quarta-feira, abril 20, 2011

MUSEUS GRATUITOS - PARTE II

Quando escrevi o post anterior pensei nos meus visitantes habituais, não entrando em detalhes muito específicos que só são conhecidos por pessoal ligado aos museus e ao turismo. Pelos vistos fiz mal pois existem leitores mais conhecedores que também o leram e levantaram questões interessantes.

Quero deixar bem claro que o autor deste blogue está rodeado de amigos que trabalham nesses sectores (museus e turismo), sendo que sou também um amante de arquitectura e de História, factores que me levam a conhecer profundamente o nosso Património. Nem o autor do blogue nem os seus colaboradores são membros da APOM, que sabemos ser elitista por ser composta apenas por técnicos superiores e não ser aberta aos restantes profissionais ligados aos museus e à museologia.

Ao abordar a questão da gratuitidade aos domingos e feriados para os estrangeiros, numa altura de grandes apertos orçamentais, faço-o por julgar que é incompreensível, e não vejo que o enquadramento legal vigente seja um impedimento para a “discriminação positiva” que defendo neste momento.

Abordei o caso do Palácio Nacional da Pena, neste momento gerido pelos Montes da Lua, mas continuando a ser da responsabilidade do Estado, por ser um exemplo de como o enquadramento legal não impediu que toda a gente (nacionais e estrangeiros) pague sempre as entradas, à excepção dos residentes do Concelho de Sintra, um pouco à semelhança do que também acontece com o Castelo de S. Jorge em Lisboa.

Para enquadrar mais rigorosamente a minha discordância com a gratuitidade para os estrangeiros em todos os domingos e feriados, devo acrescentar que em diversos serviços dependentes do Ministério da Cultura, e falo de museus, palácios e monumentos, não há dinheiro para pagamento de trabalho extraordinário, e está a ser pedido “um esforço patriótico” da parte dos que asseguram a abertura destes serviços, no sentido de trocarem o trabalho aos feriados por igual tempo de folga, para além de serem forçados ao trabalho por turnos, para assegurarem maior tempo de abertura sem encargos para os serviços.

É óbvio que não estou a falar de membros da APOM, mas sim de outros profissionais a quem o ministério não respeita o direito a horários, nem compensa pela discriminação que pratica, atendendo à categoria que detêm e ao esforço que lhes exige.

É evidente que não espero que o diligente anónimo responda a este novo post, mas talvez possa levar o seu conteúdo ao conhecimento da senhora ministra, ou de alguém próximo dela, porque estou certo que ela não terá conhecimento desta realidade.



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By Palaciano

By Palaciano

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Imagem já aqui publicada em 28 de Março de 2007

4 comentários:

Anónimo disse...

Acompanhei os comentários do outro artigo e também fiquei intrigada com a argumentação do tal anónimo, que também acho que é ligado ao ministério. Fizeste bem em deixar aqui um pouco da realidade interna dos museus que o público em geral desconhece. Força Zé.
Bjos da Sílvia

Anónimo disse...

Boa Zé. Enquanto o pessoal vai trabalhar esta tarde, amanhã, sábado e segunda, há quem comece hoje umas mini férias, tendo a mesma categoria e os mesmos vencimentos. Os esforços são sempre exigidos aos mesmos e o mérito é sempre dos superiores que exercem uma pressão, para não dizer chantagem, sobre os subordinados enquanto a tutela finge estar distraída.
Bom dia para ti.
Palaciano

Isamar disse...

Quem não se sente não é filho de boa gente, diz o povo, detentor de grande sabedoria aprendida na sua labuta diária. Que não é nem nunca foi fácil.Caro Zé, não deixaste de dizer o que pensas,o que sentes, tu e muitos outros, o que te vai na alma e deixa-me que te diga que a gratuitidade dos museus e palácios, neste momento, é injustificável.

Bem-hajas!

Páscoa feliz e docinha!

Abraço fraterno

Anónimo disse...

As entradas grátis para os nacionais nem têm grande expressão já que não atingem sequer os dois dígitos, já as dos estrangeiros atingem números muito expressivos. Só para se ter uma ideia do que digo há monumento e pelo menos um museu, o dos coches, que têm em época alta (a partir desta altura e até medos de Outubro)cerca de mil visitantes só até às 14 horas aos domingos e feriados.
Abraço do Zé