Após cada acto eleitoral ouvimos
falar da abstenção, atribuem-se responsabilidades ao tempo, ao cansaço e sei lá
mais ao quê, mas sabemos todos que o alheamento dos eleitores tem mais que ver
com a qualidade dos políticos e das políticas que implementam do que tudo o resto.
Os exemplos do que corre mal por
causa das más decisões políticas são mais do que muitos e não é difícil
encontrar alguns a cada dia na nossa imprensa.
Hoje fala-se nos aumentos brutais
nos salários de gestores da coisa pública, e logo aparece quem se desculpe com
a imposição da troika, outros manifestam desconhecimento, e parece que tudo vai
ficar assim mesmo.
Outra notícia diz que um milhão
de portugueses trabalham mais de 40 horas semanais, e que a OIT afirma que, Portugal
aparece no grupo de países europeus em que as mudanças nos acordos coletivos
nas últimas décadas provocaram não apenas o prolongamento dos turnos, do
trabalho à noite e do trabalho temporário, mas também o fenómeno das horas de
trabalho “irregulares”, mas PSD, CDS e PS lavam as mãos de tudo isto, parecendo
que as culpas são dos marcianos.
A Europa todo-poderosa permitiu
que Passos Coelho aumentasse o défice público, desde que os cidadãos em geral
vissem os rendimentos do trabalho muito diminuídos, e agora não permite o
alívio da austeridade, alegando que isso será inviável devido aos compromissos
europeus. Os compromissos europeus são encarados diferentemente quando se trate
de Portugal ou da França e da Dinamarca, ou quando existem governos com o apoio
da esquerda ou claramente de direita.
Portugal está refém de maus
políticos, de partidos que partilham o poder e abafam qualquer intervenção
política não enquadrada pelos partidos já existentes. Estamos também reféns do
poder de Bruxelas, para quem os cidadãos nacionais e a sua vontade pouco
contam. Somos também reféns do poder económico, a que tudo se subordina, ainda
que sempre escudados na pessoa dos políticos que colocam interesses pessoais
acima dos interesses dos cidadãos e do próprio país.
Sol by Palaciano