Os governos têm sabido explorar a máxima “dividir para reinar”, utilizando até à exaustão o pensamento nacional baseado no espírito do “politicamente correcto”. Confesso que estou cansado de ouvir falar mal de alguém só porque é funcionário público, ou que me venham dizer que se um serviço qualquer fosse privado, só por isso, era naturalmente melhor.
Comecemos pelo óbvio para separar bem as águas. O universo a que me refiro, são naturalmente os trabalhadores e dirigentes portugueses, e portanto entre eles não encontro diferenças, a menos que me provem que os há de 1ª e 2ª classe. Em segundo lugar vamos separar quem manda de quem executa, para se explicar outra evidência que se pretende convenientemente escamotear: quem manda no sector privado é escolhido directamente pela entidade patronal, portanto quem tem interesses no bom funcionamento da empresa, no sector público as escolhas são feitas por pessoas alheias ao sector e baseadas sobretudo na confiança política, e só depois na competência demonstrada. Parece que aqui começamos a encontrar a primeira diferença, que o espírito do “politicamente correcto” evita com muita leveza, quem sabe se por considerar que estas escolhas políticas decorrem apenas dos votos de todos.
Os funcionários públicos insurgem-se contra os métodos discricionários da avaliação do desempenho, logo aparecem os trabalhadores do sector privado, aliciados pela propaganda do governo a dizer que eles têm medo de ser avaliados. Pois bem, talvez antes de abrirem a boca fosse mais avisado saberem como são feitas as avaliações, e talvez não viessem a engrossar as fileiras do disparate “politicamente correcto”.
Não comecem já a julgar-me, que eu explico: o dirigente do serviço público pronuncia-se quase sempre sobre os seus funcionários sem conhecimento de causa, muitas vezes sem saber sequer o que é que o funcionário faz, ou quem ele é, tem limitações quantitativas para as classificações, e tem ordens expressas para gastar cada vez menos dinheiro, sabendo à priori que foi escolhido por confiança política que lhe será tirada caso não cumpra as ordens de quem o nomeou, pelo que nem pensa sequer em explicar que pode obter mais com algum investimento. É que isso (aumentar as despesas), é “politicamente incorrecto”. No privado, como a escolha das chefias é feita pela competência, o chefe é naturalmente escutado quando tem uma proposta a fazer, desde que saiba quantificar as previsões de lucro das suas propostas, não tem necessidade de ser “politicamente correcto”, já que está a falar de lucros.
Para terminar, talvez fosse elucidativo quantificar-se quantas entidades privadas utilizam um método de avaliação idêntico ao que se quer implementar na função pública, ou quantos estão realmente dispostos em trancrever estas mesmas regras para os contratos individuais de trabalho de todos os sectores da vida nacional.
Lamento estar hoje com espírito “politicamente incorrecto”, mas a mesquinhez e alguma hipocrisia que grassa por aí, deixa-me muito mal disposto. Tenho mais de 38 anos de serviço, dos quais apenas 22 de função pública, e conheço bem o público e o privado, pelo que procuro não confundir a árvore com a floresta. Bons e maus há-os em todo o lado, o que me recuso a aceitar é que se pretenda dividir os dois sectores, público e privado, classificando-os deste modo: os primeiros são os maus e os segundos os bons.
Comecemos pelo óbvio para separar bem as águas. O universo a que me refiro, são naturalmente os trabalhadores e dirigentes portugueses, e portanto entre eles não encontro diferenças, a menos que me provem que os há de 1ª e 2ª classe. Em segundo lugar vamos separar quem manda de quem executa, para se explicar outra evidência que se pretende convenientemente escamotear: quem manda no sector privado é escolhido directamente pela entidade patronal, portanto quem tem interesses no bom funcionamento da empresa, no sector público as escolhas são feitas por pessoas alheias ao sector e baseadas sobretudo na confiança política, e só depois na competência demonstrada. Parece que aqui começamos a encontrar a primeira diferença, que o espírito do “politicamente correcto” evita com muita leveza, quem sabe se por considerar que estas escolhas políticas decorrem apenas dos votos de todos.
Os funcionários públicos insurgem-se contra os métodos discricionários da avaliação do desempenho, logo aparecem os trabalhadores do sector privado, aliciados pela propaganda do governo a dizer que eles têm medo de ser avaliados. Pois bem, talvez antes de abrirem a boca fosse mais avisado saberem como são feitas as avaliações, e talvez não viessem a engrossar as fileiras do disparate “politicamente correcto”.
Não comecem já a julgar-me, que eu explico: o dirigente do serviço público pronuncia-se quase sempre sobre os seus funcionários sem conhecimento de causa, muitas vezes sem saber sequer o que é que o funcionário faz, ou quem ele é, tem limitações quantitativas para as classificações, e tem ordens expressas para gastar cada vez menos dinheiro, sabendo à priori que foi escolhido por confiança política que lhe será tirada caso não cumpra as ordens de quem o nomeou, pelo que nem pensa sequer em explicar que pode obter mais com algum investimento. É que isso (aumentar as despesas), é “politicamente incorrecto”. No privado, como a escolha das chefias é feita pela competência, o chefe é naturalmente escutado quando tem uma proposta a fazer, desde que saiba quantificar as previsões de lucro das suas propostas, não tem necessidade de ser “politicamente correcto”, já que está a falar de lucros.
Para terminar, talvez fosse elucidativo quantificar-se quantas entidades privadas utilizam um método de avaliação idêntico ao que se quer implementar na função pública, ou quantos estão realmente dispostos em trancrever estas mesmas regras para os contratos individuais de trabalho de todos os sectores da vida nacional.
Lamento estar hoje com espírito “politicamente incorrecto”, mas a mesquinhez e alguma hipocrisia que grassa por aí, deixa-me muito mal disposto. Tenho mais de 38 anos de serviço, dos quais apenas 22 de função pública, e conheço bem o público e o privado, pelo que procuro não confundir a árvore com a floresta. Bons e maus há-os em todo o lado, o que me recuso a aceitar é que se pretenda dividir os dois sectores, público e privado, classificando-os deste modo: os primeiros são os maus e os segundos os bons.
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FOTOGRAFIA
9 comentários:
Apoiado Zé!
A maioria das pessoas que não trabalha em serviços públicos gosta muito de apontar o dedo aos FP, sem saberem ao certo de que é que eles se queixam. Acham que são uns previlegiados enquanto eles são umas pobres vítimas.
Há que saber distinguir o trigo do joio e não entrar em generalizações. As fotos são um mimo e os cartunes idem, em especial a do sô engenhero.
Um abraço
Assim pensasse toda a gente amigo Zé Povinho ;-)
Bjs
MAria
Opps...quando me referi ao sô engenhero esqueci-me de dizer como o reconheci. Simplesmente porque é o rabo dele que merece ser transformado num tambor.
E mais não digo...
Zé
Por esta eu não esperava. Hoje decidiste partir a loiça e arriscaste o pescoço, pois sabes perfeitamente que há muita gente que comodamente prefere ter bombos da festa, não vá alguém lembrar-se de que existe vida além da função pública. Foi essa atitude que sempre te prejudicou na função pública, mas é por isso mesmo que todos os que trabalharam sob as tuas ordens sempre te respeitaram.
Bjos
Sílvia
Meu caro Zé, como muito bem escreveu, "dividir para reinar" foi e será sempre uma arma usada por uma classe política cada vez mais desqualificada, trapaceira e vigarista. Porém, parece-me de ralçar um ponto: o povo português - independentemente de trabalhar no público ou no privado -, cala-se infamemente a todas as atoardas, logo é culpado por omissão.
Abraço
Zé
Não és politicamente incorrecto. És directo a dizer as coisas. Exactamente como eu gosto.
Efectivamente existe uma campanha orquestrada para desvalorizar o funcionário público e, com ele, os serviços de Estado em prol da iniciativa privada. E não são inocentes os ataques que se fazem nem falhos de objectivos.
O que está em causa é um modelo de liberalismo económico que tem cavado mais desigualdades e retirado apoios aos mais necessitados.
Veja-se a saúde, o fecho de unidades no interior, a cobrança de taxas e tudo o resto, a empurrarem quem pode para a iniciativa privada e a deixar os que não podem cada vez mais desmunidos.
Um abraço
essa historia que do privado contra o publico, não passam de lutas par entreter o pessoal enquanto se anda a fazer outras coisa, dividir para reinar.
Oh Zé
Como você está certo e correcto
Um abraço
Uma análise correcta e com algumas grandes vetdades pelo meio.
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