Quando ouvia esta tarde uma senhora deputada do CDS dizer que a despenalização do aborto não tinha sido um avanço civilizacional, mostrando-se contra a interrupção voluntária da gravidez dentro dos prazos legais, fiquei a pensar que ainda há muita gente neste país que não conhece a realidade da miséria que infelizmente aumenta neste país.
O que faria a senhora deputada caso recebesse o salário mínimo nacional e tivesse o marido desempregado, e tivesse a azar de engravidar? É que a prevenção da gravidez existe, mas nem é infalível nem é seguida à risca por uma parte das mulheres desfavorecidas. Podia até invocar as razões religiosas, já que a senhora deputada é dum partido onde militam bastantes católicos, que seguem à risca (?) os ensinamentos da igreja.
Penso que o argumento mais apropriado é o que resulta da análise de uma notícia que divulga o facto de terem diminuído no primeiro semestre deste ano, pelo menos 4 mil nascimentos, relativamente ao ano anterior. As razões são óbvias, e resultam das medidas de austeridade impostas por este governo, onde pontua o CDS.
Não há ninguém, muito menos uma mãe, que possa sentir satisfação com um aborto, mas há bastantes circunstâncias que podem levar uma pessoa a tomar essa penosa decisão, e não serei eu que lhe atirarei a 1ª pedra. As alternativas são todas piores, quer seja o abandono puro e simples, quer seja o aborto clandestino.
O que seria para a senhora deputada um avanço civilizacional nesta matéria, com as condições actuais em que (mal) sobrevivem muitas famílias?
PINTURA
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2 comentários:
Bem sabes que o tema é melindroso, mas de facto enerva ver que há gente que não compreende como as dificuldades afectam as decisões das pessoas.
Bjos da Sílvia
Estão a abortar as pessoas dos seus direitos primordiais. Viver sem emprego e salários dignos é um "retrocesso civilizacional". As famílias são abortadas das suas dignidades, ficando a mercê de favores até para terem filhos. "Triste época" Alguém já disse isto!
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