Quando se questiona se ainda é
correcto falar de descobrimentos, ou se seria melhor dizer expansão, creio que
estamos a perder tempo na escolha da palavra politicamente correcta,
especialmente quando falamos nos descobrimentos marítimos portugueses.
Quando há quase 50 anos atrás eu
aprendia História, ainda no tempo do liceu, já o meu melhor professor da
matéria, que até tinha um tom demasiado monocórdico, dizia que os autores dos
livros de estudo “romanceavam” bastante os factos, exagerando na glorificação
dos feitos portugueses.
Já adulto, por interesse próprio,
e por ligação profissional, “mergulhei” em livros de diversas bibliotecas, e
centrei muito do meu interesse na História do século XIV até ao XVI, época
áurea (no meu entender) da História de Portugal, As diferenças entre o que foi
escrito até ao princípio do século 20, e o que foi escrito a partir do Estado
Novo, começou a tornar-se muito evidente.
Ao ler um artigo sobre o
lançamento do Dicionário da Expansão Portuguesa (1415-1600), e ao ver escrito
que um dos interesses maiores do apoio aos descobrimentos foi o comércio, mais
do que a evangelização ou outro interesse científico, ou que o Infante D.
Henrique nunca criou uma escola náutica em Sagres, não vi nas revelações nenhuma
novidade, era tudo sabido por qualquer pessoa interessada na matéria.
Nenhuma das “revelações” diminui
o feito dos portugueses, nem a audácia deste povo, e vem apenas colocar em
evidência que somos capazes de grandes feitos, não sabemos é aproveitar essas
oportunidades como outros povos, como foi o caso dos ingleses e dos holandeses.
Na minha óptica expansão é um
termo mais errado do que descobrimentos, porque não tivemos essa visão das
descobertas, pelo menos comparativamente aos outros povos que nos sucederam no
domínio dos mares e do comércio daí resultante.
( Colaboração do Palaciano)
2 comentários:
Penso que descobrimentos é mais correcto, ainda que a motivação não tenha sido a que nos ensinaram na escola.
Um abraço e uma boa semana
Bem que gostaria de ver mais participações do Palaciano, porque História é sempre um tema interessante e ele sabe como nos interessar...
Bjo da Sílvia
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