segunda-feira, maio 21, 2018

BEIRA - MOÇAMBIQUE 1965

Em finais de 1965, o primeiro ministro do Reino Unido, Harold Wilson, decidiu entregar o governo da Rodésia (do Sul) à maioria negra como já o fizera na Rodésia do Norte (Zâmbia) e com a Niassalândia (Malawi).

A população branca na Rodésia que era de cerca 250 mil pessoas, decidiu que Ian Smith seria o primeiro ministro de Uma Rodésia independente, governada por brancos, à semelhança do que acontecia na África do Sul, país que imediatamente apoiou a declaração unilateral de independência.

O governo inglês enviou de imediato uma força militar constituída por um porta-aviões, três fragatas e uns cinco navios de apoio, com a missão de desembarcar na Beira (Moçambique), porto marítimo e a única via de abastecimento e escoamento de produtos da Rodésia, para depois seguir para aquele território para impor à força a aceitação de um governo negro.

Os rodesianos brancos pegaram em armas dispostos a defender o o governo de Ian Smith, e enviaram mulheres e crianças para Moçambique e para a África do Sul, estando assim preparados para resistir à potência colonizadora.

Salazar não hesitou perante a possibilidade da abertura de novas frentes de guerra em Tete e em Manica e Sofala, fronteiras à Rodésia.
As ordens foram dadas às forças portuguesas com base na Beira, no sentido de impedir a todo o custo o desembarque de tropas inglesas. A bateria da costa, desactivada há mais de uma dezena de anos, foi reactivada, peças de artilharia móvel fora deslocadas para a a foz do Pungué e foram colocadas em locais estratégicos peças de artilharia antiaérea.

A cidade da Beira foi preparada para resistir a qualquer ataque dos ingleses, havendo mesmo treinos para protecção da população civil (lembro-me bem dos que foram feitos nos Maristas).

A frota inglesa entrou em água territoriais pensando que os portugueses não lhes fariam frente, quer por serem aliados, mas também porque as suas força eram manifestamente inferiores em poderio militar.

O envio de dois aviões T-6 Harvard, que dispararam rajadas de aviso para a água, à frente da esquadra inglesa, deu a perceber estabelecer uma testa-de-ponte para atacar a Rodésia, na Beira, não ia ser uma tarefa pacífica.

Meia dúzia de caças e uns poucos bombardeiros, todos da segunda guerra, não eram capazes de fazer frente a meia centena de caças-bombardeiros modernos, nem ao poder de fogo das fragatas da força naval, mas ficou claro que os portugueses iriam dificultar as intenções britânicas.


As pontes mais importantes, que ligavam a Beira à Rodésia foram armadilhadas, e havia ordens para as destruir em caso de desembarque inglês.

Continua no próximo post

Beira, estação de caminhos de ferro

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