Não costumo ver com assiduidade a notas soltas do António Vitorino, porque geralmente à segunda os meus horários não se compatibilizam com o programa, mas esta semana aconteceu que pude assistir aos seus comentários na televisão pública.
Sobre as convulsões no PSD disse o óbvio, e sobre o discurso de Cavaco Silva viu virtualidades que não consigo descortinar, mas também não me esforcei demasiado para as tentar perceber. O assunto que prendeu a minha atenção foi mesmo o da discussão das leis laborais, que ele abordou no final.
Eu não dou o benefício da dúvida ao António Vitorino, ele também o não merece por ser um cidadão com informação privilegiada e suficientemente inteligente para não precisar de benesses ou handicaps dessa natureza.
A propósito da flexibilização dos horários de trabalho, que ele considerou importantes ao nível da competitividade nacional, defendendo assim esta proposta, houve pelo menos um factor evidente sobre o qual nada disse, o que não me surpreende nada. Vejamos uma relação laboral como um contrato justo entre duas partes, em que o empregador valoriza o trabalho realizado pelo seu funcionário de acordo com o estabelecido legalmente para a função requerida. A determinada altura, e de acordo com esta proposta do governo, o horário é distendido num determinado período de tempo, satisfazendo as necessidades da entidade empregadora, que com isso vai naturalmente pretender obter alguns lucros, legítimos com toda a certeza, apesar dos inconvenientes que tal medida possam vir a acarretar ao seu funcionário, a nível familiar ou até de empenhamento e concentração para além do que estava estipulado normalmente.
É isto que está implícito na proposta, a que o funcionário dificilmente poderá negar o seu contributo nas condições actuais do mercado do trabalho, e perante o espectro da figura de inadaptação que também está prevista. Então estamos perante uma situação que vai proporcionar mais lucros ao empregador, e mesmo com os inconvenientes que acarreta ao trabalhador, não lhe proporciona qualquer aumento do rendimento do trabalho suplementar, pois será transformado em períodos de descanso à medida que isso for conveniente ao empregador.
O António Vitorino é inteligente, e não devia partir do princípio que os trabalhadores estão contra por pertencerem a um ou outro dos partidos à esquerda do PS, ou por estarem representados por este ou aquele sindicato. Estão contra porque esta medida apenas beneficia um dos lados das relações laborais, o patronato, e aos trabalhadores apenas cabe o sacrifício causados pela desregulação dos horários de trabalho.
Ao Estado exige-se a mediação nas relações laborais, não se admite que tome partido por um dos lados em prejuízo do outro, e o António Vitorino sabe-o muito bem.
Sobre as convulsões no PSD disse o óbvio, e sobre o discurso de Cavaco Silva viu virtualidades que não consigo descortinar, mas também não me esforcei demasiado para as tentar perceber. O assunto que prendeu a minha atenção foi mesmo o da discussão das leis laborais, que ele abordou no final.
Eu não dou o benefício da dúvida ao António Vitorino, ele também o não merece por ser um cidadão com informação privilegiada e suficientemente inteligente para não precisar de benesses ou handicaps dessa natureza.
A propósito da flexibilização dos horários de trabalho, que ele considerou importantes ao nível da competitividade nacional, defendendo assim esta proposta, houve pelo menos um factor evidente sobre o qual nada disse, o que não me surpreende nada. Vejamos uma relação laboral como um contrato justo entre duas partes, em que o empregador valoriza o trabalho realizado pelo seu funcionário de acordo com o estabelecido legalmente para a função requerida. A determinada altura, e de acordo com esta proposta do governo, o horário é distendido num determinado período de tempo, satisfazendo as necessidades da entidade empregadora, que com isso vai naturalmente pretender obter alguns lucros, legítimos com toda a certeza, apesar dos inconvenientes que tal medida possam vir a acarretar ao seu funcionário, a nível familiar ou até de empenhamento e concentração para além do que estava estipulado normalmente.
É isto que está implícito na proposta, a que o funcionário dificilmente poderá negar o seu contributo nas condições actuais do mercado do trabalho, e perante o espectro da figura de inadaptação que também está prevista. Então estamos perante uma situação que vai proporcionar mais lucros ao empregador, e mesmo com os inconvenientes que acarreta ao trabalhador, não lhe proporciona qualquer aumento do rendimento do trabalho suplementar, pois será transformado em períodos de descanso à medida que isso for conveniente ao empregador.
O António Vitorino é inteligente, e não devia partir do princípio que os trabalhadores estão contra por pertencerem a um ou outro dos partidos à esquerda do PS, ou por estarem representados por este ou aquele sindicato. Estão contra porque esta medida apenas beneficia um dos lados das relações laborais, o patronato, e aos trabalhadores apenas cabe o sacrifício causados pela desregulação dos horários de trabalho.
Ao Estado exige-se a mediação nas relações laborais, não se admite que tome partido por um dos lados em prejuízo do outro, e o António Vitorino sabe-o muito bem.
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FOTOGRAFIA
8 comentários:
Olá querido Amigo Zé, tambem não vejo o programa, não tenho horário disponível, mas vou-me mantendo atenta ao que se passa embora goste pouco de política...
Mas, adorei o teu texto e restante blogagem!
Meu querido, muitos beijinhos de carinho e ternura.
Fernandinha
Vitorino , por estas e outras, não é pessoa que muito me agrade!
Foi bom ouvir Grândola, no original.
Tudo de bom!
Zé, meu amigo,
Não te vou comentar hoje, a "coisa" está quase a bater no fundo... são dias. Mas vim ver-te, porque há dias que não visitava ninguém... Ler, vou lendo aos poucos, até porque deitada me custa escrever, mas ler é mais fácil.
Um grande abraço
Obrigado pela visita Zé, já dei uma resposta a tua pergunta, o fim é iminente, mas espero que vás também passando pelo portugalpix.
Desculpa não vir comentando, mas não tenho andado por blogs.
Cumps!
O Vitorino vai fazendo o seu trabalho, ele também tem ambições como o Marcelo...
Lol
AnarKa
Eu por acaso até estou disponível à hora do programa, o meu problema é outro: não consigo vê-lo!
Imagina Zé que nunca tinhas visto o Vitorino nem mais gordo nem mais magro, mostravam-te uma foto da criatura e perguntavam-te:
- Este senhor da foto é trabalhador ou é patrão?
Na resposta a esta questão residem as razões que o assistem, o resto é só paleio para entreter os eleitores do regime
Hoje falaste-me de um gajo - António Vitorino - que me causa irritação. Acho que ele simboliza além de outros comparsas de partido, tudo o que de pior surgiu na época do PS de Guterres. A época do aclamado diálogo e das obras faraónicas. A época de um Portugal de embuste!
Começo a estar farta dos comentadores..vitorinos, marcel rebelo, etc.
Bom feriado e espero que não trabalhes no dia do trabalhador :-)
Bjs
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