Um bom título pode sem dúvida aguçar a atenção do leitor, e é quase sempre alvo de escolha perante duas ou mais opções. Umas vezes surge-nos primeiro a ideia e o possível título outra vezes é o texto que nos conduz à escolha do título. Seja como for, a correspondência entre ambos é essencial para um artigo ser compreendido e aceite como notícia ou opinião válida.
Hoje li um título que, por se tratar de informação sobre um assunto que vai mexer com a vida de muitos portugueses, e ao mesmo tempo influenciar a opinião de muitos outros, é mais um slogan publicitário do governo do que uma intenção no sentido estrito da sentença.
A notícia em maior destaque da página tinha este título “Quem melhor trabalhar mais vai ganhar.” O assunto era o novo sistema de Avaliação de Desempenho na Administração Pública e referia que a principal novidade “é a indexação salarial à produtividade dos serviços.”
A leitura atenta da notícia, desenvolvida noutra página, leva-nos a concluir que afinal em primeiro lugar o governo pretende avaliar os serviços na sua globalidade, depois os dirigentes e por último os funcionários, sendo que estes serão naturalmente avaliados pelos seus dirigentes. Qualquer pessoa entende que o título da notícia não tem correspondência com a notícia, porque é óbvio que um serviço só pode apresentar bons resultados com um bom e verdadeiro trabalho de equipa, que será individualmente classificado de forma diversa por imposição das quotas previstas, os bons resultados serão atribuídos exclusivamente às chefias, bem como os respectivos proveitos (prémios de desempenho), restando aos funcionários que tenham merecido a classificação de RELEVANTE aguardar por uma promoção a prazo ainda não definido.
Não é verdade que da notícia em apreço resulte que “quem melhor trabalhar mais vai ganhar”. Em consequência o título é enganoso e propagandístico pois a sua impossibilidade é mais do que evidente até no texto a que se refere.
PS – O título e a notícia são do DN de ontem, dia 20 de Abril de 2007.
Hoje li um título que, por se tratar de informação sobre um assunto que vai mexer com a vida de muitos portugueses, e ao mesmo tempo influenciar a opinião de muitos outros, é mais um slogan publicitário do governo do que uma intenção no sentido estrito da sentença.
A notícia em maior destaque da página tinha este título “Quem melhor trabalhar mais vai ganhar.” O assunto era o novo sistema de Avaliação de Desempenho na Administração Pública e referia que a principal novidade “é a indexação salarial à produtividade dos serviços.”
A leitura atenta da notícia, desenvolvida noutra página, leva-nos a concluir que afinal em primeiro lugar o governo pretende avaliar os serviços na sua globalidade, depois os dirigentes e por último os funcionários, sendo que estes serão naturalmente avaliados pelos seus dirigentes. Qualquer pessoa entende que o título da notícia não tem correspondência com a notícia, porque é óbvio que um serviço só pode apresentar bons resultados com um bom e verdadeiro trabalho de equipa, que será individualmente classificado de forma diversa por imposição das quotas previstas, os bons resultados serão atribuídos exclusivamente às chefias, bem como os respectivos proveitos (prémios de desempenho), restando aos funcionários que tenham merecido a classificação de RELEVANTE aguardar por uma promoção a prazo ainda não definido.
Não é verdade que da notícia em apreço resulte que “quem melhor trabalhar mais vai ganhar”. Em consequência o título é enganoso e propagandístico pois a sua impossibilidade é mais do que evidente até no texto a que se refere.
PS – O título e a notícia são do DN de ontem, dia 20 de Abril de 2007.
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CARTOON
4 comentários:
Acho que a imagem que antecede o texto diz tudo sobre o governo, quanto ao jornalismo, vai ajudando à festa.
Bjos
Caro Zé Povinho,
Agradeço-lhe imenso o link. Como penso que já sabe, também já pus um link para o seu blog, com todo o gosto e porque o acho verdadeiramente interessante. E feito com excelente sentido de humor, também...
Quanto a este seu post, não resisto a dizer que a informação que temos em Portugal não é completamente isenta. Se, por um lado, se "apregoa" a liberdade de expressão, por outro, os jornalistas - os que são isentos - acabam por estar submetidos a uma espécie de auto-censura, como no tempo da "outra senhora": porque quem controla os media são os patrões e seus lacaios, entenda-se, o poder ao seu serviço.
Em suma, o título acaba por ser ditado por interesses alheios ao corpo da notícia, quando não é a própria notícia que está viciada à partida...
Caro "Zé que se preocupa com o Povo", obrigado pela divulgação do meu cartoon! Estou completamente de acordo consigo!
Abraço e volte sempre!
Gostei do seu blog e vou adicionar aos meus links!
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