Em Portugal os títulos académicos
são como as divisas na tropa, e há quem se julgue o melhor cromo da colecção
apenas porque exibe um qualquer título académico, por mais manhoso que seja.
Passando à porta de uma escola
pude ouvir da boca duma senhora, que os auxiliares da escola faziam greve para
ter um fim-de-semana maior, como se ganhassem bem, e tivessem uma situação
estável. Dois dedos de conversa e percebi que estava na presença duma economista
duma multinacional, que estava nos quadros da empresa, ganhava 2.500 euros
mensais, mais algumas mordomias.
Percebi que muita gente
desconhece, ou finge desconhecer que há quem receba salários inferiores a 1.000
euros mensais, muitas vezes sem um vínculo real, outras vezes com horários
infames, e com chefes que não merecem essa designação.
As escolas fecham por causa das
greves dos auxiliares, os hospitais falham por causa dos auxiliares, os museus
fecham por causa dos vigilantes e assim por diante. Os tais títulos afinal não
têm assim tanta importância, especialmente se servirem apenas de penacho.