Somos todos favoráveis às
comemorações do Dia Internacional dos Museus, e da Noite Europeia dos Museus,
com o espírito de promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos
museus, como aliás era o espírito do Conselho Internacional dos Museus quando
em 1977 criou o Dia Internacional dos Museus.
As iniciativas mais fáceis são
sem qualquer dúvida, a concessão de entradas gratuitas, meia dúzia de visitas
guiadas, e a extensão dos horários. É tudo muito popular e não é muito popular colocar
objecções, mas elas existem.
A penúria com que se debatem os
museus, monumentos e palácios dependentes da DGPC, é evidente, ainda que poucos
directores se atrevam a denunciar a realidade, preferindo não levantar ondas. O
que devia ser feito, como exposições, investigação, melhorias na informação e
na comunicação, mais conservação preventiva e muito mais, tem sido adiado e
está quase esquecido nos gabinetes do poder.
Existe alguma, pouca, preocupação
em, pelo menos, manter os espaços abertos ao público, quase sempre com muita
falta de pessoal que assegure a vigilância dos espaços e das colecções. Não se
consegue fixar pessoal nestas tarefas com as exigências necessárias de
habilitações, praticando-se salários de 685 euros, e horários tão maus, que
incluem sábados e domingos (sem qualquer pagamento extraordinário) e feriados.
Quem aí ingressa rapidamente pede transferência ou concorre para outros
serviços com horários mais decentes, e possibilidades de uma carreira.
As visitas guiadas, nestes dias
de festa existem, mas experimentem solicitá-las noutros dias, especialmente aos
sábados, domingos e feriados e verão a dificuldade em as obter, mesmo pagando.
Deixei para o final as Noites dos
Museus, porque aí temos o inimaginável, porque os funcionários são escalados
para trabalhar, a troco de tempo e não de dinheiro, quando a opção devia ser
dos trabalhadores e não dos serviços, e considerando que muitos entram ao
serviço às 9h30m, só estarão livres depois das 24 horas, sendo que se terá de
apresentar ao serviço no dia seguinte às 9h30m. Note-se que nem faço contas aos
tempos de deslocação entre a residência e o local de trabalho.
Os senhores directores dos
serviços (pelo menos alguns), e a direcção da DGPC, não podem argumentar com o desconhecimento da
Lei, mas insistem nesta prática , o que é lamentável.
2 comentários:
Uma vergonha e uma exploração
Abraço
Comecem por questionar horários especiais fixados por um regulamento, o que numa categoria comum de assistentes técnicos, é muito discutível, diria mesmo discriminatória para quem trabalha na vigilância dos museus, que não tem qualquer contrapartida como devia acontecer, pois transforma esta função numa verdadeira carreira especial, para todos os efeitos. Forcem os sindicatos a agir.
AnarKa
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