É muito difícil viver num país em que a confiança nos políticos não existe, e onde a desconfiança se estende às maiores instituições e empresas. Sabemos que em campanhas eleitorais há a tendência de se prometer o céu na terra, mas não temos eleições todos os dias.
O capital de confiança é inversamente proporcional às mentiras que se proferem, e infelizmente já entrámos em campo negativo.
Falando apenas em casos recentes, temos o senhor ministro das Finanças que afirma que só com as taxas da dívida pública nos 7% é que se encarava o pedido de ajuda por parte do FMI. Passada uma semana temos o 1º ministro a dizer que não havia necessidade nenhuma de pedir a ajuda do FMI, e um outro ministro, já com a taxa a 7%, dizer que não se ia pedir coisa ajuda nenhuma, porque o orçamento era para continuar como proposto e nós havíamos de conseguir atingir os objectivos traçados pelo Governo.
Começa esta semana e já todos dizem que o mais provável é virmos a pedir a ajuda do FMI, como a Grécia e a Irlanda. O próprio Teixeira dos Santos a reconhecer que o risco de Portugal recorrer a apoio financeiro «é muito elevado».
Também podia falar da PT onde o 1º ministro disse que o Estado tinha uma palavra a dizer nas opções estratégicas, e onde queria que os dividendos obtidos com a venda da Vivo viessem a ser taxados, e logo aparece Ricardo Salgado a dizer preto no branco que a decisão da distribuição de rendimentos já este ano é para avançar. Isto, na sua interpretação porque não se pode defraudar os mercados (?), ainda que esteja a falar de lucros de 2010, que normalmente só deveriam ser distribuídos em 2011.
Neste país faz-se de conta que se diz a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade. Nós é que percebemos tudo ao contrário.
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By Palaciano CARTOON
Bill Stott