sexta-feira, maio 18, 2018

MUSEUS FESTAS E REALIDADES

Somos todos favoráveis às comemorações do Dia Internacional dos Museus, e da Noite Europeia dos Museus, com o espírito de promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos museus, como aliás era o espírito do Conselho Internacional dos Museus quando em 1977 criou o Dia Internacional dos Museus.

As iniciativas mais fáceis são sem qualquer dúvida, a concessão de entradas gratuitas, meia dúzia de visitas guiadas, e a extensão dos horários. É tudo muito popular e não é muito popular colocar objecções, mas elas existem.

A penúria com que se debatem os museus, monumentos e palácios dependentes da DGPC, é evidente, ainda que poucos directores se atrevam a denunciar a realidade, preferindo não levantar ondas. O que devia ser feito, como exposições, investigação, melhorias na informação e na comunicação, mais conservação preventiva e muito mais, tem sido adiado e está quase esquecido nos gabinetes do poder.

Existe alguma, pouca, preocupação em, pelo menos, manter os espaços abertos ao público, quase sempre com muita falta de pessoal que assegure a vigilância dos espaços e das colecções. Não se consegue fixar pessoal nestas tarefas com as exigências necessárias de habilitações, praticando-se salários de 685 euros, e horários tão maus, que incluem sábados e domingos (sem qualquer pagamento extraordinário) e feriados. Quem aí ingressa rapidamente pede transferência ou concorre para outros serviços com horários mais decentes, e possibilidades de uma carreira.

As visitas guiadas, nestes dias de festa existem, mas experimentem solicitá-las noutros dias, especialmente aos sábados, domingos e feriados e verão a dificuldade em as obter, mesmo pagando.

Deixei para o final as Noites dos Museus, porque aí temos o inimaginável, porque os funcionários são escalados para trabalhar, a troco de tempo e não de dinheiro, quando a opção devia ser dos trabalhadores e não dos serviços, e considerando que muitos entram ao serviço às 9h30m, só estarão livres depois das 24 horas, sendo que se terá de apresentar ao serviço no dia seguinte às 9h30m. Note-se que nem faço contas aos tempos de deslocação entre a residência e o local de trabalho.


Os senhores directores dos serviços (pelo menos alguns), e a direcção da DGPC, não podem argumentar com o desconhecimento da Lei, mas insistem nesta prática , o que é lamentável.    


2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Uma vergonha e uma exploração
Abraço

Anónimo disse...

Comecem por questionar horários especiais fixados por um regulamento, o que numa categoria comum de assistentes técnicos, é muito discutível, diria mesmo discriminatória para quem trabalha na vigilância dos museus, que não tem qualquer contrapartida como devia acontecer, pois transforma esta função numa verdadeira carreira especial, para todos os efeitos. Forcem os sindicatos a agir.
AnarKa