sexta-feira, julho 02, 2010

A EUROPA DOS GRANDES

Para os que defendem sem restrições o chamado mercado livre, ou melhor sem restrições, fica aqui o caso exemplar do negócio da Vivo. Ficou provado que o dinheiro fala mais alto do que qualquer outro valor.

Todos ouvimos uns senhores empresários, banqueiros e gestores nacionais falando da necessidade de manter em Portugal os centros de decisão das grandes empresas nacionais. Ouvimos também por alturas das privatizações das grandes empresas nacionais, que por acaso davam lucros ao Estado, que tudo ia ser feito de modo a que as empresas continuassem a ser maioritariamente portuguesas garantindo assim os interesses nacionais.

Nesta semana viu-se que acenando com uma mão cheia de notas o nacionalismo dos grande accionistas desapareceu como que por um passe de magia.

Não fiquei surpreendido com a reacção dos grandes accionistas, dos quais esperava isto mesmo, fiquei surpreendido com o facto, esse sim altamente preocupante, de nenhum deles ter revelado se tinha concertado com a Portugal Telecom, onde se iria investir o valor a pagar pela Vivo, de modo a esta continuar a ser uma empresa com a mesma projecção e valor.

Não. Este senhores estavam concertados em embolsar o seu quinhão e em colocar a massaroca a bom recato num qualquer paraíso fiscal, pois reinvestir é o que nem sequer lhes passou pela cabeça. Desta vez, e por mero acaso estou do lado do governo de Sócrates, só que não sei se ele está disposto a enfrentar a União Europeia depois do dia 8, relembrando que os governos da Espanha, da França, da Alemanha e da Itália fazem o mesmo pelas suas empresas, ainda que mais discretamente, embora às claras, sem que o tribunal lhes peça contas.

No caso da condenação por parte da UE, há sempre a ameaça da verdadeira bomba atómica, que é a da nacionalização da PT. Porque não? Afinal contra os grandes só se resiste falando grosso!



FOTOGRAFIA
By Kaushik Chatterjee

By Kaushik Chatterjee


CARTOON

2 comentários:

Anónimo disse...

Fogo de vista, caro Zé. Os tipos estão todos desejosos de vender, o problema é que sabe-se quanto vão abichar, e isso é o verdadeiro inconveniente. O interesse nacional é um eufemismo que significa apenas "como dar sumiço ao bagalhuço" sem dar demasiado nas vista e sem impostos.
Lol

AnarKa

Daniel Santos disse...

alguns não querem o Estado no Mercado, mas quando estão para cair é a ele que primeiro recorrem.