domingo, junho 05, 2016

MUSEUS, PRECARIEDADE LABORAL E SEGURANÇA



O que aconteceu nestes dias em França, onde as chuvas torrenciais causaram inundações sem precedentes, que puseram em causa o espólio de diversos museus de grande dimensão, e de bibliotecas nacionais, serviu para nos alertar para a realidade portuguesa de museus, palácios e monumentos com gestão pública e privada.


Como se sabe, e não é um exclusivo dos museus, antes é uma realidade de diversos sectores da nossa economia, a maioria dos “colaboradores” dos serviços têm relações laborais com as entidades empregadoras, que são na sua maioria, precárias pelas razões que se conhecem.


Nos museus, palácios e monumentos, estão guardadas memórias do nosso passado enquanto nação, enquanto civilização e enquanto povo com raízes ancestrais.


As consequências da precariedade dos empregos, e da nomeação de dirigentes que dependem da confiança política dos governos em funções, são inimigas da continuidade da acção, do funcionamento e divulgação dos conhecimentos, e sobretudo da segurança das colecções, dos visitantes e dos edifícios.


Sabemos que existe alguma sazonalidade no que respeita ao afluxo de visitantes, e que existe um período que podia, e devia, ser aproveitado para estágios de profissionais de turismo e de restauro, para estágios profissionais, que corresponderiam à época alta e aos períodos de férias dos funcionários dos museus, o que não seria um trabalho temporário, mas sim uma fase da formação, que era proveitosa para os museus e para as faculdades e para os estudantes, que assim tinham oportunidade de testar os seus conhecimentos no mundo real.


A realidade é muito diferente, e o que tem existido é o abuso do recurso aos Centros de Emprego, dando trabalho (mal remunerado) aos desempregados (mascarando as estatísticas), e a jovens com contratos a termo certo, ou contratos tarefa, com falsos recibos verdes, mantendo assim uma precariedade laboral que não garante nem a qualidade nem a segurança das colecções ou dos visitantes.


Outra realidade que é muito comum, infelizmente, é a falta de acções de formação dos funcionários dos museus, palácios e monumentos, especialmente em questões de segurança, de atendimento, e de conhecimentos gerais sobre as colecções que é suposto cuidarem.  

Nota: A colaboração dum amigo conhecedor desta problemática foi essencial para este post, que como sempre é assinado pelo Zé Povinho. 



Sem comentários: