Recentemente o Banco de Portugal
identificou a falta de qualificações como um dos problemas que está a travar a
criação de emprego, ao mesmo tempo que os patrões se queixam da falta de
profissionais para preencher as vagas existentes em muitos sectores.
Identificar problemas é
relativamente fácil, já investigar as razões desses problemas e indicar
soluções para eles, parece não ser o forte dos patrões e do Banco de Portugal.
Durante muito tempo foi
relativamente fácil para o patronato esmagar os salários em Portugal, porque o
desemprego era muito alto e as pessoas lá se iam sujeitando ao que era
oferecido. A juventude que agora tinha maiores qualificações começou
naturalmente a procurar oportunidades além-fronteiras, e muitas empresas
estrangeiras vieram a Portugal recrutar mão-de-obra qualificada, oferecendo
salários e outras condições bem mais aliciantes.
Os empresários portugueses
espremeram os trabalhadores até ao tutano, sem pensarem que os seus
profissionais mais qualificados estavam naturalmente a envelhecer, que não
conseguiam transmitir os seus conhecimentos aos mais novos porque eles
trabalhavam 6 meses ou pouco mais e depois procuravam algo melhor. A situação
agravou-se não só por causa da sangria de jovens qualificados para o
estrangeiro, mas também porque são cada vez menos e mais velhos, os
trabalhadores qualificados e com experiência.
A formação nas empresas é uma
miragem, na generalidade dos casos, e com a oferta de salários miseráveis as
vagas ficam por preencher. Procurar preencher essas vagas com imigrantes não
tem resultado e não tem efeitos a médio prazo.
A degradação dos serviços é uma
realidade em quase todos os sectores, a qualidade dos nossos serviços e
produtos ressente-se e há empresas que já começaram a “roubar” trabalhadores de
outras com ofertas de maiores salários. Esta realidade começa a notar-se e é um
bom sinal, porque todos ficamos a ganhar, mas quem se atrasar vai acabar por se
afundar a médio prazo…