O interesse por parte do Expresso
relativamente ao novo Museu Nacional dos Coches é interessante, e devia ser
complementado pela visão de quem conhece bem o funcionamento de museus, bem
como os fluxos de visitantes e o modo de os atrair, mantendo e renovando o
interesse das potenciais visitas.
Um edifício concebido por um
arquitecto famoso, pode suscitar o interesse e a curiosidade, mas tudo isso não
passa de um fenómeno efémero, talvez mais prolongado pela divergência de
opiniões sobre a obra e o seu custo.
Uma colecção única em todo o
mundo pela sua riqueza e dimensão, é um trunfo forte, mas se não estiver
enquadrado com o edifício, perde boa parte do seu brilho e imponência. É aqui
que a museologia, ou a falta dela, teria um papel importante, se existisse.
A segurança e o atendimento têm
um papel importante para os operadores turísticos, e existem falhas flagrantes,
começando logo pelo acesso ao andar onde se encontra a exposição, que é feito
por dois elevadores colossais, ou por escadas de emergência, o que em caso de
falha grave pode colocar problemas na evacuação de pessoas com mobilidade
reduzida. A falta de pessoal com a formação devida, não só em conhecimentos
sobre a colecção, mas também com conhecimentos de procedimentos em casos de emergência,
é outra falha importante, e não pode ser colmatada como até aqui com pessoal
contratado a prazo, factor comum à maioria dos equipamentos culturais.
A sinalização a partir das
artérias mais próximas e em torno da zona mais procurada de Belém, que indiquem
o Museu dos Coches é inexistente, e considerando que muitos roteiros turísticos
usados pelos estrangeiros estão desactualizados, encontrar este equipamento
depende muito do factor sorte. Mesmo dentro da praça do museu as indicações são
pobres, e nem a entrada e saída dos visitantes está sinalizada, para não falar
do placard informativo que é de um amadorismo atroz.
Para suscitar o interesse não é
preciso anunciar entradas grátis para cada vez mais gente, como parece pensar o
ministro, até porque obras e colecções destas necessitam de valores avultados
para a manutenção e funcionamento, mas é preciso haver ideias para atrair
públicos com interesses diversos. Numa altura em que os grandes construtores
automóveis escolhem Portugal para fazer as suas apresentações de modelos de
topo, ainda ninguém pensou em procurar captar o interesse desses construtores
para exibirem os seus carros em exposições temporárias, lado-a-lado com os
veículos do passado?
Já agora digam-me: porque é que
existem agora dois museus com coches encostados um ao outro? Aproveitar o
antigo picadeiro é importante, mas para mostrar 7 coches a 4 euros, é ridículo
e certamente dispendioso.
Tão importante como bater
recordes de visitas, é cumprir a função de museu e procurar fazer isso com níveis
de excelência pelo menos equiparada à qualidade da colecção.
Jaguar E Type Oldtimer By elmero