sábado, março 31, 2007

O ATRASO DAS REFORMAS

Quando se ouve Sócrates a dizer que os atrasos do PRACE não o preocupam e que está tudo sob controlo, percebemos todos que a gestão dos problemas e da insatisfação obedece a um plano de tornar as manifestações de desagrado pouco visíveis no segundo semestre deste ano. A presidência da União podia ser ensombrada com manifestações o que podia colocar o governo em dificuldades.
É público que o governo inscreveu menos 230 milhões no orçamento para remunerações certas e permanentes, ou seja para vencimentos. Estando em causa o plano A, resta um plano B que obviamente virá do lado das receitas.
Quanto ao PRACE recordo uma frase que Teixeira dos Santos proferiu e que vamos ver se cumpre, pois nem sempre isso acontece: “ Não é uma reforma para despedir mas para permitir a mobilidade de recursos, nomeadamente os humanos”.
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PRÉMIOS E INDEMNIZAÇÕES PARA QUEM?
Já aqui abordei o tema dos prémios por bom desempenho propostos para a função pública, concluindo que são uma falsa promessa e que nos casos em que se aplica, falo dos países de tradição anglo-saxónica, só são dados aos gestores e dirigentes de topo. Excluo por razões de perfeita arbitrariedade e injustiça os países do Leste da Europa.
Afinal fui ultrapassado, sem me dar conta, pela realidade nacional, em que duas empresas pagaram mais de 17 milhões de euros em compensações e prémios a administradores. Falo de administradores nomeados pelo accionista Estado da PT e da EDP e duma quantia que é muito idêntica à que os CTT vão pagar ao Estado de dividendos, 17,5 milhões de euros.
Os tais administradores levaram para casa tanto como o que o Estado arrecada num ano nos CTT.
Bagatelas, senhor Luís Nazaré, bagatelas!
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HUMOR EM FRANCÊS


Bauer - Le Progrès

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Lacroix - Le Quotidien - Canadá

Les Chinois n'ont inventé que la brouette et le cerf-volant...

sexta-feira, março 30, 2007

A DEMAGOGIA DOS PRÉMIOS DE DESEMPENHO

Os políticos portugueses demonstraram nos últimos tempos o seu desconhecimento e a demagogia que os motiva, quando falam em reformas da administração pública. Esta afirmação pode parecer forte e contrária à mudança e evolução, quando apenas pretende ser realista e de acordo com a experiência de países mais desenvolvidos, que até já passaram por esta fase de mudanças há décadas.
São conhecidas três modalidades (grosso modo) de prémios de desempenho decorrentes de avaliação do desempenho, é dos manuais:
O modelo anglo-saxónico, em que os prémios se restringem às altas e médias chefias de acordo com o desempenho global dos serviços e do cumprimento dos objectivos estabelecidos.
O modelo dos países do Leste europeu em que o global das remunerações depende dos prémios e portanto das avaliações em quase todos os níveis.
E o modelo verdadeiramente europeu em que os prémios são quase simbólicos (menos de 10%).
O primeiro está de acordo com um tipo de mentalidade própria desse tipo de cultura e só premeia os dirigentes. O segundo é manifestamente iníquo potenciador de arbitrariedades e contrário ao espírito de missão pública. O terceiro, mais equilibrado do que os restantes já demonstrou que os prémios não motivadores nem são relevantes para a melhoria do desempenho.
Só agora começam a ser tornadas públicas conclusões sobre estas matérias, resultado da experiência em alguns casos de duas décadas, e tão presentes no discurso dos actuais políticos e analistas nacionais.Para finalizar, deixo apenas uma conclusão já divulgada nos idos de 2004 em que se conclui que os “sistemas carecem de legitimidade ao não merecerem a confiança dos funcionários, em virtude da sua subjectividade e falta de transparência.”
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Immortality by Nina K. Sundberg aka andaria

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HUMOR



O (mau) cheiro da política

quinta-feira, março 29, 2007

MINISTRO NÃO MENTE

Os últimos dias têm sido pródigos em declarações de ministros e acusações dos partidos da oposição.
Sobre a OTA, Teixeira dos Santos veio sublinhar que o investimento público terá impacto reduzido no orçamento de Estado. Ficámos sem saber se se estava a referir só ao orçamento para 2007, ou se estava a referir-se também aos dos anos seguintes. Para a oposição começa por ser uma escolha precipitada e talvez ruinosa, com um inconveniente muito grande que se prende com a privatização da ANA que é uma empresa pública que tem apresentado lucros consecutivamente. Sobre os estudos que já custaram milhões parece que também só pretenderam mostrar os favoráveis a esta localização, deixando esquecido um que arrasava esta escolha, pelos vistos por diversos motivos bem evidentes.
Na saúde, Correia de Campos prossegue a sua cruzada de encerramentos, chegando a afirmar-se que “só existirão encerramentos quando beneficiem a população”, para logo a seguir “informar” que se prevê o encerramento de mais de meia centena de SAP, por todo o país, propondo como alternativa os meios motorizados (ambulância e carros de emergência médica), para procederem ao envio de doentes a centros melhor equipados.
Quanto à OTA já todos vimos que é uma teimosia que já levou um ministro a dizer que é um compromisso pessoal, que todos vamos pagar directamente ou indirectamente sem garantias de ser a melhor opção.
Na Saúde os corte a eito visam só a redução de despesas, no curto prazo, mas não são no interesse das populações, já que se os SAP a encerrar não têm condições e se há falta de médicos a solução seria resolver esses problemas dotando o sistema desses meios.
Ministros não mentem, mas também não parecem dispostos a dizer toda a verdade. A obsessão pelo défice que tanto criticaram enquanto estavam na oposição é a chaga que ostentam enquanto governo.

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CARTOON

Canibal - Alex Larcher - Brasil

quarta-feira, março 28, 2007

A PROPÓSITO DE SALAZAR

Hoje vi escarrapachado num jornal diário uma pérola do pensar do senhor:

Diário do Governo I série nº244
Decreto nº 31.709, de 19 de Outubro de 1948
Normas sobre o funcionamento do Serviço Nacional de Meteorologia
Artigo 2º
Funcionários do Serviço de Meteorologia Nacional, incluindo o Director, têm um chefe. As ordens que ele der executem-se integralmente, seja qual for a opinião sobre elas; e a atitude do funcionário deve ser tal que dê a impressão de concordar inteiramente com elas, sem mostrar, nem sequer dar a entender, que os pontos de vista do chefe não merecem a sua aprovação.
Publique-se e cumpra-se como nele se contém.
Paços do Governo da República, 19 de Outubro de 1948
António Óscar de Fragoso Carmona
António de Oliveira Salazar

Para os saudosistas e para os admiradores fica este exemplo de abertura democrática e de sensatez caprina bem exemplificativo d’”O grande português”.

O PORQUÊ DE CERTAS ESCOLHAS
Li diversas opiniões, ouvi alguns comentadores e prestei atenção às conversas ao meu redor sobre a escolha de Salazar n’ Os Grandes Portugueses. Os mais conceituados tenderam a considerar que era apenas um concurso e que, atendendo a esse facto a escolha não era relevante. Os mais filósofos escandalizaram-se com a escolha e procuraram dar explicações culturais e até de alguma ignorância da História de Portugal, já o português comum dividiu-se entre o repúdio e a culpabilização dos nossos políticos actuais.
Eu sou um português comum, e também a mim me parece que este é um sério sinal para os nossos políticos. Não será por acaso, nem sequer por clubite, que os dois mais votados eram e foram sempre coerentes com as suas ideias e não enriqueceram por via dos cargos políticos que desempenharam.
Sem me rever em nenhum dos dois personagens, acho que foram homens de carácter, e previsíveis na sua actuação. Que diferença dos políticos de hoje, que prometem uma coisa e fazem outra, na oposição defendem as pessoas e no poder só falam de economia, estão à esquerda na oposição e viram à direita na situação, gerindo a sua actuação defendendo os mais poderosos e cortando direitos aos que vivem apenas do trabalho, aguardando pela véspera de novas eleições para dar uma folga que lhes granjeie algumas simpatias que lhes permitam mais algum mandato.
O povo percebe a jogada e responde como pode e sabe. Os políticos também entendem, porque não são burros, mas não o dão a entender não vá o protesto para outros campos mais difíceis, mas a ambição e a teimosia podem deitar tudo a perder se o aviso cair em saco roto. Eles que se cuidem, porque a sua credibilidade é algo em que os portugueses já não acreditam.


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Lá como cá - Luigi Rocco - Brasil

terça-feira, março 27, 2007

A DESILUSÃO DOS 50

Eu nunca fui um europeísta convicto e penso que cada vez há menos europeus convencidos das virtualidades da Europa que se está a pretender construir.
Compreendo a ilusão e a esperança dos países que entraram recentemente para o clube, que esperam ajudas para o desenvolvimento e para a consolidação de novos regimes e maior estabilidade (oxalá o saibam aproveitar), mas percebo bem a desilusão ou apenas o cepticismo dos cidadãos dos países que são contribuintes líquidos, ou estão em vias de o ser brevemente, que começam já a questionar-se sobre os resultados alcançados até agora.
A União Europeia começou a ter pecados difíceis de aceitar para os países membros fundadores e até para os que se lhes seguiram nas primeiras adesões. Os pecados, ou problemas sem solução expedita são: o desemprego, o distanciamento entre as instituições europeias e os cidadãos, a degradação do modelo social europeu e o fraco desenvolvimento económico da Europa.
Para os optimistas tudo isto é uma crise de crescimento, que vai ser ultrapassada, de preferência com uma constituição europeia, para os cépticos algo tem de mudar e a participação tem de ser efectiva e envolver as populações, já para os descontentes ter-se-á ido longe demais na construção europeia tendo sido afectada a soberania dos países pelo que será preciso limitar os poderes da união.
No segundo semestre Portugal terá a presidência europeia e eu acho que se está a colocar a fasquia muito alta, para não dizer demasiado alta. A nossa dimensão e o nosso exemplo não ajudam muito na obtenção de resultados, principalmente nas matérias que eu considero como os pecados capitais da União Europeia, que são também os nossos.
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segunda-feira, março 26, 2007

AS PREOCUPAÇÕES DOS PAIS

Ao domingo temos por vezes a reunião familiar que começa a ser mais espaçada à medida que os filhos crescem e seguem o seu rumo, formam novas famílias e vivem as suas vidas de forma mais independente.
A alegria da reunião de todos, o orgulho de ver como vão construindo o seu próprio mundo, os netos que são sempre recebidos com um carinho especial são uma recompensa por tudo o que conseguimos transmitir aos que nos vão seguir na linha da vida.
As perguntas que fazemos aos nossos filhos, quase sempre sobre a saúde, estudos ou trabalho, revelam as preocupações que nem sempre manifestamos cabalmente, sobre o seu futuro que esperamos sinceramente seja o melhor e o mais próspero.
A emancipação dos filhos não é o final das nossas preocupações de pais, antes uma nova etapa em que a preocupação deixa de ser menos visível para ser mais interior e escondida, mas sempre presente.
Acabada a reunião familiar fica a análise de tudo o que nos disseram e a tentativa de descortinarmos se houve algum indício de problemas, se alguma sugestão ficou por dar e se no passado lhes demos pistas para saberem como lidar com todos os problemas. É inevitável sentirmos tudo isto, mesmo quando dizemos que não queremos intrometer-nos nas suas vidas porque eles já são maiores e vacinados.
A nossa mente é muito estranha, nem sempre conseguimos dizer o que sentimos pelos filhos, aos próprios. Muito estranho mesmo foi escrever sobre isto, hoje que nem sequer estive com os mais velhos.

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ACONTECEU EM 2006

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Eros and Thanatos by ~immanuel

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Brincando com o fogo

domingo, março 25, 2007

RAPIDINHAS

Gestores bem pagos – Uma auditoria do Tribunal de Contas denuncia irregularidades quanto aos vencimentos e outras regalias de gestores de empresas municipais. As conclusões são arrasadoras e dão conta de irregularidades que chegam a atingir 189% de diferença em relação ao que está estipulado.
A agilidade apresentada como vantagem para a criação destas empresas municipais e outras similares na administração central, manifesta-se não nos resultados, já que muitas são claramente deficitárias, mas sobretudo e comprovadamente na presteza com que se atribuem remunerações muito altas e outras regalias verdadeiramente inconcebíveis aos gestores escolhidos.

Governos levam blogues mais a sério – Un pouco por todo o mundo os governos começam a encarar os blogues mais a sério, alguns tentando calar as vozes incómodas outros usando também este instrumento para passar as suas ideias. Não é por acaso que membros do governo e outros políticos aderiram recentemente aos blogues.
Por cá temos alguns bons blogues, que difundem opinião e denunciam casos que a imprensa parece ignorar, no meio de muitos outros que se dirigem para assuntos muito especializados ou são apenas álbuns ou diários pessoais. O anonimato é regra quando se pretende denunciar situações ou emitir opinião discordante, o que é compreensível e até aconselhável nestes casos, embora seja também exigível seriedade e honestidade.

Mais 30 mil camas em 50Km d da costa Alentejana – O governo está a precisar de investimento como do pão para a boca, e está em vias de autorizar tudo o que lhe vai sendo proposto. Ninguém é contra o investimento mas em muitos casos estão em causa áreas protegidas, como a Rede Natura 2000, onde não é permitido implantar construções desta natureza. O licenciado em engenharia civil José Sócrates, antigo ministro do Ambiente não parece sensível a estes argumentos e permite até que estes investimentos imobiliários e turísticos sejam considerados Projectos de Interesse Nacional para contornar a proibição. São terrenos baratos, a utilizar por quem pode pagar bem e que vai afectar habitats naturais. Que interessa isso, trata-se apenas de Economia, a estúpida economia que se permite estragar o que ainda é natural e que pode ser usufruído por todos.
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bobosol

bobosol

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A globalização já cá chegou

Acho que me andas a enganar

sábado, março 24, 2007

OS PATRÕES SÃO UMA MINORIA

Há quem não goste de perder nem que seja a feijões. Os patrões portugueses conseguiram no passado recente “harmonizar” a hora portuguesa com a hora do resto da Europa, no tempo de Cavaco Silva como primeiro-ministro, se bem se lembram. Passados mais de uma dezena de anos, voltam à carga utilizando os mesmíssimos argumentos, apesar dos inconvenientes então verificados.
Estes senhores regulam-se pelos interesses económicos, pelo lucro a qualquer preço e tendem a ignorar tudo o que esteja para lá dos seus interesses. São uma minoria, mas sabem o poder que detêm e a influência que têm junto do poder político, pelo atiram o barro à parede, esperando que cole. As crianças, as mais prejudicadas com esta alteração horária, não são factor impeditivo na sua opinião – dizem que é uma questão de hábito - e os pais e mães que teriam que lidar com o problema, para além da questão do desfasamento do horário biológico são considerados pequenos problemas.
Os argumentos a favor da alteração desejada pelos patrões são muito esclarecedores, se os olharmos à luz do século XXI. Dizem as associações patronais que “ a diferença de uma hora provoca dificuldades nos contactos comerciais e o aumento dos custos com as deslocações dos empresários portugueses, obrigando a que, para estar presente em iniciativas que se iniciam ao princípio do dia, seja necessário viajar de véspera”.
Uma característica dos portugueses é a de serem desenrascados, todos menos os empresários a julgar pelos argumentos. É extremamente fácil contornar as dificuldades que o horário existente lhes parece causar, basta-lhes seguir o conselho saudável dos nossos antepassados: Deitar cedo e cedo erguer, dá dinheiro e é sempre a crescer. Para eventuais recaídas, acrescente-se o fiel despertador de corda, não vá falhar a energia eléctrica.

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FOTOS


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CARTOON
Ferreira dos Santos - Portugal

Evgeny Kran - Russia

sexta-feira, março 23, 2007

FACTOS DESAGRADÁVEIS

O título – Apesar do que veio hoje e ontem nos jornais diários, e dum comunicado que não vi transcrito na íntegra (julgo), continuei a não ter razões para duvidar do que li em diversos blogues que consulto com regularidade e que em geral estão bem informados. A questão colocada, e com alguma documentação, era o facto de José Sócrates ter sido descrito na sua biografia oficial, nunca desmentida, como engenheiro o que, já este mês, foi corrigido pela forma de licenciado em engenharia civil. Não sou engenheiro, não pertenço à ordem, nem me interessa particularmente se tinha ou não direito ao título, o que me interessa é que o primeiro-ministro de Portugal não é engenheiro como a sua biografia oficial nos fazia crer, mas sim licenciado em engenharia civil como agora lá consta.
Não se culpem os blogues ou o facto de se usar o anonimato para falar mal das pessoas, porque aqui só estão em causa os factos e estes depressa são conhecidos e as ervas daninhas (há-as na rede) depressa perdem a credibilidade, se não respeitarem a verdade ou se se provar que apenas difundem mentiras.

Serviço público de Televisão – Sempre tive alguma dificuldade em saber o que isto queria dizer na prática em Portugal. Sei que pago para isso apesar da vertente comercial da RTP, sempre achei que os governos (todos) são tentados a exercer a sua influência neste meio de comunicação social, desejava outro tipo de programas, enfim refugio-me quando tenho tempo no cabo que também pago como alternativa.
Ontem, depois do telejornal a que assisto enquanto janto, fiquei a saber que a RTP ía entrevistar Valentim Loureiro em directo, conforme ele tinha exigido e foi tornado público. Um arguido em crimes de corrupção, diversos, manifestou o desejo de ser “julgado” na televisão, afirmando que só aceitaria entrevistas por escrito ou televisivas em directo e a RTP, canal público de televisão pago pelos contribuintes, aceitou.
Estou pasmo. Como disse nunca entendi bem o que era serviço público de televisão, mas se é isto, acho que tenho de manifestar o meu repúdio, manifestar a minha indignação por o meu dinheiro ser usado deste modo, e tentar convencer os portugueses que estamos todos a ser enganados com este “conceito” de serviço público que é uma fraude autêntica.


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FOTOS

quinta-feira, março 22, 2007

HOJE, BOCAGE

O Guarda-Marinha Bocage. Pintura de Alberto Cutileiro.

ESPERANÇA AMOROSA


Grato silêncio, trémulo arvoredo,

Sombra propícia aos crimes e aos amores,

Hoje serei feliz! --- Longe, temores,

Longe, fantasmas, ilusões do medo.


Sabei, amigos Zéfiros, que cedo

Entre os braços de Nise, entre estas flores,

Furtivas glórias, tácitos favores,

Hei-de enfim possuir: porém segredo!


Nas asas frouxos ais, brandos queixumes

Não leveis, não façais isto patente,

Quem nem quero que o saiba o pai dos numes:


Cale-se o caso a Jove omnipotente,

Porque, se ele o souber, terá ciúmes,

Vibrará contra mim seu raio ardente.


Bocage


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Já Bocage não sou!... À cova escura

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage


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Escola pública, negócios privados

A melhor de ontem

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FOTOS DE ÁRVORES

Exótica


Gloriosa

quarta-feira, março 21, 2007

AINDA A FALTA DE VIGILANTES

Bandeira DN,20Mar
Este cartoon é fabuloso e ilustra o modo como pode ser suprida a falta de vigilantes nos museus, palácios e monumentos portugueses: obrigando os responsáveis pelos serviços, que não tenham alertado em tempo útil a tutela para o problema, a fazerem o sacrifício de cobrirem a lacuna desempenhando as tarefas dos vigilantes em falta. Bem sei que houve responsáveis que tudo fizeram para sensibilizar a senhora ministra, mas tenho informação de outros que pouco ou nada fizeram, e agora pressionam o seu pessoal exigindo sacrifícios para não ficarem mal na fotografia.
O problema da falta de vigilantes ainda não está resolvido e há serviços onde nem as promessas podem ser feitas. A Páscoa está à porta e vamos ver como é que alguns serviços vão responder às solicitações, grandes nesta quadra, sem o pessoal que possa garantir os padrões mínimos de segurança. Será que a “TODOS” vão ser pedidos sacrifícios? Aguardo para ver e revelar.





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PEDIDO DE CORRECÇÃO
Um leitor frequente, e por sinal bem atento às notícias e ao que coloco neste espaço, sugere que altere a legenda deste cartoon, o que eu por hábito nunca faço por respeito aos autores. A sugestão no entanto é boa e actual, pelo que sugiro que a leiam ao rever o boneco:
“Quando crescer quero ir trabalhar para ministro das Finanças – para me poder reformar com 9693 euros, como o Catroga.”
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FOTO

terça-feira, março 20, 2007

TÍTULOS E CREDIBILIDADE

Num país onde os títulos são exageradamente exibidos como prova dum estatuto superior, exemplo de pura parolice, há quem exija ser chamado de doutor, engenheiro ou arquitecto mesmo que não seja possuidor desse título académico.
O respeito ou admiração nem sempre acompanham a utilização do título, já que resultam apenas das qualidades e competência, isso sim verdadeiramente importante.
Falo disto a propósito da notícia que circula na rede, dando conta de que na biografia de José Sócrates já não consta o habitual “engenheiro civil” substituído por um modesto “licenciado em engenharia civil”.
Em regra, como já referi, não ligo pevas a situações deste tipo, pois estou-me borrifando para a cagança de quem pretende impor-se à custa dum qualquer título ao invés de ser pelo próprio mérito e desempenho. Neste caso particular, não estamos a falar dum indivíduo qualquer mas sim do primeiro-ministro do país, portanto com responsabilidades acrescidas.
Afinal José Sócrates não é engenheiro, como tudo nos fazia crer, inclusive a sua biografia constante do portal do governo até há poucos dias, passou a ser “licenciado em engenharia civil”, grau académico obtido na Universidade Independente (?) a crer no diverso material recolhido e publicado na blogosfera.
A confirmarem-se estes factos, e é difícil desmentir a documentação que vi, o senhor José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa induziu-nos em erro, afirmando ser o que não era. Isso é muito feio, senhor primeiro-ministro!

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ESTALOU O VERNIZ NO CDS
Segundo o Diário Digital a presidente do Conselho Nacional do CDS, Maria José Nogueira Pinto, afirmou ter sido agredida por um deputado do próprio partido. É muito feio bater numa senhora, mas segundo as notícias houve um pouco de tudo, desde pateada até insultos.
Não admira que as palavras de Maria J. N. Pinto tenham sido duras, “O partido não é dos cães de fila de ninguém” e “Neste momento, o partido está a ser assaltado”. Afinal aos queques também lhes salta a tampa.

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PRESENÇA INDESEJÁVEL
Parece que as autoridades portuguesas têm a intenção de admitir a presença em Portugal de R. Mugabe no decurso do segundo semestre deste ano. A presença deste ditador africano é não só indesejável como transmite também uma mensagem errada dos valores aceitáveis por uma democracia. As notícias recentes sobre a agressão de opositores e o impedimento de se deslocarem ao estrangeiro, ainda que por razões de saúde derivadas da agressão, são o exemplo da acção deste ditador africano.
Diplomacia não pode ser confundida com condescendência em matéria de direitos humanos, e aqui nem está em causa a economia ou a paz. A EU já condenou estas acções e há sanções em vigor que impedem a presença de Mugabe em solo europeu.

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CARTOON

A dor na nalga

segunda-feira, março 19, 2007

FECHOU ONTEM NO CCB

O Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém fechou hoje as suas portas para abrir em Julho, creio eu, o Museu Berardo.
Não sou um entusiasta do CCB, nunca fui, mas existe e custou muito dinheiro, dos contribuintes claro, e funcionou durante vários anos e com algumas exposições que até eu gostei. Como Centro de Exposições tinha uma rotatividade de eventos de cariz muito diverso, já como museu estará focado numa única colecção, por muito variada que ela seja.
Para além de ficar restrito a uma colecção e a uma fundação, a equação a considerar é mais complexa pois implica investimento por parte do Ministério da Cultura que, é bem sabido, não é uma entidade abastada. Não falo apenas da verba prevista e contratualizada para aquisições, mas também noutras eventuais despesas de funcionamento e ausência de receitas.
Não é conhecido o enquadramento orçamental do acordo estabelecido com o comendador Berardo, pelo que ninguém sabe quanto é que tudo isto vai custar (a mais) aos contribuintes. Talvez seja altura de esclarecer todas estas dúvidas, senhora ministra da Cultura.
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A BELEZA EM FOTOGRAFIA


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O receio da gripe aviária

domingo, março 18, 2007

RAPIDINHAS

Meter água – A revista Actual meteu positivamente a pata na poça dizendo que terá sido a imprensa que obrigou Manuel Bairrão Oleiro, director do IPM, a contratar vigilantes para os museus. Todos sabem que as admissões estão congeladas e que só podem ser obtidas a título excepcional por despacho conjunto da ministra da Cultura e do ministro das Finanças. Confundir o acto responsável de denunciar publicamente um assunto que ninguém queria resolver foi uma vitória do IPM, direcção e dos directores dos museus que arriscaram positivamente o pescoço com esta denúncia. A imprensa aqui foi o veículo, mas a Actual espalhou-se.

Regras de gestão – Começo a duvidar da competência dos peritos contratados pelo governo e da sanidade mental de quem propõe certas medidas. Regatear o salário dos futuros funcionários públicos admitidos após concurso público é uma das ideias mais idiotas que já ouvi de alguém que diz querer incentivar a produtividade e premiar o mérito. Então não é que ouvi que é possível não admitir os melhores classificados num concurso, no caso de não aceitarem a oferta salarial feita, posteriormente, pelo chefe do serviço que pode ser inferior à praticada normalmente? O chefe de serviço passa a ser classificado por ser bom a regatear salários e a (não) atribuir prémios de mérito?
A gestão de recursos humanos devia instalar-se na Feira da Ladra ou no Mercado da Ribeira, tal o absurdo das propostas vindas a lume.

A Bela e o Mestre – Confesso não ver muita televisão, para além da informação ao jantar, pelo que não me incomoda muito o lixo televisivo. A minha opinião é discutível, como a de qualquer pessoa mas não é disso que quero falar. O que me pergunto, é onde estão as mulheres que lutam pela igualdade dos géneros, por vezes dum modo pouco inteligente como no caso das cotas, agora que temos um concurso que me parece humilhante para o sexo feminino? Felizmente há mulheres belas e inteligentes, mas há quem se esforce por demonstrar o contrário, quase sem críticas femininas, o que é espantoso.
Outra vez Pinho – A nova marca do Algarve foi anunciada com pompa e circunstância e com a anuência do ministro Pinho. É sintomático que o dito esteja metido em tudo que consideramos asneiras. ALLGARVE diz o senhor com orgulho e até ajuda os incultos a traduzir a entorse, ALL quer dizer tudo. Fiquei muito assustado, não fosse este estrangeirado sugerir logo a seguir a nova marca Portugal – ALLPOORTUGAL.

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IMAGENS DIVERTIDAS

Retirado do WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

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CARTOON

sábado, março 17, 2007

NEGOCIAR A ADMISSÃO?

O ridículo e a arbitrariedade estão na mira do governo, a acreditar no que vemos na imprensa. Agora anuncia-se que os chefes vão decidir o salário do funcionário a admitir por concurso público.
Segundo propõe o governo, após um concurso público, o dirigente do serviço pode negociar com o pretendente admitido com melhor classificação o ordenado que este irá auferir, dentro de certos parâmetros, esclareça-se. Caso não haja acordo, será chamado o seguinte na classificação, ao qual não poderá ser oferecida uma proposta superior à já oferecida ao anterior candidato. Isto é exemplificativo em primeiro lugar da importância dada ao mérito que decorre da classificação do concurso e depois do poder discricionário dado às chefias para negociarem (?) o salário do funcionário.
O que é ridículo, inconstitucional e desmotivador é o facto de trabalhadores a desempenhar exactamente as mesmas funções e com a mesma antiguidade, poderem vir a auferir salários diferentes.
Se estivesse a tratar duma qualquer receita culinária diria, acrescente-se a este caldo a avaliação das chefias em função desta “flexibilidade de gestão”, e teremos uma efectiva degradação dos salários e da qualidade e motivação dos recursos humanos sujeitos a este regatear de salários.
Perverte-se a função dos concursos, cria-se o mau ambiente de trabalho dificultando o espírito de equipa, e regateia-se os vencimentos como se de mercadoria de feira se tratasse.
Para um governo que enche a boca com os propósitos (?) de premiar o mérito, esta medida deve ser classificada como exploração dos funcionários, fazendo um aproveitamento ignóbil da alta taxa de desemprego.De socialismo estamos falados, senhor primeiro-ministro.

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FOTOGRAFIA
Kassandra

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PINTOR

Paul Cézanne Self-portrait (1896 - 1897 )


Paul Cézanne The Small Bathers (1896 - 1897)

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CARTOON
Nedal Deep - Syria