Já manifestei por aqui a minha dificuldade em entender a nova linguagem do “economês” que povoa as análises da nossa comunicação social. Já vi e ouvi de tudo, como por exemplo dizer-se que “só os gastos da Segurança Social levam mais de um terço da despesa corrente primária”, como se isso não fosse decorrente do mau funcionamento da economia.
Hoje foi uma análise ao emprego, ou da sua má qualidade, que me fez voltar a este tema. O título “visita ao novo emprego à portuguesa”, do artigo de António Perez Metelo, prometia muita coisa mas na prática, ficou-se pela crítica aos sindicatos.
Confesso que a actuação dos nossos sindicatos também não me agrada, porque vai desgastando os trabalhadores em formas de luta de pouca expressão com demasiada frequência e depois não há forças ( capacidade de resistência) para formas de luta com dimensão e impacto para objectivos de grande importância e mais abrangentes.
Voltando a APM, ele acaba por admitir que o que estamos a viver é o retrato nítido da flexi-insegurança à portuguesa, com as ofertas salariais ao nível mais baixo possível e com a precariedade máxima, por parte dos patrões, criticando a oposição sindical a uma remodelação sensata e pactuada do mercado de trabalho.
Sinceramente, nunca me passou pela cabeça que um reputado jornalista da área económica, com tantos anos de tarimba, ainda acredite em contos de fadas. Então não se vê que estamos todos a sofrer cortes na área da Segurança Social? Já ouviu o ilustre jornalista alguma proposta por parte do patronato ou do governo para fortalecer devidamente a Segurança Social, para se iniciar uma discussão séria sobre a flexibilidade laboral? Pelo contrário todos sabemos que a flexibilidade já aí está e anuncia-se ainda mais para breve, com o beneplácitode uma comissão que se prepara para apresentar mais um pacote de alteração às leis laborais.Negociar o quê, e com quem? Com o governo e os patrões do mesmo lado da barricada, quem é o fiel da balança? Será que o senhor António P. Metelo pretende que o governo seja considerado um árbitro isento nesta discussão?
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lisbeth