sábado, maio 05, 2018

UMA QUESTÃO DE TÍTULOS


Em Portugal os títulos académicos são como as divisas na tropa, e há quem se julgue o melhor cromo da colecção apenas porque exibe um qualquer título académico, por mais manhoso que seja.

Passando à porta de uma escola pude ouvir da boca duma senhora, que os auxiliares da escola faziam greve para ter um fim-de-semana maior, como se ganhassem bem, e tivessem uma situação estável. Dois dedos de conversa e percebi que estava na presença duma economista duma multinacional, que estava nos quadros da empresa, ganhava 2.500 euros mensais, mais algumas mordomias.

Percebi que muita gente desconhece, ou finge desconhecer que há quem receba salários inferiores a 1.000 euros mensais, muitas vezes sem um vínculo real, outras vezes com horários infames, e com chefes que não merecem essa designação.

As escolas fecham por causa das greves dos auxiliares, os hospitais falham por causa dos auxiliares, os museus fecham por causa dos vigilantes e assim por diante. Os tais títulos afinal não têm assim tanta importância, especialmente se servirem apenas de penacho.  



2 comentários:

Pata Negra disse...

Estaremos sempre do lado daqueles que lutam por condições mais dignas de vida. Quem tem menos de mil euros mensais não tem condições dignas de vida. Quanto a doutores? Isso é outro assunto!
Um abraço sem títulos

Elvira Carvalho disse...

E há tantos milhares a ganharem menos de mil. Até menos de 700, quanto mais mil. E claro que estou a falar de trabalhadores, porque se incluir os reformados estamos conversados.
Um abraço e feliz dia