-me no mar sepultura.



Ora eis que embora outro dia,

quando o vento nem bulia

e o céu o mar prolongava,

à proa de outro velero

velava outro marinheiro

que, estando triste, cantava,

que, estando triste, cantava.


José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'

VARIAÇÕES EM AZUL

terça-feira, novembro 29, 2011

OS NOSSOS POLÍTICOS

São muitas as vezes que dou comigo a pensar que não vivo num país onde os políticos sejam pessoas normais e cordatas, pessoas que tenham convicções e consciência social como devia ser apanágio de qualquer servidor público.

Há uns dias veio à praça pública um membro do governo dizer que há muitos países onde não se pagam subsídios de natal ou de féria, para “justificar” os cortes que vão ser feitos aos funcionários públicos e pensionistas, e usou a Dinamarca, entre outros países, como termo de comparação.

Fiquei abismado com o ridículo da comparação, e de imediato fiquei com a quase certeza de que o dito servidor (?) público, desconhecia completamente a realidade da Dinamarca, ou que nos estava a chamar estúpidos com todas as letras.

Ontem li sobre o caso do ministro Mota Soares, que deixou a sua Vespa para passar a usar uma bomba de 86 mil euros. Depressa veio um esclarecimento do ministério dizendo que o carro não fora comprado pelo ministro, mas que está alugado por 48 meses.

Porque será que o senhor ministro não abdicou da carripana de luxo e fez como os seus congéneres dinamarqueses, continuando a usar a sua viatura pessoal? Então as comparações não servem para os nossos ministros, que até ganham, comparativamente, mais do que os colegas nórdicos?


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segunda-feira, novembro 28, 2011

O NOSSO FADO

A notícia mais “badalada” deste domingo foi sem dúvida a de que “o fado já é património mundial”. As televisões e as rádios repetiram-no vezes sem conta, e os jornais vão fazê-lo na segunda-feira.

Não sei se fique contente por ter-mos que partilhar o fado com toda a humanidade, considerando que este é mesmo nosso, e também porque há alguns que não partilham nada com Portugal. Eles “presta-nos “ajuda”, daquela que nós pagamos com juros.

Pensando bem, até temos um certo fado que podemos partilhar com os nossos “amigos” representados pela chamada troika. Temos aquele fado a que chamam destino, que se traduz por maus políticos, péssima justiça, péssimos salários, impostos demasiado altos, etc.

Partilhemos as nossas desgraças, talvez assim eles nos entendam melhor, mas acho melhor guardar bem o nosso fado musical, e vamos fazer os estrangeiros largar a nota se quiserem ouvir o trinar das guitarras e as vozes e letras do que é o nosso FADO.



sábado, novembro 26, 2011

OS CONVENCIDOS DA VIDA

Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.

(…) Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.

(…) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.

Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.

Alexandre O'Neill


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PINTURA

quinta-feira, novembro 24, 2011

SOBRETAXA OU ROUBO?

Muito se tem falado acerca dos cortes dos subsídios de Natal e de férias do próximo ano, que vai incidir sobre funcionários públicos e pensionistas, mas pouco se diz do corte de parte do subsídio de Natal deste ano, que alguns já puderam ver reflectido nas folhas de vencimento.

Um corte é sempre um corte, e portanto injusto aos olhos de quem se vê esbulhado daquilo a que tinha direito, mas há cortes que vão além disso, como é o caso desta sobretaxa extraordinária.

O governo não se limitou a criar um imposto extraordinário, como se afirmou, foi mais além do que isso, o que é um roubo descarado. Repare-se que os descontos incidem sobre o montante global, sobretaxa incluída.

É preciso não ter vergonha para se fazer descontos sobre um montante que não se recebe. Isto na minha óptica é um roubo descarado.

Será que em 2012 e 2013 também vamos pagar os impostos referentes aos dois subsídios, mesmo sabendo-se que os não vamos receber? Já era só o que faltava…


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terça-feira, novembro 22, 2011

OS TEMPLÁRIOS (CONT.)

Apesar de ter sido criada para a defesa da Terra Santa, a Ordem dos Templários teve grande relevo na Península Ibérica logo ao tempo de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, quando fundam a sua sede em Soure, no Mondego, e mais tarde em Tomar já no reinado de D. Afonso Henriques.

Ajudando a coroa portuguesa, e outras na Europa, os Templários receberam em troca muitos privilégios, em terras e rendas, ganhando uma importância militar, política e económica que começou a suscitar muitas críticas por parte dos povos e muitas reticências por parte dos poderes políticos e eclesiásticos.

Para alguns estudiosos o súbito enriquecimento da Ordem não era explicada pelas doações e recompensas pela ajuda prestada, mas sim por algo mais difícil de comprovar. Segundo a lenda os Templários teriam encontrado algumas relíquias sagradas, como o cálice sagrado e a coroa de espinhos de Cristo, em escavações por eles efectuadas em Jerusalém. Há mesmo quem afirme que terão encontrado o tesouro dos judeus, calculado em mais de duzentas toneladas de ouro.


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segunda-feira, novembro 21, 2011

OS COMPROMISSOS ASSUMIDOS

Para pessoas que foram criadas como eu, a palavra de um homem é para ser respeitada e os compromissos são para manter. Não teria muito futuro em certas actividades, com toda a certeza, e a política deve ser um dos casos.

Em Portugal temos visto a cadeira de primeiro-ministro ocupada com pessoas que não fazem o que prometeram quando se apresentaram ao eleitorado, e que facilmente dizem uma coisa hoje para dizer o seu contrário pouco tempo depois. José Sócrates não tem o exclusivo nesta matéria, porque depressa apareceu quem lhe veio fazer digna concorrência.

Na semana que passou ficámos todos a saber que as tabelas salariais dos funcionários públicos não vão ser mexidas em 2012, porque decorrem de compromissos assumidos, nas palavras de Passos Coelho.

É uma pena que o senhor 1º ministro não se recorde que disse que não ia aumentar os impostos e de que cortar subsídios aos funcionários públicos era um disparate, porque são muitos os portugueses que se recordam do que ele disse e que não cumpriu.

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Ida às compras

domingo, novembro 20, 2011

FUGAS DE INFORMAÇÃO

A preocupação do PGR, Pinto Monteiro, com as fugas de informação foi recebida com indiferença por uns e com aplauso de outros, mas não conseguiu recolher o apoio unânime dos portugueses.

Creio que para muita gente as figuras públicas acabam por pagar a factura de serem ou terem sido figuras públicas, e para outros, mais puristas, o respeito pela intimidade e a presunção da inocência deve prevalecer, para todos.

Não vou tomar partidos, nem sequer exprimir a minha opinião, porque seria parcial na medida em que não simpatizo com a figura do senhor Duarte Lima, mas o assunto não me passou despercebido.

Acho mesmo que existem fugas de informação, e estas de que falo não podem ter saído dos suspeitos do costume. Talvez alguns tenham reparado na presença de um indivíduo sempre que as televisões fazem um directo importante. Esse alguém é o conhecido emplastro.

O emplastro deve ter informação privilegiada e o PGR deve prestar muita atenção ao caso, e quem sabe até deva abrir um processo de averiguações, porque me parece que é inadmissível sermos obrigados a ver entrar nas nossas casas semelhante criatura que insiste em mostrar a cara sobre o ombro de cada entrevistado.


sexta-feira, novembro 18, 2011

OS AGIOTAS

Os agiotas são geralmente procurados por quem não consegue crédito nos circuitos normais, sejam eles nacionais sejam internacionais.

Portugal devido à má classificação da sua dívida foi forçado a recorrer a entidades externas que não estão no circuito normal do crédito, o que se traduziu no tão falado protocolo com a troika.

Aquilo que nos disseram é que se tratava de uma “ajuda”, mas na verdade trata-se de um empréstimo feito por três entidades distintas, que obtêm esse dinheiro a um juro muito baixo e nos emprestam esse mesmo dinheiro cobrando um juro substancialmente superior, mas que também nos forçam a medidas várias, por eles impostas.

Por tudo isto pode afirmar-se que a troika se está a comportar como os agiotas e que está a praticar aquilo que se convenciona chamar de usura.

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quinta-feira, novembro 17, 2011

CHANTAGEM TROIKISTA

É uma inadmissível ingerência por parte da troika, vir afirmar que “não tem um plano B” caso o Tribunal Constitucional chumbe o corte nos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas, e que acrescente que “consideramos que os cortes de salários estão de acordo com a Constituição”. 

É certo que esta ideia é passada pelo executivo português que também quer empurrar o Tribunal Constitucional contra a parede, confrontando-o com a hipótese de chumbo ser a causa do fim do resgate da nossa dívida pública. 

Estamos perante uma monumental chantagem, pois perante as dúvidas sobre a constitucionalidade desta medida, já levantadas por diversas entidades e até pela Presidência da República, o governo não teve o cuidado de prevenir um chumbo, consultando preventivamente o TC. 

A política do facto consumado e o argumento da inevitabilidade, são atitudes de prepotência e de desprezo pelas instituições e pela Democracia. A situação é grave mas isso não legitima estratégias deste calibre. 

Será que o governo comportando-se desta maneira, está à espera que os cidadãos aceitem tudo pacificamente e sem mostrarem a sua indignação de forma bem clara?

Mais AQUI e AQUI
 
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ARTE AFRICANA

quarta-feira, novembro 16, 2011

A POUPANÇAZINHA

Hoje ao ouvir a senhora ministra da Justiça lembrei-me daquele anúncio televisivo em que um motoqueiro diz para a funcionária dum banco: “Quero aderir à poupançazinha”.

Estava a senhor ministra a falar para os senhores deputados, a explicar que estava a cortar nas despesas do seu ministério, onde diz ir poupar não sei quantos por cento nas despesas do seu próprio gabinete, logo acrescentando em resposta a um senhor deputado, que nem o seu telemóvel o ministério lhe paga.

Sinceramente, senhora ministra, Paula Teixeira da Cruz, então porque é que o ministério lhe havia de pagar o telemóvel? A senhora tem o telefone do seu gabinete, ou não tem?

A senhora ministra diz que está a poupar, mas essa é mesmo a sua obrigação, a sua função, e não vejo o que é que existe de relevante nisso. Já o facto de não lhe pagarem o seu telemóvel, acho que foi uma constatação infeliz, já que não vejo porque é que o ministério o pudesse pagar se o não faz aos restantes funcionários, que certamente ganham menos do que a senhora.

Senhora doutora, se quer poupar em mordomias sem sentido, a senhora sabe bem que as há muito mais caras, e das quais a senhora beneficia ao abrigo da Lei, e onde a poupança seria muito mais substancial.

Aconselho a que visionem este vídeo que se segue, que não sendo novo não deixa de ser elucidativo.


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terça-feira, novembro 15, 2011

OS TEMPLÁRIOS

A Ordem do Templo cuja regra terá sido escrita por S. Bernardo, abade de Claraval, foi aprovada pelo Concílio de Troyes, em 1182.

Os cavaleiros templários encontravam-se, a princípio, na mais absoluta miséria, a ponto de Hugo de Payens e Godofredo de Saint-Omer terem de partilhar a mesma montada. Este facto terá dado origem ao emblema da ordem que tem dois guerreiros montados no mesmo cavalo.

O rei Balduíno II, rei de Jerusalém, deu-lhes permissão de ocuparem uma ala do palácio real, na esplanada do antigo Templo de Salomão, de onde deriva a sua denominação «Paupers conmilitones Christi templique Salomonici», que quer dizer «Cavaleiros pobres de Cristo e do Templo de Salomão».

Como factos curiosos sobre esta ordem religiosa saliento que o abade de Claraval, S. Bernardo era familiar de um dos nove fundadores da Ordem, os quais também eram aparentados entre si por laços de sangue ou matrimoniais.

Outra curiosidade prende-se com a prosperidade súbita dos templários, apesar dos seus votos de castidade, obediência e pobreza.

segunda-feira, novembro 14, 2011

UMA EUROPA POUCO DEMOCRÁTICA

A crise económica que tem atravessado todo o mundo ocidental tem causado diversas mossas em diferentes países, sendo que há uma que é ainda mais preocupante do que a própria crise, que é a suspensão da própria Democracia.

Ninguém chora a queda de Papandreou ou de Berlusconi nos seus países, mas na realidade eles não foram “corridos” pelos eleitores mas sim pelos mercados. A sua substituição por tecnocratas não eleitos é preocupante, porque não resulta de nenhum processo democrático.

Mesmo em Portugal estamos a assistir a uma “suspensão” da Democracia com o caso dos cortes dos subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas, ao arrepio da Constituição, alegando-se um estado de emergência nacional, para “driblar” os preceitos constitucionais.

Esta Europa que se arroga de democrática, comporta-se de um modo muito pouco democrático, não só nestes casos específicos, mas também no modo como tem permitido que dois países decidam a seu bel-prazer os destinos dos restantes membros daquilo a que chamam União Europeia.

IMAGEM NOJENTA
Imagem tirada da Net

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domingo, novembro 13, 2011

PARECENÇAS



O dinheiro só é poder quando existente em quantidades desproporcionadas.

Honoré de Balzac

1.301

sábado, novembro 12, 2011

OS QUE SE JULGAM ACIMA DOS OUTROS



Mérito é o que dizeis? Ah, pobres ingénuos!
O dinheiro, esse sim é que é mérito, irmãos.
Apenas os ricos são bons, bonitos,
amáveis, jovens e sábios.

Giuseppe Belli

sexta-feira, novembro 11, 2011

S. MARTINHO

ADIVINHA

Tem casca bem guardada
Ninguém lhe pode mexer
Sozinha ou acompanhada
Em Novembro nos vem ver



PROVÉRBIO

No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.

quinta-feira, novembro 10, 2011

IMAGEM E ACTUALIDADE


A Democracia? Vocês sabem o que é? O poder de os piolhos comerem os leões.

Georges Clemenceau

terça-feira, novembro 08, 2011

ESTUDOS E COMPARAÇÕES

A nossa imprensa brinda-nos com alguma frequência com estudos em que nós portugueses saímos invariavelmente mal quando comparados com os nossos parceiros europeus. O último tem que ver com o que se prevê gastar na quadra natalícia deste ano.

Os números apresentados, de 530 euros para os portugueses, e os 449 para os alemães e os modestíssimos 260 euros para os holandeses, fizeram logo aparecer uns comentários mirabolantes, segundo os quais a crise não nos estará a afectar tanto quanto seria de esperar.

Seria fácil colocar em causa estes números, argumentando com o número de portugueses que não aufere mais do que este montante mensal, aos quais se devem somar os desempregados, para contestar os números apresentados, mas não vale a pena seguir por aí.

A bem da honestidade das conclusões, talvez fosse melhor começar pela importância dada pelos ditos povos à data em questão, e as tradições de cada um. Porque estamos a comparar coisas que são naturalmente diferentes.

Outra coisa que talvez seja útil comparar, porque não é indiferente, é o que é que nós consideramos despesas de Natal e o que os outros consideram, pois os padrões são diferentes. Por exemplo, as refeições e a mesa de Natal são parte dos gastos dos portugueses, e não o são para outros povos, e o mesmo se pode dizer das deslocações para as reuniões familiares.

Certos dados e certas comparações só podem ser considerados se na sua ponderação também entrar o rendimento efectivo médio de cada povo, e aqui entram certos números que pesam imenso, pois um holandês tem rendimentos quase 80% superiores, e um alemão tem rendimentos 56,5% superiores aos de um português.

Falar de despesas suplementares em situações financeiras muito diferentes, é impossível e tirar conclusões é desonesto e demagógico. Talvez haja uma explicação lógica, que será a de tentar legitimar a acção do governo que pretende cortar ainda mais, mas isso não abona a quem publica e conclui a partir de estudos desta natureza.

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By Palaciano

segunda-feira, novembro 07, 2011

JUSTIÇA CARICATA

Uma notícia do JN dá que pensar sobre o estado da nossa Justiça. Um sem-abrigo do Porto está a ser julgado pelo furto de chocolates no valor de 14,34 euros. De cada vez que é preciso notificá-lo a polícia tem de andar à sua procura pelas ruas, e o processo já dura há ano e meio.

Não sei se a senhora ministra da Justiça e os outros protagonistas da Justiça portuguesa já se detiveram a pensar sobre o caricato desta situação, se comparada com outros processos como o Face Oculta, o processo e a condenação de Isaltino Morais, e de outros mais onde os envolvidos são nomes sonantes.

Os cidadãos já interiorizaram que a Justiça dos pobres é diferente da Justiça dos ricos, e peripécias destas só ajudam a consolidar este sentimento.

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By Palaciano

domingo, novembro 06, 2011

REVOLUÇÃO

Pena que as revoluções
não as façam os tiranos
se fariam bem em ordem
durariam menos anos

liberdade sairia
como verba de orçamento
e se houvesse qualquer saldo
se inventava suplemento

pagamento em dia certo
daria para isto aquilo
o que sobrasse guardado
de todo o assalto a silo

mas o que falta aos tiranos
é só imaginação
e o jeito na circunstância
é mesmo a revolução.

Agostinho da Silva, in 'Poemas'


sábado, novembro 05, 2011

A TAL ZONA DE CONFORTO

Não venho falar do jovem que convidou a nossa juventude a sair do país e que falou da zona de conforto dos desempregados, porque esse não fará parte da história, mas sim de uns quantos banqueiros que frequentemente falam mal do Estado.

Também não vale a pena falar daquela fatia de 12 mil milhões de euros que faz parte da “ajuda” que a troika nos está a prestar e que, nós os contribuintes deste país, vamos pagar com os juros devidos e as despesas correspondentes.

O que é agora notícia é o desejo dos nossos banqueiros de quererem passar todo o malparado para o Estado. A criação de um bad bank, gerido e detido pelo Estado (nós), que ficaria com todos os créditos malparados da nossa banca, privados ou da esfera pública, aliviando assim os balanços dos bancos, que pelos vistos estão com a corda na garganta.

O que é mais trágico nesta comédia à portuguesa, é que a conta desta manobra recairá sempre sobre os pobres contribuintes, a quem continuarão a pedir mais e mais sacrifícios, para ter-mos uns bancos com contas saudáveis. Porreiro pá!

Imagem DAQUI

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By Palaciano

sexta-feira, novembro 04, 2011

MEDIDAS EXIGIDAS

Enquanto decorre a reunião dos países mais poderosos, em Nice, ficou a conhecer-se uma declaração conjunta de patrões e sindicatos dos países mais ricos, e dos emergentes para se definirem um conjunto de medidas comuns de protecção social e de luta contra o desemprego em face da crise actual.

É muito interessante constatar-se esta coincidência de objectivos de patrões e sindicatos, numa ocasião em que as questões financeiras parecem dominar as preocupações dos políticos.

Os movimentos sociais que apareceram recentemente por todo o mundo ocidental, vão ganhando força, e o sistema financeiro e político, são cada vez mais contestados por apenas mostrarem estar preocupados com as questões financeiras. As desigualdades criadas pelo sistema dão cada vez mais força ao descontentamento.

Vamos ver se os responsáveis políticos começam a perceber que governar contra a vontade dos cidadãos não conduz a bom porto, e centram a sua atenção no combate às desigualdades e ao desemprego, fortalecendo também a protecção social.

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quarta-feira, novembro 02, 2011

INEVITAVELMENTE PREVISÍVEL

Ao ler que Paulo Portas disse que o anunciado referendo grego criava uma situação de “insegurança e imprevisibilidade”, achei que o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros até é coerente consigo mesmo.

Vejamos por exemplo a votação portuguesa para a entrada da Palestina na Unesco, que para muitos era um voto positivo de Portugal, mas que afinal não aconteceu, deixando muito boa gente espantada com a abstenção. Tendo em linha de conta que Paulo Portas é o titular da pasta do MNE, era mais do que previsível que o sim estaria fora de questão.

Também se recordarão que Paulo Portas nunca foi favorável a um referendo do Tratado de Lisboa, por exemplo, e isso sim, é mais do que previsível.

Perante o argumento da inevitabilidade em que o líder do CDS alinha com o do PSD, em absoluto, quando se fala do plano de resgate da troika, e das medidas que o governo vai tomando e que são excessivas e injustas, é previsível que nem Paulo Portas nem Passos Coelho admitam sequer um referendo sobre o plano de austeridade negociado.

Afinal o que é que pode importar a uma Democracia o dar-se a palavra aos cidadãos? Eles só têm que saber que têm de fazer mais sacrifícios, durante vários anos, porque … é inevitável.

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O Festim

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terça-feira, novembro 01, 2011

DIATRIBES DO ÁLVARO

Portugal atravessa um período negro no que respeita ao desemprego, onde os números não param de aumentar, e ainda irão piorar mais, pelo menos no próximo ano. Esta situação faria prever da parte do ministro da Economia, medidas tendentes a fortalecer o investimento e consequentemente o emprego.

Álvaro Santos Pereira, o ministro da pasta com responsabilidades na economia e emprego apresentou recentemente propostas, que conjugadas com outras já implementadas pelo governo, podem ser consideradas no seu conjunto o maior ataque aos direitos e conquistas dos trabalhadores.

A decisão do ministro da Economia de elevar o horário de trabalho em duas horas e meia por semana, é a negação absoluta dos direitos do trabalho. Não passaria na cabeça de ninguém aumentar a carga horária de trabalho sem qualquer contrapartida remuneratória, nem se pode imaginar em que medida é que esta obrigatoriedade pode ajudar no combate ao desemprego. Acrescente-se que também diminui a remuneração do trabalho extraordinário.

Não há memória de semelhante atropelo aos direitos do trabalho. Este governo tem feito recair todos os sacrifícios para obviar à crise que atravessamos, sobre os rendimentos do trabalho, o que pode ser mais do que explosivo.

A serem aprovadas estas medidas previstas no Orçamento de Estado para 2012, os cortes nos subsídios de férias e de Natal, estes aumentos de horários de trabalho, e os aumentos generalizados dos impostos, não só fragilizarão o aparelho produtivo nacional, como também causarão um aumento enorme da indignação que já lavra no mundo do trabalho.

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