segunda-feira, janeiro 28, 2019

PATRIMÓNIO, FOTOGRAFIAS E REFLEXÕES


No passado as fotografias eram proibidas nos museus, palácios e monumentos, e eram alegadas razões de conservação e até de segurança para sustentar essa proibição.

O tempo foi passando, as máquinas fotográficas foram evoluindo, diminuindo de tamanho e de preço, e os flash também passaram a ser de luz fria, e tudo isso, bem como novas teorias sobre a influência dos flash, e a proibição começou a ser abandonada.

O advento dos smartphones com poderosas câmaras fotográficas e de filmar, deram a machadada final nas proibições, embora ainda persistam algumas, poucas, em muito poucos locais, quase apenas em templos.

Pessoalmente tenho duas visões antagónicas sobre as fotografias dentro dos museus, palácios e monumentos, uma sobre quem aprecia e fotografa e filma as peças e os espaços divulgando e partilhando o seu trabalho, ou simplesmente guardando para si as fotografias para as rever quando bem entender. Outra visão que me desagrada e que acho que não tem sentido, e muitas vezes prejudica a fruição por parte doutros visitantes, é a dos que só se fotografam a si próprios em poses mais ou menos ridículas para as redes sociais.

Não tomei qualquer posição sobre quem filma, mas tenho muitas reservas quanto às filmagens feitas por algumas pessoas que não têm qualquer cuidado nem critério, e filmam os espaços peças e tudo e todos que estejam à sua frente, sem qualquer respeito pelo direito à imagem, das pessoas que por acaso estavam lá naquele momento.

A proibição de fotografar não faz qualquer sentido, mas educar as pessoas para melhor fruírem o nosso rico Património é algo que devia ser tido em conta.  

Leitura sugerida AQUI  e AQUI


Imagem daqui

sábado, janeiro 26, 2019

NO MELHOR PANO CAI A NÓDOA

A Parques de Sintra vai arrecadando prémios internacionais, como mais este de Melhor Empresa do Mundo em Conservação, que repete pelo sexto ano consecutivo, contudo existe o outro lado da moeda, que poucos conheciam até agora, e que fica mal na lapela duma empresa que pretende estar à frente na área do Património.

Os recordes de visitas e de receitas obtidas não se conseguem sem o contributo dos profissionais que lá trabalham, e contudo, isso não se reflecte nos salários praticados nem no tipo de vínculos laborais onde a precariedade predomina.

Uma política de baixos salários e de precariedade laboral não é o melhor contributo para a imagem duma empresa que pretende liderar no sector, e que tem condições económicas para o fazer. As limitações que a empresa diz ter são bastante fracas e há formas de as contornar, basta existir vontade para o fazer, premiando os colaboradores segundo o seu desempenho.

Existem condições para resolver este problema e com isso melhorar a qualidade do serviço prestado com pessoal motivado. Gerir bem não se resume a cortar custos laborais.


quinta-feira, janeiro 17, 2019

PATRIMÓNIO E DIVULGAÇÃO


A parceria entre o Ministério da Cultura e a Google para a divulgação do nosso Património é de louvar terá sido uma passo na direcção certa, que contudo teve o condão de mostrar algumas fragilidades no sector da comunicação e investigação de muitos serviços.


Quando se digitalizam muitas das nossas obras-primas, é suposto existir informação concreta e detalhada das mesmas, e não só boas fotografias e acesso a detalhes das ditas.


A imagem é sempre muito elucidativa, sem dúvida, mas tem de ser acompanhada pelos conteúdos que situem a peça, a datem, atribuam a sua autoria, e nos situem no ambiente histórico e artístico da época em que foram produzidas.


Existem diferença obvias entre museus e monumentos, pois enquanto uns mostram colecções que estão relacionadas entre si, outros reflectem vivências nos espaços expositivos. Num museu cada peça vale por si própria e está lado a lado com peças da mesma época ou da mesma escola, já nos monumentos e palácios importa mais a história relacionada com os espaços e habitantes, ou o gosto dos seus habitantes em cada época.


Infelizmente o que se pode verificar pelo sítio disponibilizado pela Google  para a arte e Património de Portugal é que os conteúdos estão muito longe da importância das imagens, e o caso mais gritante será, porventura, o do Palácio nacional de Mafra, em que as imagens disponibilizadas das peças que seriam icónicas, são peças que o visitante não pode ver, e as esculturas italianas, bem como as pinturas encomendadas para a Basílica, não têm um destaque condizente com a sua importância.


Falhamos demasiado nos conteúdos, talvez porque esses dependem da devida catalogação, investigação e classificação devida, que não é feita pelos responsáveis pelas colecções, que em alguns casos nem sequer existem por manifesta falta de pessoal.



terça-feira, janeiro 15, 2019

CULTURA EM COLAPSO


Não nos podemos deter apenas nas palavras do ainda director do Museu Nacional de Arte Antiga, ou nas declarações ministra da Cultura, porque apenas estaríamos a ver parte do problema, mas a partir disso podemos imaginar muitas deficiências noutros museus de menores dimensões, nos monumentos e nos sítios arqueológicos.

Na Cultura existem diversas formas de gestão, no Teatro, em Serralves ou no Tua, apenas para dar alguns exemplos. No Património temos todos os museus, palácios, monumentos e sítios arqueológicos na dependência duma Direcção-Geral do Património Cultural, que simplesmente é ineficaz e apenas serve para atrapalhar qualquer tentativa de agilizar procedimentos, de planear a médio e longo prazo, estrangulando assim todos os serviços dela dependentes.

Dar pequenas autonomias pode ser um penso rápido, mas não resolverá os problemas de fundo, e até o ridículo do nº de contribuinte é de existência duvidosa. O cerne da questão é sem qualquer dúvida equacionar novos modos de gestão, sem tabus.



quinta-feira, janeiro 10, 2019

POLÍTICOS, UMA CLASSE À PARTE?


O distanciamento dos políticos relativamente ao cidadão comum vê-se pelas suas afirmações, que muitas vezes os traem.

Foi sem qualquer surpresa que Marques Mendes apontou o aumento da remuneração dos políticos como uma das quatro medidas para melhorar o sistema político, no que foi secundado por outros presentes no mesmo evento.

Curiosamente até a frase muito americana, “if you pay peanuts you get monkeys”, veio à baila, como se fosse uma coisa nova.

O mal destes senhores é que têm sempre remédio à mão para os seus pares, como se o mesmo remédio não se devesse aplicar a todos os sectores da sociedade. A degradação dos serviços, a produtividade, o absentismo, as greves e muitas outras coisas não se poderiam minimizar com salários mais justos e melhores condições de trabalho?

Parem de olhar para o vosso umbigo, senhores políticos, porque a vossa função é a de servir os cidadãos e não a de se servirem.



segunda-feira, janeiro 07, 2019

POPULISMOS À PARTE...

Esta não lembra ao careca, telefonar para um programa de entretenimento duma televisão para felicitar a sua apresentadora na sua primeira emissão.

Democraticamente falando estamos todos à espera do próximo programa do Goucha, para ouvir o telefonema do Professor, pois não acredito que Marcelo descrimine alguém só por trabalhar noutra televisão que não a SIC, ou pelas suas preferências sexuais.

Para quem condena o populismo, Marcelo não esteve nada mal...


sexta-feira, janeiro 04, 2019

ROUBO DE BENS CULTURAIS


Os museus, palácios, monumentos e sítios que deviam estar protegidos pelo Estado, não estão assim tão bem protegidos, quer por falta de pessoal, quer de meios, quer por falta de eficácia dos organismos dedicados à sua protecção.

Podíamos falar das condições de segurança de muitos destes serviços e o rol de falhas seria imenso, mas é melhor meditar-se apenas num caso da actualidade que é o roubo de azulejos do Mosteiro de Odivelas.

O edifício está devidamente classificado, já de lá saíram as meninas de Odivelas, já se começou a trabalhar nas coberturas (?) e no túmulo de D. Dinis, mas parece que há coisas de que ninguém se lembrou.

O mosteiro não tem qualquer segurança, humana ou de videovigilância. Não existe uma vedação na zona onde se encontram, à vista de todos, os painéis de azulejos que foram alvo de furto parcial.

Já começou o jogo das culpas, ora para a Defesa porque o edifício ainda não foi oficialmente entregue à autarquia, ora à autarquia que vai em breve ser o arrendatário do monumento, ora ainda ao Ministério da Cultura, que enquanto autoridade fiscalizadora do Património, não previu a possibilidade de roubo ou vandalismo.

O Estado anda a falhar demasiadas vezes, e espera-se que também neste caso o Presidente Marcelo exija celeridade, não só nas investigações, como nas medidas de segurança do Património.