Em finais de 1965, o primeiro
ministro do Reino Unido, Harold Wilson, decidiu entregar o governo da Rodésia
(do Sul) à maioria negra como já o fizera na Rodésia do Norte (Zâmbia) e com a
Niassalândia (Malawi).
A população branca na Rodésia que
era de cerca 250 mil pessoas, decidiu que Ian Smith seria o primeiro ministro
de Uma Rodésia independente, governada por brancos, à semelhança do que
acontecia na África do Sul, país que imediatamente apoiou a declaração
unilateral de independência.
O governo inglês enviou de
imediato uma força militar constituída por um porta-aviões, três fragatas e uns
cinco navios de apoio, com a missão de desembarcar na Beira (Moçambique), porto
marítimo e a única via de abastecimento e escoamento de produtos da Rodésia,
para depois seguir para aquele território para impor à força a aceitação de um
governo negro.
Os rodesianos brancos pegaram em
armas dispostos a defender o o governo de Ian Smith, e enviaram mulheres e
crianças para Moçambique e para a África do Sul, estando assim preparados para
resistir à potência colonizadora.
Salazar não hesitou perante a
possibilidade da abertura de novas frentes de guerra em Tete e em Manica e
Sofala, fronteiras à Rodésia.
As ordens foram dadas às forças
portuguesas com base na Beira, no sentido de impedir a todo o custo o
desembarque de tropas inglesas. A bateria da costa, desactivada há mais de uma
dezena de anos, foi reactivada, peças de artilharia móvel fora deslocadas para
a a foz do Pungué e foram colocadas em locais estratégicos peças de artilharia antiaérea.
A cidade da Beira foi preparada
para resistir a qualquer ataque dos ingleses, havendo mesmo treinos para
protecção da população civil (lembro-me bem dos que foram feitos nos Maristas).
A frota inglesa entrou em água
territoriais pensando que os portugueses não lhes fariam frente, quer por serem
aliados, mas também porque as suas força eram manifestamente inferiores em
poderio militar.
O envio de dois aviões T-6
Harvard, que dispararam rajadas de aviso para a água, à frente da esquadra
inglesa, deu a perceber estabelecer uma testa-de-ponte para atacar a Rodésia,
na Beira, não ia ser uma tarefa pacífica.
Meia dúzia de caças e uns poucos
bombardeiros, todos da segunda guerra, não eram capazes de fazer frente a meia
centena de caças-bombardeiros modernos, nem ao poder de fogo das fragatas da
força naval, mas ficou claro que os portugueses iriam dificultar as intenções
britânicas.
As pontes mais importantes, que
ligavam a Beira à Rodésia foram armadilhadas, e havia ordens para as destruir
em caso de desembarque inglês.
Continua no próximo post
Beira, estação de caminhos de ferro
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